10.11.2013
A uma janela de Roma
Como as famílias compreendem os ensinamentos da Igreja?
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O Vaticano explicou o objetivo das perguntas que constam do documento preparatório para o Sínodo da Família. Na semana em que se pronunciou sobre os sacramentos, o Papa Francisco falou também de perdão e recordou os cristãos perseguidos. O Vaticano anunciou a criação de novos cardeais e já é conhecida a data da JMJ em Cracóvia, em 2016.
1. O relator-geral do Sínodo da Família, cardeal Péter Erdö, esclareceu que as perguntas que constam do documento preparatório para o sínodo, a realizar em outubro de 2014, visam avaliar até que ponto as famílias compreendem os ensinamentos da Igreja neste campo. As perguntas, prática normal antes de um sínodo, têm sido apelidadas de questionário por alguns órgãos de imprensa, mas este responsável esclareceu que não se trata de um “plebiscito” sobre a doutrina da Igreja. Numa conferência de imprensa na manhã da passada terça-feira, em Roma, o cardeal Erdö fez-se acompanhar pelo arcebispo Lorenzo Baldisseri, que vai secretariar o sínodo, e explicou que as respostas às perguntas, que foram enviadas a cada diocese, serão sintetizadas e refletidas no documento de trabalho do sínodo.
Cada Conferência Episcopal decidirá como obter as respostas. Os bispos portugueses deverão decidir as linhas de ação durante este mês, provavelmente durante a Assembleia Plenária da CEP, que decorre de 11 a 14 de novembro. Os bispos de Inglaterra e País de Gales, por exemplo, colocaram as questões online e convidam quem quiser a responder.
Neste encontro com jornalistas foi sublinhado que um sínodo é uma reunião de bispos e o arcebispo Baldisseri confirmou que apenas bispos terão voto no Sínodo da Família. No entanto, disse também que haverá pessoas casadas a participar como peritos e observadores, pelo que as famílias também estarão representadas. Monsenhor Baldisseri explicou ainda que o Papa Francisco quer que este sínodo seja um verdadeiro instrumento de colegialidade com os bispos.
2. O Papa garantiu que ninguém deve ter medo de se confessar e comungar. “A graça dos sacramentos alimenta em nós uma fé forte e alegre, uma fé que se deixa surpreender com as maravilhas de Deus e nos ajuda a resistir aos ídolos do mundo. Por isto é importante comungar, as crianças serem batizadas cedo e serem crismadas. Porquê? Porque esta é a presença de Cristo em nós, que nos ajuda. É importante, quando nos sentimos pecadores, procurarmos o sacramento da reconciliação”, afirmou Francisco, durante a audiência-geral de quarta-feira, no Vaticano. O Papa referiu, então, com as justificações muitas vezes apresentadas pelas pessoas que evitam confessar-se: “‘Ah, não! Tenho medo, porque o padre vai-me dar na cabeça!’ Não, não fará isso. Jesus perdoa-te. É Jesus que te espera ali, no sacramento da confissão. É por isso que é um sacramento, é isto que faz crescer a Igreja”, assegurou.
O Papa Francisco falou também da caridade que deve mover todos os cristãos, e que não deve ser uma caridade “egoísta”, porque “a caridade sem amor não serve a Igreja”. Francisco lembrou ainda que os carismas de cada um “são dons dados pelo Espírito Santo”, que não devem ser desprezados nem usados para “benefício próprio”, mas sim serem postos “ao serviço dos outros irmãos”, ao serviço da comunidade.
Na audiência desta semana, o Santo Padre aproveitou ainda para pedir orações por uma criança chamada Noemi, de um ano, com quem tinha estado momentos antes da audiência e que está gravemente doente.
3. O Papa Francisco afirmou, Domingo de manhã, que não há pecado nem crime que seja um obstáculo para Deus perdoar. “Não há profissão ou condição social, não há pecado ou crime de qualquer tipo que possa cancelar da memória ou do coração de Deus um único dos seus filhos. Deus recorda, não esquece nenhum daqueles que criou. Ele é Pai, sempre à espera, vigilante e amoroso, de ver renascer no coração do filho, o desejo do regresso a casa”, assegurou o Papa, na Praça de São Pedro, durante a oração do Angelus. Tudo o que é preciso, observou, é um gesto. “Quando reconhece esse desejo, ainda que num simples gesto e tantas vezes quase inconsciente, coloca-se de imediato ao seu lado e com o seu perdão torna mais leve o caminho da conversão e do regresso”, prosseguiu Francisco.
4. No dia de Todos os Santos, a 1 de novembro, o Papa recordou os cristãos que morreram por causa da sua fé. “Estarei unido espiritualmente a todos os que nestes dias visitam os cemitérios, onde dormem os que nos precederam no sinal da fé e esperam o dia da ressurreição. Em particular, rezarei pelas vítimas da violência, especialmente pelos cristãos que perderam a vida por causa das perseguições”, disse o Papa.
5. O Vaticano confirmou esta semana a realização de um Consistório para o dia 22 de fevereiro de 2014, onde serão criados os primeiros cardeais do pontificado de Francisco. A lista de cardeais a criar, contudo, apenas será conhecida mais perto da data.
6. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Cracóvia, na Polónia, vai decorrer de 25 de julho a 1 de agosto de 2016. O anúncio foi feito pelo Arcebispo de Cracóvia, cardeal Stanislaw Dziwisz. A JMJ na cidade que viu nascer João Paulo II já tem um site oficial (acessível em www.krakow2016.com), onde é possível encontrar todas as informações úteis para a preparação da jornada.
Aura Miguel, à conversa com Diogo Paiva Brandão