A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima visita, por estes dias, a Vigararia de Cascais. São muitos os que se querem aproximar de Cristo através de Maria. Paróquias e instituições civis recebem a Mãe de Deus.
Nossa Senhora visitou a prisão! Ao segundo dia da visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima à Vigararia de Cascais, o Estabelecimento Prisional de Tires (EPT) acolheu a Mãe de Deus, na tarde da passada segunda-feira, dia 14 de outubro. Um momento que o capelão considera ter sido marcante para as reclusas.“Para muitas destas senhoras, Nossa Senhora é a Mãe! Para os homens nem tanto, mas as reclusas têm uma devoção muito grande a Nossa Senhora! Esta visita toca-lhes profundamente”, afirma ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Agostinho Brígido, justificando o lado mariano das reclusas: “Todos os sábados de manhã, rezamos o Terço com estas mulheres”.
No final da visita de Nossa Senhora ao estabelecimento prisional, que contou com a presença de D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, este sacerdote Espiritano sublinhava a presença da Igreja nestes locais. “Procuramos incutir nos reclusos o desejo de mudança! Uma vida nova, o começar de novo, na certeza sempre que Deus é o Deus da misericórdia e do perdão. Sentirem a alegria de se perceberem amadas por Deus. ‘Deus ama-me, Deus gosta de mim!’. Se temos esta certeza, vamos para a frente, confiando n’Ele!”, refere.
Pastoral prisional
O Estabelecimento Prisional de Tires foi criado em 1953, com a designação de Cadeia Central de Mulheres, e entregue à Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, por acordo celebrado com o Ministério da Justiça, que apenas assegurava a vigilância periférica. E assim foi até 22 de setembro de 1980, data em que a administração se tornou exclusivamente leiga. Situado em Tires, concelho de Cascais, numa quinta de 34 hectares, o EPT tem uma estrutura descentralizada, sendo composto por três pavilhões de regime fechado, um destes com população masculina desde 2002; dois pavilhões para alojamento de reclusas em regime aberto; um espaço terapêutico autónomo vocacionado para o tratamento de reclusas toxicodependentes e outras com necessidades de acompanhamento individualizado; o espaço ‘Casa das Mães’, destinado a reclusas em período de gestação e com filhos até aos três anos; e uma creche, dirigida aos filhos das reclusas. Segundo dados do Ministério da Justiça, a 10 de fevereiro de 2012 a população existente era de 511 reclusos (164 homens e 347 mulheres) e 23 crianças filhas de reclusas.
O padre Agostinho Brígido, que completa 80 anos no próximo mês, é capelão do Estabelecimento Prisional de Tires há três anos. “No fim de velho, é que me mandaram para a cadeia!”, brinca este sacerdote, que durante vários anos foi capelão militar em Angola. Questionado sobre a pastoral que é possível realizar neste estabelecimento prisional, o capelão destaca que o importante é ser presença. “Eu venho ao EPT quase diariamente – por vezes até de manhã e de tarde – e estou aqui para ouvir. Oiço, oiço, choro, oiço, e depois lá digo umas palavras. Por vezes, estou mais de uma hora com o mesmo recluso ou reclusa, só a escutar. A gratificação que tenho, depois de escutar dois, três reclusos, é ouvir a palavra ‘Obrigado! Obrigado por ter vindo…’”, salienta o padre Agostinho, sublinhando a forma como lhes apresenta Deus. “Procuro sempre dar-lhes a sensação que Deus não lhes aponta sobre o que fizeram. Eu também nunca lhes pergunto o que fizeram – se me dizem, muito bem, se não, também não questiono –, mas procuro que eles tomem consciência que realmente Deus é o Deus da misericórdia, o Deus do perdão, é um Deus que não lhes aponta o dedo para recriminar, mas um Deus que nos diz como à pecadora: ‘Vai e não voltes a pecar’. É também o que lhes peço…”.
Nossa Senhora é a boa mãe
A visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao Estabelecimento Prisional de Tires coincidiu com a renovação da capela. Uma obra que contou com a colaboração dos reclusos. “A capela foi inaugurada hoje, na Eucaristia com o senhor D. Joaquim! O pessoal é que pintou a capela, colocou o telhado novo. Ficou um templo muito, muito bonito!”, garante o padre Agostinho. Na homilia da celebração com Nossa Senhora no EPT, o Bispo Auxiliar do Patriarcado garantiu que os reclusos não estão esquecidos pela Igreja. “Queria dizer-vos que a Igreja vos acompanha com a oração e procura estar presente nos estabelecimentos prisionais através dos capelães, dos seus colaboradores e voluntários e também através dos bispos. Vós não estais esquecidos. Estais no coração de Deus, no coração de Jesus, no coração de Nossa Senhora, no nosso coração”. Nesta celebração, que contou com a presença da direção, de funcionários e voluntários do EPT, além de muitas reclusas e reclusos, D. Joaquim Mendes sublinhou que Nossa Senhora é a boa Mãe. “Do Céu, Ela acompanha-nos com a sua solicitude materna. Acompanha o caminho dos seus filhos que entre perigos e angústias caminham na vida. Ela conhece bem o nosso coração, a nossa história de vida. Ela é a mãe de misericórdia, que nos acompanha e nos ama. Deixemos que Ela nos olhe com aquele olhar de ternura e de amor, que reflete o olhar de Deus e de seu Filho Jesus Cristo. Abramos-lhe o nosso coração. Partilhemos com Ela os nossos sentimentos: mágoas e tristezas, alegrias e esperanças. Um filho ou uma filha não têm dificuldade de abrir o seu coração à mãe, porque uma boa mãe sempre acolhe, escuta, conforta, aconselha, anima. Nossa Senhora é a boa mãe, a mãe de misericórdia, que acolhe, escuta, conforta, aconselha, anima e nos convida a confiar em Deus e no seu Filho Jesus”.
“A Igreja não os abandona!”
Ao longo do fim-de-semana, o Estabelecimento Prisional de Tires tem três Missas dominicais. “Temos uma celebração aos sábados à tarde, no pavilhão das mães. Vêm duas senhoras para tomar conta dos bebés e das crianças, para que as reclusas que queiram possam ir à Missa vespertina. No Domingo, a partir de agora, com a capela restaurada, passamos a ter a Eucaristia, às 9h30, para aquelas que estão no chamado regime aberto, e às 10h30 celebro no pavilhão 1, para as reclusas que estão em prisão preventiva”, aponta o padre Agostinho.
Além do capelão, a capelania do EPT conta “com mais de cinquenta voluntários, apesar de não estarem todos registados”. “Em cada Domingo, para as duas celebrações, vem um grupo animar a Eucaristia: no primeiro, o grupo é de Alvide; no segundo Domingo, é do Murtal; no terceiro, é um grupo de Tires; no quarto Domingo é um grupo de jovens do Estoril; e quando há cinco Domingos vem um grupo chamado Renascer, formado essencialmente por cabo-verdianos. Portanto, todos os domingos tenho um grupo que vem dinamizar a celebração!”, frisa o capelão.
Aos sábados de manhã, após o Terço, o padre Agostinho e uma voluntária da capelania explicam os textos de Domingo. “Estamos presentes de manhã, se alguma reclusa quiser vou atendê-la em confissão”. “A Igreja não os abandona!”, assegura o capelão do Estabelecimento Prisional de Tires.
Cascais convidada a abrir o coração
A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima chegou à Vigararia de Cascais ao final da tarde do dia 13 de outubro. Segundo dados das autoridades, mais de três mil pessoas acolheram a Virgem Peregrina na igreja da Boa Nova, no Estoril. Uma receção que contou com a presença de D. Joaquim Mendes. “Nossa Senhora conduz-nos a Cristo seu Filho, convida-nos a escutá-lo, como Ela o escutou, a acolhê-lo como Ela o acolheu, a acreditar na sua palavra, como ela acreditou”, garantiu o Bispo Auxiliar de Lisboa.
Ao longo desta semana, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima tem percorrido as nove paróquias da Vigararia de Cascais: Abóboda, Alcabideche, Carcavelos, Cascais, Estoril, Parede, São Domingos de Rana, São Pedro e São João do Estoril e Tires. “Nossa Senhora ensina-nos a ter aquele olhar que procura acolher, acompanhar, cuidar dos outros, a ver-nos uns aos outros como irmãos, sob o seu olhar maternal. Peçamos a Nossa Senhora a graça de ter o seu olhar, aquele olhar que reflete a ternura de Deus. Deixemo-nos tocar pelo olhar materno da Santíssima Virgem, que ele penetre o nosso coração, o abra ao amor e à misericórdia de Deus, à experiência da fé e da salvação”, convidou D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa.
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