“Ser de Deus, para ser finalmente de todos” e “‘revesti-vos do Senhor Jesus Cristo’”, foram duas ideias chave que o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, deixou aos seis novos diáconos ordenados no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, no passado dia 1 de dezembro, I Domingo do Advento.

Apesar do frio que se fazia sentir na cidade de Lisboa, o ambiente no Mosteiro dos Jerónimos aqueceu pelo calor humano e espiritual vivido a partir da alegria manifestada com a celebração da ordenação de cinco diáconos com vista ao presbiterado e um na condição de permanente (ver caixa). Como já vem sendo hábito no Patriarcado de Lisboa, no I Domingo do Advento é celebrado o sacramento da Ordem, um sacramento que, recorda o Patriarca de Lisboa, deixa marcas nos ministros ordenados. “O sacramento há-de marcar fortemente tudo quanto fizerdes, ativando o serviço de Cristo ao mundo através do seu corpo eclesial, que vós mesmos estimulareis nesse sentido”, frisou D. Manuel Clemente na homilia que proferiu.

Ser de Deus

Justificando a afirmação “ser de Deus, para ser finalmente de todos”, D. Manuel Clemente aponta a Bíblia Sagrada como uma “repetida e insistente vocação”, e refere que esta “exige de cada um” uma “perfeita e constante disponibilidade para ‘deixar tudo’ o que nos amarre aonde tão facilmente nos distraímos do que mais importa”. “Distraímos e retardamos, apossando-nos do que deveríamos partilhar, como quem se entreajuda num caminho que havemos de trilhar em conjunto e com a bagagem indispensável apenas”, sublinha, apelando, ainda, a uma atitude de conversão. “Mal seria, muito mal seria, que desejássemos uma sociedade mais justa e mais capaz, mas sem nos convertermos realmente ao bem comum de todos, que só assim será de cada um”. “Os primeiros cristãos, que tanto esperavam o Advento do seu Senhor, traduziam essa expectativa num grande desprendimento de quanto os distraísse dela. E assim mesmo tudo chegava para todos”, observa, garantindo que este “será um quadro ideal, mas tanto mais real quanto mais vivermos em Advento”.

Viver em estado permanente de missão

Dirigindo-se de modo “especial” aos ordinandos, o Patriarca de Lisboa lembrou que, como faz parte do rito de ordenação, estes iriam receber “solenemente” o Evangelho, que “tanto distingue o ministério diaconal”. Mas, para além do Evangelho, têm agora “a empolgante exortação apostólica do Papa Francisco”, da qual destacou a apresentação, por parte do Papa, do objectivo pretendido com este documento. “Sublinho que aquilo que pretendo deixar expresso aqui, possui um significado programático e tem consequências importantes. Espero que todas as comunidades se esforcem por usar os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma ‘simples administração’. Constituamo-nos em ‘estado permanente de missão’, em todas as regiões da Terra”, referiu D. Manuel Clemente, citando a Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’.

Urgência de uma Igreja mais dinâmica

Confiando que este desejo manifestado pelo Papa Francisco “assim acontecerá entre nós” também com o “concurso” dos novos diáconos, D. Manuel Clemente recorda que, em abril último, o Episcopado português na Nota Pastoral ‘Promover a renovação pastoral da Igreja em Portugal’ tinha, entre outros objectivos, manifestado a “urgência” de “uma Igreja mais dinâmica e participativa, discipular e missionária, próxima e acolhedora, ao estilo de Jesus, Bom Pastor”. Uma Igreja, observa o referido documento da Conferência Episcopal Portuguesa, “que busque sempre o empenhamento e a participação de todos, sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos, para juntos auscultarmos e seguirmos os rumos que Deus nos quiser indicar”. Neste sentido, o Patriarca de Lisboa garante: “Assim faremos, decerto! Como vos disse, logo ao entrar na Diocese, ‘o mundo, este nosso mundo de hoje em dia, precisa urgentemente de comunidades de acolhimento e missão’”.

Sinal de Advento

Para fazer face a esta necessidade, D. Manuel Clemente deixa aos novos diáconos algumas ‘receitas’: “Sede, pois, pela vossa resposta atenta a todas as necessidades dos outros, um sinal expressivo daquele Senhor que vem e já está entre nós «como quem serve» (Lc 22, 27). Sinal de Advento garantido, pois assim o diz também: «Felizes aqueles servos a quem o senhor, quando vier encontrar vigilantes! Em verdade vos digo: Vai cingir-se, mandará que se ponham à mesa e há-de servi-los» (Lc 12, 37)”.

D. Manuel Clemente, que neste I Domingo do Advento presidiu à primeira celebração de ordenações como Patriarca de Lisboa, assinalou, ainda, que a diaconia eclesial “é o sinal mais oportuno e expressivo do Advento de Cristo”. E explicou: “Assim cumprireis na vossa parte a formidável exortação que foi dirigida às primeiras comunidades cristãs: ‘Como deve ser santa a vossa vida e a vossa piedade, enquanto esperais e apressais a chegada do dia de Deus!’”, observou, citando o texto bíblico extraído da Segunda Carta de São Pedro. “É este o Advento que esperais e apressais – e convosco nós todos, no tempo de agora: Cristo que chega, onde a Igreja serve!”, concluiu.

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Diácono Manuel André Charumbo

(Aluno do Seminário Redemptoris Mater)

Batizado na paróquia de São Joaquim, Diocese de Luanda, Angola

Idade: 37 anos

Diácono Bernard Molo Obiero

(Instituto Missionário da Consolata)

Batizado em parish Holy Cross – Diocese de Kisumo, Quénia

Idade: 30 anos

Diácono David Manuel Martins Mieiro

(Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus - Dehonianos)

Batizado na igreja paroquial de São Miguel de Baltar, Diocese do Porto

Idade: 29 anos

Diácono Permanente: Carlos Manuel Ferreira de Sousa Borges

Batizado na paróquia do Divino Salvador de Fânzeres, Gondomar, Porto

Proposto ao Diaconado Permanente pela paróquia de São Pedro de Barcarena

Idade: 62 anos 

Diácono Samuel Joseph Pulikal

(Aluno do Seminário dos Olivais)

Batizado na paróquia da Sagrada Família de Nazaré, Diocese de Cochim, Índia

Idade: 28 anos

Diácono Francisco Miguel Simas Simões

(Aluno do Seminário Redemptoris Mater)

Batizado na paróquia do Espírito Santo, Diocese de Évora

Idade: 30 anos