Ter ouro, estanho, coltan e tungsténio no subsolo pode ser sinal de riqueza. Na República Democrática do Congo tem sido a causa de uma tragédia imensa. Mas deste país não escutamos palavras de ódio ou de revolta, mas sim mensagem de perdão, de amor. Afinal, que se passa por lá?
Dia 7 de Janeiro de 1998. As irmãs da Congregação das Filhas da Ressurreição nunca mais vão esquecer esta quarta-feira. Estão no convento, uma modesta casa um pouco fora da aldeia. Um bando de homens armados arromba a porta, invade a casa, dispara a matar e deixa um rasto de sangue. Epiphanie, Felicitas, Cesarine, Xavera, Berthilde e Devota tornam-se mártires. São todas jovens. A mais velha tem menos de 40 anos. Será que esta tragédia afastou estas mulheres da sua missão na República Democrática do Congo?
Recordar o Zaire
Primeiro, um olhar sobre a região. Os mais antigos lembrar-se-ão do Congo Belga, os mais novos recordarão o Zaire. Estão todos a falar do mesmo país, a República Democrática do Congo e de uma mesma história trágica. Desde o passado colonial até aos dias de hoje há um luto impressionante feito de uma violência que parece endémica, como se não fosse possível outra realidade que não a da morte, da guerra, das violações, das lágrimas. Infelizmente, parece que é verdade.
Histórias arrepiantes
Esta região, conhecida como os Grandes Lagos, já viveu muitos conflitos. São guerras patrocinadas por milícias que, no fundo, vivem apenas da extorsão das riquezas naturais que se escondem no subsolo. Quem olha para esta história só pode arrepiar-se pela impunidade que tem escancarado tanta violência. Desde a II Guerra Mundial já se contabilizaram mais de 1 milhão de mortos. Um milhão. Por que razão tanta violência ocorre durante todo este tempo, como se fosse inevitável, como se não houvesse outro caminho na vida destas pessoas?
Países a saque
A resposta pode resumir-se a uma simples frase: por causa da riqueza extraordinária que se esconde no subsolo da República Democrática do Congo: ouro, estanho, coltan – o famoso ouro-azul – e tungsténio. Uma riqueza que é cobiçada pelos países vizinhos, como o Burundi, o Uganda e o Ruanda e que é alimentada pela fragilidade das instituições – o que é comum em África – e que facilita a corrupção, o assalto ao Estado, a impunidade como as milícias funcionam e que deixa as populações completamente ao abandono. Esta riqueza seca os gritos de ajuda das populações e permite perceber em toda a sua tragédia a hipocrisia que domina os negócios entre nações.
É aqui que entra a Igreja.
De 12 a 18 de Maio, esteve de visita a Portugal, a convite da Fundação AIS, D. François-Xavier Maroy Rusengo, Arcebispo de Bukavu, diocese no leste da República Democrática do Congo. Os seus antecessores foram todos assassinados. A diocese é gigantesca, se a compararmos com um pequeno país como Portugal, e tem uma população de cerca de 4 milhões de pessoas. A pobreza e as doenças, como a malária e a sida, além do medo, fazem parte do dia-a-dia de todos os que vivem nesta diocese, neste país africano.
Como não ajudar?
O Arcebispo tem menos de duas centenas de sacerdotes para o auxiliarem. São apenas cerca de 160. Tudo o que fazem é um quase milagre da multiplicação da caridade, sendo tão poucos e tendo tanta gente para ajudar. “Peço-vos que rezem pelo Congo. Precisamos das vossas orações e não se esqueçam que se Deus escuta as orações de todos, muito mais escutará as dos portugueses pela intercessão da Virgem de Fátima”, disse D. Rusengo na passada segunda-feira, precisamente em Fátima. “Rezem para que vivamos em paz!” Epiphanie, Felicitas, Cesarine, Xavera, Berthilde e Devota morreram num dos muitos ataques com que as milícias têm massacrado aldeias, varrendo tudo à sua frente, casas, escolas, conventos. Tudo. Elas morreram, são mártires da Igreja. Esta tragédia, porém, não afastou as restantes irmãs da Congregação das Filhas da Ressurreição de cumprirem a sua missão. Ficando, elas afirmam que é na caridade e no perdão que está o segredo do amor. E quando nos pedem ajuda, e quando as ajudamos, fazemos parte desse segredo.
Adopte uma irmã na oração
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