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Síria: Massacre de Sadad revela tragédia imensa dos Cristãos
O impossível esquecimento
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A cidade de Sadad foi palco de um dos mais violentos ataques contra a comunidade cristã na Síria. O Arcebispo Alnemeh classificou-o mesmo como sendo um “massacre”. Todos os dias chegam até nós notícias de violência, morte, perseguição. Não é possível ignorar mais o sofrimento dos Cristãos neste país. Sadad ficou como uma memória. Um monumento à perseguição aos Cristãos.

 

A violência da guerra civil que tem vindo a assolar a Síria é dantesca. Basta olhar de relance para algumas imagens que nos chegam de cidades esventradas pelas bombas para se perceber o alcance da demência.

No meio do conflito que opõe uma coligação de forças rebeldes e o exército leal ao regime de al-Assad, estão os Cristãos. Nem amados nem protegidos, olhados sim com indiferença ou ódio, os Cristãos estão como que encurralados nesta batalha sem regras, neste conflito em que não se imagina o fim.

O ataque à cidade de Sadad foi de tal forma violento que o Arcebispo Selwanos Boutros Alnemeh, Metropolita sírio-ortodoxo de Homs e Hamas, classificou-o como sendo “o mais grave e amplo massacre de cristãos registado na Síria em dois anos e meio”.

 

Dias de terror

Quando há uma troca de tiros, recorrendo-se mesmo a armamento pesado, como o que aconteceu naqueles dias em Sadad, todos os balanços que se possam fazer são sempre provisórios. Há feridos que acabam por sucumbir, há desaparecidos que nunca serão encontrados com vida, há pessoas que jamais irão recuperar uma vida normal, que nunca mais deixarão de ter lágrimas a obscurecer o seu olhar. Há pessoas que nunca mais voltarão a ser as mesmas.

Naqueles dias, ainda os tiros enchiam de pólvora as ruas e ensurdeciam as pessoas e já se contavam 45 civis mortos, incluindo mulheres e crianças, cujos corpos foram lançados para valas comuns, além de dezenas de feridos e desaparecidos. Os que sobreviveram ao terror dos combates, “foram ameaçados e estão aterrorizados”, explicou o Arcebispo quando relatou ao mundo a tragédia de Sadad no final de Outubro.

Neste balanço, porém, não se contabiliza o medo. Durante vários dias, cerca de 1.500 famílias estiveram reféns dos grupos rebeldes.

 

Memória da tragédia

Crianças, idosos, mulheres… Os rebeldes não se inquietaram com as escolhas. Todos serviam para aquele fim: era preciso uma barreira, um escudo humano, e eles serviam perfeitamente para isso. Muitos outros, no entanto, conseguiram fugir e deixaram tudo para trás. Não havia tempo a perder.

D. Selwanos Boutros Alnemeh faz também o retrato da desolação que se seguiu aos combates. “Todas as casas de Sadad foram roubadas e as propriedades saqueadas”. Como se isto não bastasse, “as igrejas foram danificadas e profanadas” e em muitas paredes “foram escritas frases contra o Cristianismo”.

Os rebentamentos de bombas, os disparos, destruíram escolas, o hospital, clínicas. “Muitas casas não poderão ser reconstruídas”, explicou, o Arcebispo.

Sadad ficou como uma memória. Um monumento à perseguição aos Cristãos. Na cidade ainda está viva a língua aramaica, a língua de Jesus. Agora, depois dos combates, há menos pessoas a falarem-na nas ruas. No total, a população de Sadad rondava as 15 mil pessoas. É, apesar de tudo, uma cidade que espelha bem o legado cristão: tem (tinha?) catorze igrejas e um mosteiro.

 

Pedidos de ajuda

Na Síria, actualmente, todos os dias são tempo de angústia. Nunca se sabe como vai ser a hora seguinte, quanto mais o dia de amanhã. Tudo é frágil, precário.

Quando Sadad estava sob a mira dos soldados e dos rebeldes, o Arcebispo Selwanos Boutros Alnemeh pediu ajuda mas não teve resposta. As suas palavras dirigem-se a todos nós, sem excepção. “Gritámos pedindo socorro ao mundo mas ninguém nos ouviu. Onde está a consciência humana? Onde estão os meus irmãos? Penso em todas as pessoas que sofrem hoje. Tenho um nó na garganta e o meu coração chora por causa do que aconteceu na minha arquidiocese. Qual será o nosso futuro?”

Da Síria, e não apenas de Sadad, chegam-nos outras histórias trágicas, outras pessoas pedem ajuda, outras crianças, mulheres e idosos são feitos reféns num outro qualquer combate pela posse de uma cidade, de um bairro, de uma rua.

Da Síria chegam-nos todos os dias pedidos de ajuda. O Arcebispo Boutros Alnemeh fez-nos um pedido especial que todos podem cumprir. Não custa dinheiro, não obriga a viagens, nem à recolha de fundos. Nada. Apenas nos pediu as nossas orações. Só isso.

 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt | 217 544 000

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