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A uma janela de Roma
Papa assinala 1º aniversário da eleição em retiro
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O habitual retiro de Quaresma do Papa com a Cúria romana está a decorrer numa localidade dos arredores de Roma. Na semana em que foi anunciada a visita de Francisco à Ásia, o Papa falou de tentações e encontrou-se com o clero romano. O Papa Emérito Bento XVI recordou João Paulo II como santo.

 

1. O Papa Francisco está esta semana em retiro, com os cardeais da Cúria romana, nos habituais exercícios espirituais da Quaresma que decorrem de 9 a 14 de março. Este ano, contrariamente ao que tem ocorrido em anos anteriores, o retiro decorre fora do Vaticano, em Albano Laziale, uma localidade dos arredores de Roma, com Francisco e os cardeais a deslocarem-se de autocarro. Os dias de oração e reflexão prolongaram-se até 14 de março, sexta-feira, com meditações do padre Angelo De Donatis, do clero de Roma. Desta forma, o Papa Francisco assinalou o primeiro aniversário da sua eleição, a 13 de março, em retiro.

 

2. O Papa vai visitar a Coreia do Sul, entre 14 e 18 de agosto, confirmou o Vaticano. Será a terceira viagem internacional de Francisco, depois do Rio de Janeiro, em julho do ano passado, e da visita marcada para a Terra Santa, de 24 a 26 do próximo mês de maio. A Coreia do Sul está em festa, com a perspetiva da visita de Francisco. “É uma verdadeira bênção para este país asiático”, disse o recém-nomeado cardeal Yeom Soo-Jung. O Arcebispo de Seul agradeceu publicamente ao Papa ter decidido fazer uma viagem tão longa para se encontrar com os coreanos e com os jovens de toda a Ásia. Esta viagem, relativamente curta, tem apenas duas etapas: a capital Seul e Daejeon, uma cidade no centro do país onde se realizará a VI Jornada Asiática da Juventude. Francisco vai participar neste encontro e aproveita esta histórica visita para beatificar 124 mártires coreanos assassinados por ódio à fé entre 1791 e 1888. Os detalhes do programa ainda não são oficiais, mas as agências locais referem que Francisco também vai celebrar uma missa pela paz e reconciliação na península coreana e no mundo inteiro. Com esta visita pastoral de agosto, será a terceira vez que um Papa visita a Coreia do Sul. João Paulo II foi lá duas vezes, em 1984 e 1989.

Recorde-se que a Igreja coreana, com pouco mais de 200 anos de história, tem um impressionante rol de milhares de mártires, mortos na época em que o cristianismo chegou à península. Atualmente, a Coreia do Sul é o quinto país da Ásia com o maior número de católicos praticantes – ronda os 5 milhões e meio – enquanto na Coreia do Norte não há registo de cristãos – sabe-se apenas que o cristianismo é proibido e fortemente perseguido.

 

3. O Papa considera que os cristãos devem resistir às tentações do poder e da mentalidade mundana. “O Senhor recorda-nos que nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. E isto dá-nos força, ajuda-nos na luta contra a mentalidade mundana, que abaixa o homem ao nível das necessidades primárias, fazendo-o perder a fome daquilo que é verdadeiro, bom e belo; a fome de Deus e do seu amor”, afirmou Francisco, na Praça de São Pedro, durante a oração dos Angelus. “Devemos desfazer-nos dos ídolos, das coisas vãs e construir a nossa vida sobre o essencial”, concluiu o Papa. Neste I Domingo da Quaresma, Francisco pediu ainda que este tempo litúrgico de preparação para a Páscoa seja uma “ocasião propícia” para fazer um “caminho de conversão”.

 

4. O Papa Francisco voltou a dirigir-se aos padres para lhes pedir para estarem mais próximos das pessoas. No habitual encontro da Quaresma com o clero de Roma, que teve lugar na quinta-feira da semana passada, dia 6, no Vaticano, o Papa mostrou-se tão provocador como paternal, numa conversa repleta de avisos e de conselhos. Francisco mostrou-se bem-disposto e falou sobretudo de misericórdia, garantindo que não quer dar “tareia” nos padres, mas sim ajudá-los, com ternura, a curar as feridas das pessoas. “Os padres, permitam-me a expressão, ‘assépticos’, os de laboratório, todos limpos e belos, não ajudam a Igreja”, afirmou.

Para ilustrar a sua visão do que devia ser a Igreja, o Papa voltou a usar a imagem do hospital de campanha, que evocou na entrevista concedida a uma revista de Jesuítas, o ano passado: “Devemos pensar a Igreja de hoje como um hospital de campanha (desculpem, repeti-lo, mas é assim que o vejo e sinto). É preciso curar as feridas – e há tantas feridas – dos problemas materiais, dos escândalos, também na Igreja, gente ferida pelas ilusões do mundo. Nós, os padres, temos de estar aí, junto das pessoas”. Neste encontro, Francisco falou também de misericórdia. “Misericórdia significa, antes de mais, curar as feridas. Quando alguém está ferido, precisa sobretudo disto, não de análises. E a vós, queridos colegas, pergunto: conheceis as feridas dos vossos paroquianos? Estais próximos deles?”, questionou.

O Papa Francisco confrontou, diretamente, os padres presentes com perguntas pessoais: “Diz-me, tu choras? Ou perdemos as lágrimas? Quantos de nós choramos perante o sofrimento de uma criança, a destruição de uma família? Choras pelo teu povo? Diz-me, tu fazes oração de intercessão diante do sacrário? Lutas com o Senhor pelo teu povo? E faço-te outra pergunta: à noite, como acabas o teu dia? Com o Senhor, ou com a televisão?”.

 

5. O Papa Emérito Bento XVI concedeu a sua primeira entrevista após ter renunciado ao pontificado, em fevereiro de 2013, para recordar o seu predecessor, João Paulo II, que vai ser canonizado a 27 de abril próximo. Bento XVI recorda ter dito ao Papa polaco que tinha de “descansar”, ao que este lhe respondia que o podia fazer “no Céu”, para sublinhar a necessidade de entender a vida de Karol Wojtyla a partir da sua relação com Deus. “Só a partir da sua relação com Deus é possível perceber o seu incansável empenho pastoral. Deu-se com uma radicalidade que não pode ser explicada de outra forma. Tornou-se para mim cada vez mais claro que João Paulo II era um santo”, revelou Bento XVI, que beatificou o seu predecessor, a 1 de maio de 2011, após ter dispensado o período canónico de cinco anos de espera após a morte para iniciar o processo de canonização.

A entrevista vai ser publicada num livro intitulado ‘Ao lado de João Paulo II’, por ocasião da cerimónia de canonização, marcada para o Vaticano. As perguntas foram enviadas por um jornalista polaco e respondidas por escrito em janeiro de 2014. A tradução para italiano foi pessoalmente aprovada por Bento XVI. “Estou certo de que ainda hoje a sua bondade me acompanha e a sua bênção me protege”, concluiu.

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