A visão é dos sentidos que mais engana. Sobretudo porque nos faz ter a sensação de que, se vemos, podemos estar seguros; dá-nos a aparência de que o mundo gira à nossa volta e de que somos o seu centro; dá-nos a sensação de sermos donos de tudo e de que tudo dominamos: se vemos, então acreditamos que existe.
Não é assim. Não somos o centro do mundo, e tantas vezes aquilo que vemos (ou que julgamos ver) são apenas sombras chinesas que quase juramos serem verdade, mas que não passam de projecções, para as quais alguém ou a simples realidade conduz os nossos olhos.
E tantas vezes o contrário é igualmente verdadeiro: não é pelo facto de não vermos que algo deixa de ser verdadeiro, de existir. Aliás, como dizia o Principezinho, de Saint-Exupéry, “o essencial é invisível aos olhos”: apenas o coração é capaz de ver aquilo que é importante.
Até porque os olhos vêem sobretudo o exterior. Vemos o que aparece. Mesmo das pessoas: o seu modo de vestir, de se comportarem, de reagirem. E as pessoas (todas as pessoas) são sempre muito mais que aquilo que delas conseguimos ver.
A Quaresma consiste também num convite a convertermos o nosso modo de ver. Aliás, isso é essencial no ser cristão: a fé convida-nos a ir mais longe que aquilo que os nossos olhos vêem, e não apenas nos ajuda a ver a realidade dum modo diferente como nos ajuda a ver para além das aparências e do que existe à superfície. Não que ganhemos um “sexto sentido”, mas tão simplesmente porque não vemos a partir dos nossos olhos mas através do olhar de Jesus – esse sim, capaz de penetrar os corações e o sentido da realidade.
É isso que, muitas vezes, dói: nós que queríamos tanto dizer que vimos e por isso julgamos e pronunciamos o nosso juízo e que, com os olhos de Jesus, somos levados a suspender esse olhar, esse juízo, essa palavra de condenação dos outros ou de nós mesmos, para dar espaço à misericórdia.
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