Lisboa |
Entrada Solene de D. Manuel Clemente no Patriarcado de Lisboa
Criar comunidades de acolhimento e missão
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Mosteiros dos Jerónimos. Tarde de Domingo, dia 7 de julho. Depois de na véspera ter tomado posse, na Sé Patriarcal, perante o Cabido, D. Manuel Clemente, o novo Patriarca de Lisboa, entrava solenemente na diocese e na sua homilia deixava pistas para o pontificado que agora inicia: “O mundo, este nosso mundo de hoje em dia, precisa urgentemente de comunidades de acolhimento e missão”.


“Ao começar o ministério de que o Santo Padre Francisco me incumbiu no Patriarcado, o meu primeiro sentimento só pode ser de ação de graças a Deus, que assinala a sua presença nas nossas vidas decalcando-as no trilho pascal que Jesus Cristo unicamente abriu”. Foi com estas palavras que o novo Patriarca de Lisboa iniciou a sua homilia, na celebração de entrada solene no Patriarcado. Na reflexão, com o título ‘Reedificar na paz a cidade de todos’, D. Manuel Clemente referiu que a celebração não era o “momento de detalhes programáticos”, mas adiantou, ainda assim, que “a Igreja de Lisboa seguirá” as indicações do Sínodo dos Bispos, na sua Mensagem de outubro último, e da Conferência Episcopal Portuguesa, na sua Nota Pastoral de 11 de abril, que visa promover a renovação da pastoral da Igreja em Portugal: “Tiraremos certamente daqui plano e programa que baste para os próximos tempos e na maior correspondência ao que o nosso povo espera da Igreja, dentro ou mesmo fora das fronteiras da crença. Permito-me mesmo sugerir aos meus irmãos do Patriarcado de Lisboa que tenham muito presentes os referidos documentos, na preparação do próximo ano pastoral a todos os níveis da Diocese e das comunidades, institutos, movimentos e associações. O Senhor envia-nos “dois a dois” e só em comunhão devemos trabalhar”.


Rumos: primado da graça, comunhão para a missão, missão generalizada

Falando depois destes dois documentos, D. Manuel começou por lembrar a Nota Pastoral dos Bispos portugueses e dos “sete oportunos rumos” que esta traça, destacando os três primeiros: “O primado da graça, «sabendo todos bem, pastores e fiéis leigos, que o essencial da vivência cristã e dos frutos pastorais na vida da comunidade não depende tanto do nosso esforço de programação e da multiplicação dos nossos passos e afazeres, mas sobretudo da transformação da nossa mente e da conversão do nosso coração, operadas pela ação da graça de Jesus Cristo»; a comunhão para a missão, requerendo «comunidades que sejam autênticas escolas de vivência da fé e da comunhão, gerando entre todos os seus membros laços de fidelidade, de proximidade e de confiança, que se traduzam no serviço humilde da caridade fraterna»; e a missão generalizada, «como empenho da comunidade toda e de todos seus membros»”.


Comunidades de acolhimento e missão

Recordando, também, o texto sinodal, que salienta ser “necessário criar comunidades acolhedoras, onde todos os marginalizados encontrem a sua casa”, o novo Patriarca lembra que “o Papa Francisco tem insistido repetidamente neste ponto, nos seus preenchidos meses de luminoso pontificado”. Perante 278 padres e bispos e 65 diáconos, D. Manuel sublinhou a importância das comunidades de acolhimento e missão. Para o Patriarca, “a Igreja não existe para si mesma”, existe “para Deus Pai em permanente ação de graças e para o mundo em constante serviço”. Razão pela qual “o que não se inclui neste duplo e coincidente movimento está a mais e exige conversão”, uma vez que “este nosso mundo de hoje em dia precisa urgentemente de comunidades de acolhimento e missão”, acrescentou.


Patriarcado e Porto

Sacerdote da Diocese de Lisboa, D. Manuel Clemente regressa a casa após seis anos no Porto. “É altura de retomar na Igreja de Lisboa o que nela comecei a viver há seis décadas e meia, do âmbito familiar ao paroquial e do paroquial ao diocesano, com tantos exemplos e estímulos de leigos, consagrados e clérigos que a minha memória evoca agradecida”, referiu, salientando os seus três últimos antecessores: “Destaco de entre eles os meus três sucessivos Patriarcas, os Cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo, nos quais pude divisar o rosto paternal de Deus e o cuidado pastoral de Cristo. Ao Senhor D. José Policarpo, reafirmo a muita gratidão pela amizade com que sempre me acompanhou, bem como pela lucidez e generosidade do seu serviço eclesial, dentro e além do Patriarcado. Sei que posso contar com a sua oração e conselho, para o trabalho que agora inicio”. Bispo do Porto entre 2007 e 2013, D. Manuel Clemente não esqueceu, na sua primeira Eucaristia como Patriarca de Lisboa, os anos passados na Cidade Invicta. “Nunca poderei agradecer devidamente o apoio e o carinho com que sempre fui acompanhado pela Diocese do Porto. (…) Como tudo na Igreja de Cristo, só em comunhão se serve a comunhão: assim foi no Porto, como assim é e será em Lisboa”.


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Caminhar em comunhão e unidade

“Com o calor da fé, do afeto e da amizade queremos dizer-lhe com as palavras, mas sobretudo com o coração: Seja bem-vindo, como Pastor desta Diocese de Lisboa! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bem-vindo a sua «casa», a esta grande Família Diocesana onde nasceu para a fé, foi membro do presbitério e Bispo Auxiliar”. D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, fez a saudação da diocese a D. Manuel Clemente, destacando o desejo de, “todos juntos”, “caminhar”, “em comunhão e unidade”, no “anúncio e na edificação do Reino de Deus”. “Estamos prontos e disponíveis para partilhar as esperanças, projetos, sonhos e expetativas que traz no seu coração de Pastor”, assegurou.  


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“Temos todos de fazer o melhor”

No final da celebração, o novo Patriarca de Lisboa esteve cerca de uma hora e meia a cumprimentar as autoridades e os cristãos que se deslocaram aos Jerónimos. “O que disse às pessoas ligadas à Assembleia da República, ao Estado e ao Governo foi que temos todos de fazer o melhor, e com certeza estamos todos dispostos a isso porque as responsabilidades são grandes e o momento é complexo. Estamos cá todos para que cada um no seu setor, cada um na sua competência, dêmos uma resposta solidária capaz de não deixar ninguém para trás e que não deixe ninguém de fora”, revelou aos jornalistas o próprio D. Manuel Clemente, no final dos cumprimentos.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Arlindo Homem e Miguel Aboim
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