23.02.2014
A uma janela de Roma
“Rezo pelas vítimas da violência na Ucrânia”
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O Papa Francisco pediu o fim dos confrontos na Ucrânia. Na semana em que o Papa e os cardeais decidem o futuro do Banco do Vaticano, Francisco pediu para não se falar mal dos outros, encontrou-se com 30 mil casais de namorados e falou do educador nas escolas católicas.
1. O Papa Francisco fez um apelo para a paz na Ucrânia, pedindo que cessem os confrontos que provocaram dezenas de mortos, e assegurou a sua solidariedade e oração pelas vítimas. “Convido todas as partes a cessar qualquer ação violenta e a procurar a concórdia e a paz do país. Com o espírito preocupado, acompanho quanto está a acontecer por estes dias em Kiev. Asseguro a minha proximidade ao povo ucraniano e rezo pelas vítimas da violência, pelos seus familiares e pelos feridos”, salientou o Papa, durante a audiência pública semanal, que decorreu na Praça de São Pedro. Pelo menos 25 pessoas morreram entre terça e quarta-feira devido aos confrontos entre polícia e manifestantes durante a noite na Praça da Independência, na sequência de uma crise política na Ucrânia que desde finais de novembro levou milhares de pessoas às ruas para protestar contra a decisão do presidente Viktor Ianukovitch de suspender a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia.
Durante a audiência-geral de quarta-feira, o Papa Francisco falou também sobre a confissão. “Não basta pedir perdão ao Senhor na própria mente e no coração, mas é necessário confessar humildemente e com confiança os próprios pecados ao ministro da Igreja. Uma pessoa pode dizer ‘Tenho vergonha…’, mas a vergonha é boa, porque envergonhar-se é saudável, faz-nos mais humildes. Não tenham medo da confissão! Uma pessoa, quando está na fila para se confessar, sente todas estas coisas e também vergonha, mas depois, quando termina a confissão, sai livre, grande, belo, perdoado, feliz! Eu gostava de perguntar: quando foi a última vez que te confessaste?... Há dois dias? Duas semanas? Dois anos, vinte anos, quarenta anos?... Cada um faça as contas e se já passou muito tempo, não percam mais um dia… Vai, que o sacerdote será bom. É Jesus que está lá e Jesus é melhor que os padres, Jesus recebe-te com tanto amor… Sê corajoso e vai à Confissão!”, desafiou o Papa.
2. O Papa Francisco e o conselho de oito cardeais consultores analisam por estes dias o futuro do Banco do Vaticano. Durante a tarde de terça-feira, os oito cardeais ouviram a comissão responsável pela reforma do Instituto das Obras Religiosas (IOR), como é formalmente conhecido o banco, que nos últimos anos se viu envolvido em acusações de lavagem de dinheiro. Segundo o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi, o Papa ainda não decidiu qual vai ser o futuro do IOR. Para já quis ouvir o parecer da comissão, com a ajuda do parecer dos cardeais.
Quinta e sexta-feira decorre o consistório extraordinário sobre o tema da família, com a presença de cardeais do mundo inteiro, que culmina neste fim-de-semana com a nomeação de novos cardeais.
3. O Papa Francisco pediu, no Angelus do passado Domingo, para os cristãos não falarem mal dos outros, lembrando que as palavras também podem matar. “Jesus recorda-nos que as palavras também podem matar. Quando se diz que uma pessoa tem língua de víbora, o que é que isso quer dizer? Que as suas palavras matam”, alertou Francisco. “Não só não podemos atentar contra a vida do próximo, como também não podemos despejar sobre ele o veneno da ira e atingi-lo com a calúnia”, sublinhou o Papa, assegurando: “Digo-vos a verdade: estou convencido de que, se cada um de nós fizesse o propósito de evitar dizer mal dos outros, acabaria por ser santo”.
Ainda neste dia 16 de fevereiro, durante a tarde, Francisco visitou a paróquia do Apóstolo São Tomé, numa visita pastoral do Bispo de Roma que visava assinalar os 50 anos de fundação da paróquia e da inauguração da igreja paroquial. Às crianças, o Papa deixou um segredo. “Vou dizer-vos um segredo para amar Jesus. Escutai bem: para amar Jesus, é preciso deixar-se amar por Ele. Percebestes? É Ele que faz o trabalho, não somos nós. É Ele o primeiro a amar-nos!”, garantiu, na Missa celebrada nesta paróquia da zona sul de Roma.
4. No chamado Dia dos Namorados, a 14 de fevereiro, o Papa Francisco recebeu no Vaticano 30 mil casais de 30 países diferentes. Durante a cerimónia, três casais colocaram dúvidas ao Papa sobre o matrimónio. “Sabemos todos que não existe a família perfeita, o marido perfeito, ou a mulher perfeita - não falamos da sogra perfeita! É habitual os casais zangarem-se...às vezes voa um prato! Mas, por favor, lembrem-se disto: não acabem o dia sem fazer as pazes! Nunca, nunca! Este é um segredo para conservar o amor”.
Francisco pediu aos noivos que rejeitem a “cultura do provisório”, e que não tenham medo do compromisso que o casamento cristão implica, porque o matrimónio é um “caminho de todos os dias”, que tem de ser feito a dois: “Viver juntos é uma arte, um caminho paciente, belo e fascinante. Não acaba quando se conquistaram um ao outro, mas é aí mesmo que começa. Este é um caminho de cada dia, que tem regras que se podem resumir em três palavras, que repito tantas vezes às famílias: ‘Posso?’, ‘Obrigado’ e ‘Desculpa’”.
À pergunta ‘Como deve ser celebrado o casamento?’, o Papa aconselhou sobriedade porque o mais importante não são os sinais exteriores: “É bom que o vosso casamento seja sóbrio, e faça realçar o que é verdadeiramente importante. Alguns estão mais preocupados com os sinais exteriores, o banquete, as fotografias, o vestido e as flores… São coisas importantes numa festa, mas só se forem capazes de indicar o verdadeiro motivo da vossa alegria: a bênção do Senhor ao vosso amor”.
5. Ao receber em audiência os participantes na Assembleia Plenária da Congregação para a Educação Católica, o Papa sublinhou que “a educação católica é um dos mais importantes desafios da Igreja” e lembrou o papel do educador na escola católica. “O educador nas escolas católicas há-de ser muito competente, qualificado, e ao mesmo tempo rico em humanidade, capaz de estar no meio dos jovens num estilo pedagógico, para promover o seu crescimento humano e espiritual. Os jovens têm necessidade de qualidade no ensino e ao mesmo tempo de valores, não só enunciados, mas testemunhados. A coerência é um fator indispensável na educação dos jovens”, assegurou o Papa Francisco.
Aura Miguel, à conversa com Diogo Paiva Brandão