Desde Dezembro que o cheiro a pólvora voltou ao Sudão do Sul. Os combates entre tropas leais ao presidente e ao ex-vice-presidente já causaram milhares de mortos e quase 1 milhão de refugiados, e está a conduzir o país para uma catástrofe humanitária sem precedentes. O Arcebispo de Malakal pede-nos ajuda. Agora.
Dia 27 de Fevereiro, Toby Lanzer, coordenador humanitário das Nações Unidas para o Sudão do Sul, foi até ao hospital de Malakal. A visita impunha-se. Toda a região estava a ser martirizada por fortes combates, com notícias de aldeias completamente destruídas, a existência de valas comuns, assassinatos generalizados, violações, maus-tratos, tortura, desaparecimentos de pessoas. Desde Dezembro que é assim. Na altura, estalou um conflito entre o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir e o seu vice-presidente, Riek Machar que rapidamente se transformou numa verdadeira guerra civil, não poupando nada nem ninguém. Segundo estimativas das Nações Unidas, desde Dezembro que mais de 850 mil pessoas foram forçadas a fugir de suas casas, abandonando tudo. Agora, dependem exclusivamente de organizações não-governamentais que tentam, desesperadamente, evitar uma catástrofe humanitária. Ao todo, estima-se que cerca de 7 milhões de pessoas não têm, neste momento, como se alimentar.
Centenas de refugiados
Quando Toby Lanzer entrou no hospital de Malakal ficou estupefacto. Tal como o resto da cidade, o hospital não tinha ninguém. Estava vazio. Era um hospital fantasma numa cidade sem vivalma. Lá dentro, Lanzer só encontrou cadáveres. Os cadáveres de catorze pacientes que foram assassinados a tiro. Não havia mais nada. “É triste e indescritível testemunhar este tipo de situação e também é triste ver uma cidade, que era viva e movimentada, deserta e transformada numa cidade fantasma”, disse, chocado, este responsável das Nações Unidas.
Além do hospital, a delegação também visitou a Igreja do Cristo Rei, onde mais de 800 pessoas se tinham refugiado e aguardavam a transferência para a missão da ONU.
Desde Dezembro é assim. Na cidade de Bor, no estado de Jonglei, foram descobertas quatro enormes valas comuns. A notícia, por ali, já não impressiona ninguém. O mais jovem país do mundo está a caminho do precipício.
Diocese destruída
A cidade de Malakal está deserta. Todos fugiram com medo da violência, dos tiros disparados às cegas, dos ataques sanguinários às aldeias. Monsenhor Roko Taban Mousa é administrador apostólico da Diocese de Malakal. Na semana passada fez um telefonema desesperado para a Fundação AIS. “A diocese está vazia. Não há ninguém em Malakal. Todos fugiram para salvar as suas vidas. Perdemos tudo, tudo.”
Monsenhor Mousa falou-nos a partir da cidade de Juba. “Não temos documentos, nem veículos. Absolutamente nada”, acrescenta. “A diocese foi totalmente destruída. A maior parte das nossas igrejas e casas foram arrasadas e saqueadas. Mais de 30 mil casas estão agora em ruínas.” As suas palavras não escondem o desespero. “Esta devastação é superior ao que vivemos ao longo dos 21 anos de guerra civil. As pessoas estão a morrer à fome”, afirma, recordando o terrível conflito que viria a provocar a divisão do Sudão em dois países distintos, em 2011: o Sudão, a norte, maioritariamente muçulmano e o Sudão do Sul, em que o Cristianismo é a religião predominante.
“Rezem por nós”
Este novo conflito armado já provocou a morte a milhares de pessoas. Bor, Malakal e Bentiu são três cidades particularmente martirizadas. As ruas foram tomadas por homens armados. Depois dos tiros, as casas foram saqueadas. Nem as farmácias escaparam. Agora, falta tudo. Até água potável. Monsenhor Mousa pede-nos ajuda. Não para ele, mas para o seu povo. “Nós precisamos muito de atenção, solidariedade e amor. Estamos num estado miserável. Por favor, lembrem-se de nós nas vossas orações, rezem por nós.”
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