Missão |
Vera Pinto
Ter a graça de aprender para ensinar
<<
1/
>>
Imagem

Vera Pinto tem 27 anos e já com 16 sonhava ser missionária. Nessa altura, “sentia o chamamento de Jesus, mas não percebia qual seria a maneira mais indicada para chegar até Ele.” Até que um dia ouviu o testemunho de uma leiga missionária, da ALVD – Associação de Leigos Voluntários Dehonianos, acabada de chegar de Moçambique. O brilho nos olhos e a alegria que a jovem missionária transmitia ao falar da sua experiência, fizeram com que Vera tivesse a certeza absoluta que também era esse caminho que a faria chegar até Jesus.

 

A certeza de ser missionária

Com apenas 16 anos, e ainda menor, sabia que não tinha idade para partir. Guardou o panfleto que distribuíram no final da sessão sobre a ALVD e pendurou-o no placar do seu quarto durante dois anos. Já com 18 anos, e certa de que queria ser missionária, Vera terminou o ensino secundário e, ao contrário da maioria dos seus colegas, optou por não seguir os estudos. Não se sentia preparada para escolher uma profissão. E tinha muita vontade de ser missionária. Decidiu, então, interromper os estudos, começar a trabalhar e marcar encontro com o presidente da ALVD, para lhe falar do desejo ardente que sentia de partir em missão. Dada a sua tenra idade, foi-lhe proposto que fizesse um processo de discernimento, de forma a amadurecer a sua vontade. “Mas eu tinha a certeza do que queria, recolhi-me e trabalhei esta ideia, até que aos 20 anos, decidida que era o tempo certo, voltei a contactar a ALVD, iniciando logo aí o meu processo de formação”, recorda.

 

Pôr mãos à obra

Vera partiu para Moçambique, para o Alto do Molocué, no dia 28 de novembro de 2007, juntamente com uma outra leiga, Sónia Barbosa, ambas integradas no projeto “Aprender para Ensinar” e estava definido que aí iriam permanecer e trabalhar durante um ano. As duas saíram de Lisboa com a missão de criar uma Biblioteca e várias salas de estudo. Mas, quando chegaram à missão encontraram um espaço em obras, com o edifício da biblioteca ainda por construir. “Na altura, só tínhamos duas coisas a fazer, ou esperávamos que a obra acabasse ou poríamos mãos à obra, e foi isso mesmo que fizemos”, conta-nos. E, assim, durante dois meses deram apoio à obra, pintaram paredes, recuperaram os móveis, carregaram, organizaram e catalogaram os livros. “Foi um trabalho moroso mas que nos deu muita satisfação em realizar.” Depois de a Biblioteca abrir, deram início a pequenos cursos de Português, Matemática, Teatro e alguns workshops de artes plásticas dedicados aos mais novos.

Paralelamente ao trabalho de organização da Biblioteca, Vera visitava as comunidades no meio do mato, juntamente com os padres Dehonianos, dando apoio ao trabalho pastoral que ali era feito. “Não consigo descrever aquilo que sentia sempre que íamos às comunidades, fazia-me sentir viva.” Numa dessas visitas, Vera recebe uma chamada pela qual não esperava, sobretudo num local remoto, onde era suposto o telemóvel não ter rede. De Lisboa, pela voz da sua mãe, chegava a notícia que o seu pai partira nessa madrugada para junto de Deus. Estava há sete meses em Moçambique. Voltou de imediato para Portugal e aqui ficou um mês. Não estava certa de que regressaria a Moçambique, pois queria continuar a dar apoio à família. Foi a sua mãe que a motivou a regressar e a continuar o trabalho que estava a fazer na missão do Molocué. De novo em Moçambique, Vera teve que reconquistar a comunidade. Os jovens estavam dispersos e os alunos já não iam às aulas. De casa em casa, Vera conseguiu reunir o grupo e com ele fazer um trabalho de fundo, que culminou numa apresentação de teatro para toda a comunidade. Finda a missão em Moçambique, regressa a Portugal em novembro de 2009. “Eu parti com o desejo de um dia voltar.”

 

A missão depois do regresso

Em Lisboa, decide continuar os estudos. Prepara-se para os exames, presta provas e entra na Escola Superior de Educação de Lisboa, no curso de Animação Sociocultural, que termina três anos depois.

Mas o desejo de regressar a terras de missão continuava presente e, ainda no Verão de 2010, enquanto aguardava o resultado da sua candidatura ao ensino superior, parte para Nampula, Moçambique, para dar apoio à Biblioteca. Durante o tempo de faculdade, as férias escolares também foram dedicadas à missão, tendo também participado num projeto em Luau, Angola.

Hoje, Vera continua a sua missão em Portugal e em família. Casada há dois meses, está fortemente comprometida com o trabalho da sua paróquia, na Outorela, onde é catequista, membro do secretariado da catequese e do Conselho Pastoral da Paróquia.

texto por Ana Patrícia Fonseca, FEC – Fundação Fé e Cooperação
A OPINIÃO DE
Pedro Vaz Patto
No âmbito das celebrações do ano jubilar no Patriarcado de Lisboa, catorze organizações católicas (Ação...
ver [+]

Tony Neves
Há notícias que nos entram pelo coração adentro deixando-nos um misto de sentimentos. A nomeação do P.
ver [+]

Tony Neves
O Papa Leão XIV disse, há tempos, que ‘antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade.
ver [+]

Guilherme d'Oliveira Martins
A presença em Portugal do Cardeal Pietro Parolin constituiu um acontecimento que merece destaque, uma...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES