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O medo do futuro nas palavras do Arcebispo de Damasco
“Vivemos numa tempestade”
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D. Samir Nassar esteve em Portugal e consagrou o povo Sírio a Nossa Senhora de Fátima. Pediu as nossas orações pela paz, mas não disfarçou o enorme receio pelos tempos apocalípticos que se vivem no Médio Oriente.

 

“Cheguei a Damasco em 2006, havia um milhão de iraquianos em Damasco, enchiam as nossas igrejas, as nossas escolas. Os cristãos sírios ouviam os iraquianos: ‘Hoje somos nós, amanhã serão vocês’. Eu não acreditava nisso, mas eles tinham uma intuição.” Uma intuição que, infelizmente, o tempo se encarregou de confirmar.
D. Samir Nassar, Arcebispo Maronita de Damasco, esteve a semana passada em Portugal a convite da Fundação AIS. Deu uma conferência na Universidade Católica de Lisboa, diversas entrevistas a jornais, rádios e televisões, participou numa vigília de oração pela paz na Síria e Médio Oriente, nos Jerónimos, e foi à Capelinha das Aparições, de propósito, para consagrar o povo Sírio a Nossa Senhora de Fátima.

 

Se a guerra continuar…

Em todas as ocasiões falou da necessidade de haver paz, pediu as nossas orações pelo fim da guerra civil que está a destruir por completo o seu país, mas não disfarçou o enorme receio de que se esteja a viver o fim de uma era. “Se a guerra continuar”, disse, mais de uma vez, “pode ser o fim dos Cristãos no Oriente”. E falou em cidades mortas, centenas de localidades históricas que estão abandonadas, que se transformaram em cidades-fantasma, em escombros. “Um dia vai ser assim, vamos passear pelo país e dizer: ‘ali havia Cristãos’”.

 

As lágrimas dos Cristãos

As palavras de D. Samir estiveram sempre envoltas em lágrimas. Há uma estatística perversa em todas as guerras e que choca, pelo seu horror, quando se olha para a Síria. Dois anos e meio de guerra civil; mais de 125 mil mortos; cerca de 7 milhões de pessoas afectadas; 3 milhões de refugiados nos países da região, dos quais, cerca de metade são jovens e crianças; 4,25 milhões de deslocados no próprio país. A ONU já classificou este conflito como tendo causado a “pior crise humanitária nos últimos 20 anos”.
D. Samir trouxe-nos as lágrimas dos Cristãos sírios, obrigados a fugir do país.
De novo a intuição que ouviu há alguns anos e que parece estar a confirmar-se. “Ontem foi a igreja do Iraque, hoje é a igreja da Síria e amanhã será a igreja do Líbano. Se a igreja do Líbano desaparece é o fim dos cristãos no Oriente. É a igreja do Líbano que suporta todas as outras, nós nem temos seminários. Se esta guerra chega ao Líbano acaba a igreja no Médio Oriente.”



Violência descontrolada

Estas palavras sublinham o alerta do Papa Francisco, quando disse que não nos podemos resignar “a pensar num Médio Oriente sem Cristãos, que há dois mil anos confessam o nome de Jesus”.
O drama é que, todos os dias, há sinais de uma violência cada vez mais descontrolada, que apanha os Cristãos no meio de batalhas incompreensíveis que provocam uma destruição absurda.
Hoje, os sírios são obrigados a fugir de suas casas, dos seus bairros, das suas cidades. Fogem e, muitas vezes, não têm quem os acolha. Ser refugiado no Médio Oriente, nos dias de hoje, “é muito duro”.
Os que ousam ficar, arriscam a própria vida. Há bombas, carros armadilhados, snipers, raptos. “Os cristãos que ficam são verdadeiros heróis. Por isso, precisamos do vosso apoio, das vossas preces”, pediu o Arcebispo Maronita de Damasco.

 

“Peço muito a vossa oração”

“Vivemos numa tempestade”, disse D. Samir Nassar. Mas é preciso acreditar que há sempre um caminho que contraria a lógica da guerra. Esse caminho justificou a visita a Portugal: “Vim consagrar o povo da Síria a Nossa Senhora de Fátima e solicitar as vossas orações pela paz: pela paz na Síria e pela paz no mundo inteiro. “Somos peregrinos nesta terra para o reino de Deus. Nunca devemos esquecer isso. Peço muito a vossa oração pela paz do povo da Síria”.

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www.fundacao-ais.pt | 217 544 000

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texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
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