O Patriarca de Lisboa considera que a dimensão caritativa é “fundamental” na iniciação cristã. Na I Jornada Diocesana das Capelanias Hospitalares e de Voluntariado Pastoral, que decorreu a 26 de outubro, D. Manuel Clemente deixou ainda um desafio a todos capelães e voluntários hospitalares.
Na sessão de abertura da jornada, que decorreu na casa das Irmãs Vicentinas, no Campo Grande, o Patriarca de Lisboa enalteceu que “a Igreja só está no seu centro quando está na caridade”. “Este é um desafio de todas as gerações! Nós distraímo-nos facilmente daquilo que é o cristianismo propriamente dito”. Neste sentido, D. Manuel Clemente pediu “um cristianismo não de adjetivo”, mas “um cristianismo de substantivo”. Porque, acentuou, “o caminho da reforma que se fala na Igreja só pode ser o amor”.
O Patriarca de Lisboa sublinhou também a importância da dimensão caritativa. “A caridade não é uma coisa que se faça ou não se faça; a caridade é a realidade de Deus que se é ou não se é. Daí que na iniciação cristã – que deve começar em casa, na chamada catequese familiar –, é fundamental a dimensão caritativa. Tenho insistido nisto constantemente com os sacerdotes: que ninguém chegue ao 10º volume da catequese, nem se apresente a Crisma nenhum, se não teve nenhuma iniciação na caridade prática, concreta, real!”.
Desejando, no final, “que toda a comunidade cristã se faça presente nos hospitais”, D. Manuel Clemente terminou a sua intervenção deixando um desafio aos capelães e voluntários hospitalares da Diocese de Lisboa. “Se houvesse alguém que se desse ao trabalho, na medida do possível, de em cada hospital, saber de que paróquia o doente vem e escrever um bilhetinho ao pároco a informar… Nós vivemos numa sociedade muito individualizante e a Igreja tem de contrariar esta expressão, por muitas e muitas redes de contacto”.
‘Nem todas as pessoas entram na igreja, mas todas vão aos hospitais!’
Nesta sessão de abertura, o coordenador diocesano da Pastoral da Saúde, padre Feytor Pinto, sublinhou a importância destas jornadas e recordou uma frase de um cardeal italiano quase centenário. “Gostava de citar um homem que admiro muito, que vai fazer 100 anos, o cardeal Angelini. Este cardeal é a alma da pastoral da saúde de toda a Igreja, dedicou a sua vida toda a esta causa, e tinha uma palavra muito bonita: ‘Nem todas as pessoas entram na igreja, mas todas vão aos hospitais!’. Isto é um desafio muito grande, fabuloso!”. Este sacerdote lembra, a propósito, que “muitos dos que vão aos hospitais, hoje, vivem na periferia da fé”. “A nossa presença, a nossa proximidade, a maneira como conseguimos apoiá-los e ajudá-los, leva muitíssimos a encontrarem-se de novo com Deus e a redescobrirem o mistério da fé”, garante o padre Feytor Pinto.
“Em cada doente que visitamos, é a Cristo que visitamos!”
A realização de uma Jornada Diocesana das Capelanias Hospitalares e de Voluntariado Pastoral era um desejo antigo do Patriarcado de Lisboa e da Associação Mateus 25, segundo revelou ao Jornal VOZ DA VERDADE o coordenador diocesano das capelanias hospitalares, padre Fernando Sampaio. “Há já bastante tempo que pensávamos na organização de umas jornadas diocesanas, ligadas à capelania e ao voluntariado. Nós temos voluntários que nos ajudam na perspetiva pastoral, e nesse sentido as capelanias proporcionam às paróquias e às comunidades cristãs a presença junto dos seus doentes. O facto de nos termos reunirmos agora, no final do Ano da Fé – onde pudemos refletir e ligar a fé à caridade, porque é aquilo que vivemos cada dia nas capelanias –, é uma situação oportuna! Porque dá-nos a consciência de Igreja, por um lado, dá-nos o ânimo ao juntarmo-nos uns com os outros e refletirmos todos juntos, nos anima e nos conforta e sobretudo nos impulsiona em relação ao futuro, para continuarmos a desenvolver o nosso trabalho nesta comunhão entre os hospitais e as paróquias”, refere este sacerdote, que é capelão hospitalar há quase trinta anos, e que atualmente desempenha a sua missão no Hospital de Santa Maria.
‘Estive doente e visitaste-me’ foi o tema da I Jornada Diocesana das Capelanias Hospitalares e de Voluntariado Pastoral. “O tema é o desafio de Jesus da solicitude pelos doentes. Nós não podemos abandonar os doentes! Comunidades que abandonam os doentes são comunidades que não são cristãs! Ou pelo menos não vivem a fé nessa dimensão da caridade fraterna. Aliás, essa é uma marca típica do cristianismo, que nunca abandonou os seus doentes! O próprio Jesus, nesse sentido, nos lança esse desafio: em cada doente que visitamos, é a Ele que visitamos!”, garante o padre Fernando Sampaio.
Para o futuro, fica o desejo de organizar as Jornadas Diocesanas das Capelanias Hospitalares e de Voluntariado Pastoral de dois em dois anos. “Esta foi a primeira jornada, que nós esperamos que sejam bienais”, revela o coordenador diocesano das capelanias hospitalares.
![]() |
Guilherme d'Oliveira Martins
A Santa Sé acaba de divulgar o tema da mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial da Paz de 2026....
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Domingo é o Dia Mundial das Missões. Há 99 anos, decorria o ano 1926, o Papa Pio XI instituiu o Dia Mundial...
ver [+]
|
![]() |
Pedro Vaz Patto
No âmbito das celebrações do ano jubilar no Patriarcado de Lisboa, catorze organizações católicas (Ação...
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Há notícias que nos entram pelo coração adentro deixando-nos um misto de sentimentos. A nomeação do P.
ver [+]
|