01.12.2013
Celebração evocativa dos 80 anos da fome na Ucrânia
“Em Jesus Cristo a memória torna-se ação de graças”
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Numa celebração evocativa dos 80 anos da fome na Ucrânia, o Patriarca de Lisboa disse estar “certo e seguro” de que “no meio do sofrimento horrível que foi infligido ao povo ucraniano” houve “muita alma cristã que soube viver aquelas horas indescritíveis como Cristo viveu a hora da Cruz”.
A Missa de comemoração do 80º aniversário da Grande Fome na Ucrânia de 1932-1933, conhecida como Holodomor e que causou a morte de 7 milhões de ucranianos, decorreu no Mosteiro dos Jerónimos, no passado dia 23 de novembro, com o Patriarca de Lisboa a explicar, no início da sua homilia, o sentido da celebração. “Reunimo-nos aqui, nesta Igreja de nós todos, tão ampla como a nossa esperança, e com os nossos irmãos da Ucrânia estamos a lembrar, cristãmente, em Deus, as vítimas da grande fome dessa mortandade horrível que se abateu sobre o povo há tantos anos, mas como se fosse agora, porque a memória não passa”. Para D. Manuel Clemente, aquela era uma celebração de memória. “Lembrando esta tragédia sem nome, que ultrapassa tudo aquilo que seria admissível conjeturar, nós lembramos também tudo aquilo que, infelizmente, a humanidade de alguns pode fazer à humanidade de tantos”. Depois, lembrou que a humanidade foi assumida por Deus. “Nós somos cristãos, ou seja, esta humanidade que transportamos e que sofremos por nós e pelos outros, esta humanidade que por vezes preferiríamos não ter, que tão má e tão péssima se pode revelar, esta humanidade, tão frágil e tão contraditória, foi assumida pelo próprio Deus em Cristo”.
A vitória de Deus
No meio do Genocídio Ucraniano ou Holocausto Ucraniano, como também por vezes é designado, Deus fez-se presente, assegurou o Patriarca. “Em Jesus Cristo a memória torna-se ação de graças, porque não nos deixa sós, nunca! E eu estou certo e seguro que no meio do sofrimento horrível que foi infligido ao povo ucraniano, e hoje lembramos, houve muita alma cristã que soube viver aquelas horas indescritíveis como Cristo viveu a hora da Cruz. Esta memória e recordação das coisas, mesmo daquelas que nós preferiríamos não guardar, acaba por ser salutar, porque é da vitória de Deus que se trata, é a esperança do mundo que se garante, é o futuro que começa onde parecia já não haver presente”.
Na sua homilia, D. Manuel Clemente recordou ainda que “no nosso mundo, há muitíssimas situações que não deviam existir, até por esta memória que guardamos desse e doutros tremendos flagelos”. “Precisamos de guardar a memória para que tais coisas não se repitam e onde existem, acabem; e sobretudo esta memória cristã de nos garantirmos com Cristo em Deus, para que o mundo respire e para que a esperança se alimente da vitória certa de Cristo, também nos cristãos, sobre a morte”, referiu.
texto e foto por Diogo Paiva Brandão