A igreja de Moscavide, pela sua localização à entrada da cidade de Lisboa, mantém as portas abertas durante todo o dia. A aposta, segundo o pároco, é acolher bem e estar próximo da população, também pelas procissões.
Em Moscavide, a igreja paroquial está aberta o dia inteiro. Desde manhã cedo, para a Eucaristia matinal, até que termine a segunda Missa do dia, ao fim da tarde. “Nos primeiros dias, quando cheguei à paróquia, a igreja estava aberta apenas em alguns horários e verificava que havia muita gente de pé, no adro, a rezar… Mesmo com a igreja fechada, as pessoas vinham e paravam por alguns minutos, para se encontrar com Nosso Senhor!”, observa ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre José Fernando da Silva Ferreira, de 41 anos, que está em Moscavide desde setembro de 2011.
Situada na movimentada Avenida de Moscavide, a igreja paroquial tem a particularidade de ter bem perto quatro paragens de autocarros: duas fazem a partida e chegada de Lisboa e outras duas fazem o mesmo com destino e partida de Loures. É por isso grande o movimento junto à igreja, o que fez com que a paróquia se tivesse que adaptar. “Esta é uma comunidade que acolhe e que quer acolher! Devido às paragens dos autocarros e à grande mobilidade das pessoas, desde a primeira hora me preocupei em ter a igreja aberta o dia inteiro!”, acrescenta o pároco.
Filomena Capelo, de 63 anos, é paroquiana de Moscavide desde que nasceu e destaca o efeito positivo que esta medida teve nas pessoas. “Neste momento, com a chegada de um pároco mais novo, foi possível constituir uma série de condições que permitem manter a igreja aberta o dia inteiro! Mesmo ao Domingo! O que significa que as pessoas vão passando e têm a igreja aberta para rezar. E a verdade é que a igreja nunca está vazia e tem sempre gente a rezar!”, garante esta paroquiana.
Acolher bem
Moscavide é uma freguesia do concelho de Loures, que faz fronteira com Lisboa e que tem cerca de 15 mil habitantes, segundo os Censos de 2011. “Esta população não é muito diferente do resto do país. Tem uma faixa etária um pouco elevada, mas também se nota a presença de alguns casais novos”, aponta o padre José Fernando, sublinhando a presença massiva destes casais na Missa vespertina. “Em todas as Eucaristias há casais jovens, mas nota-se muito a presença da juventude na Missa de sábado à tarde, que é orientada uma semana pela catequese, outra pelos escuteiros”, refere.
A presença do pastor junto da comunidade é essencial, no entender deste sacerdote. “Vê-se que esta é uma comunidade viva, é uma comunidade que gosta de rezar e que ‘puxa’ pelo pároco! É uma paróquia que entusiasma e que estimula! Eu procuro apenas ser um pároco presente. É importante estar na paróquia e vou também sentindo essa necessidade, porque há sempre pessoas a chegar, a perguntar algo ou a pedir para se confessar”, observa.
No adro da igreja, num dos placares com as diversas atividades e iniciativas da paróquia, um dos papéis chama a atenção por conter o número de telemóvel e o e-mail do pároco. “Acredito que o padre deve estar sempre disponível para, a qualquer momento, acudir às necessidades das pessoas! O pastor deve estar atento e solícito a todas as ovelhas! As pessoas vão ligando, felizmente sempre a horas decentes”, brinca o padre José Fernando.
“Acolher bem” é, por isso, “o primeiro lema da paróquia de Moscavide”, de acordo o pároco. “A primeira intenção é acolher bem quem nos ‘bate à porta’! Até porque Moscavide, ficando às portas da cidade, é uma vila que foi crescendo com a presença de pessoas que vinham das Beiras, do Alentejo e de outras partes do país e que se foram estabelecendo por aqui”. Estando os portugueses em maioria, esta é uma freguesia que recebe também imigrantes, “em especial do Brasil, dos países de leste e alguns africanos”.
A raiz e alma da paróquia
Ao falar da história da paróquia de Santo António de Moscavide, um nome é incontornável, na opinião de Filomena Capelo. “O padre Armindo Duarte foi a raiz, foi a alma, foi a força da construção da igreja”, refere esta paroquiana. Apesar de ter estado somente cinco anos na comunidade, entre 1951 e 1956, foi este sacerdote que ficou ligado à construção da igreja, cujas obras terminaram em 1956. “A igreja foi inaugurada e o Senhor Cardeal-Patriarca enviou o padre Armindo Duarte para a paróquia de Santa Isabel. Foi com ele que fiz a primeira comunhão e lembro-me de a minha mãe dizer que ele era um homem com um verdadeiro sentido de pobreza. Era um homem muito sensível e que fazia as coisas com sentido”, aponta.
Em 2006, aquando dos 50 anos da dedicação da igreja, a comunidade cristã de Moscavide homenageou o antigo pároco que ajudou na construção do templo, através da colocação de um busto no adro da igreja. “O padre Armindo Duarte dava-se com toda a gente da paróquia e era considerado o padre dos pobres”, frisa Filomena Capelo.
Fé esclarecida
Em Moscavide, a formação é uma das apostas do padre José Fernando. “Neste Ano da Fé, que a Igreja está a viver, já organizámos oito encontros de formação! Tivemos connosco alguns Bispos, padres do Seminário, professores da Universidade Católica. A formação espiritual é algo que me preocupa muito. Há que esclarecer as pessoas. Por vezes dizemos as coisas e não entendemos o porquê de o estar a dizer. Para melhor rezarmos e melhor louvarmos Deus, é fundamental a formação”, assegura o pároco.
Filomena Capelo é atualmente a coordenadora da catequese nesta paróquia, mas está ligada à educação cristã das crianças desde os seus 16-17 anos. “Nos dias de hoje, temos entre 190 a 200 crianças e adolescentes na catequese, para 24 catequistas. O que eu noto é que tem havido cada vez mais pais novos que vêm trazer os filhos à catequese e que depois se integram na vida da paróquia”, salienta esta leiga, que é também secretária da direção do Centro Social Paroquial de Moscavide.
Rostos vocacionais
Pela proximidade geográfica, a paróquia de Moscavide está desde sempre ligada ao Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais. Ao longo dos anos, a paróquia recebeu muitos seminaristas em trabalho pastoral. Uma realidade que tem perdido força nos últimos anos, mas que o pároco gostava de reativar. “Sempre procurei, na Semana dos Seminários, que o seminário enviasse à comunidade dois ou três seminaristas para darem testemunho! Acho que é importante e é bom que as comunidades conheçam o seminário e o rosto para onde vão as suas ofertas nessa semana. Claro que se o seminário entender enviar seminaristas para trabalharem connosco, é evidente que estamos de braços abertos para os receber!”.
A paróquia de Moscavide deu à Igreja um único sacerdote – o padre Leandro, no tempo ainda do padre Armindo –, mas essa é uma realidade que poderá vir a mudar… “Neste momento temos dois jovens da paróquia no Pré-Seminário de Lisboa! Já disse à comunidade que temos que rezar por eles! São dois rapazes, o Pedro e o Ricardo, que estão na fase de discernimento e que começaram, neste ano pastoral, a ir aos encontros do pré-seminário”, aponta, orgulhoso, o padre José Fernando.
Procissões ao encontro das pessoas
As procissões pelas ruas de Moscavide são também uma marca que o padre José Fernando da Silva Ferreira tem procurado imprimir nesta comunidade. “Tenho tentado sair para a rua, em especial através de procissões! Há pessoas que dizem: ‘Ai, tanta procissão…’, mas o fundamental é ir ao encontro das pessoas que estão fora! Que elas possam ver que a Igreja não está fechada dentro de si mesma, mas é uma Igreja voltada para as pessoas!”. Exemplificando, o pároco recorda a procissão em Domingo de Ramos, “feita a partir de dois locais estratégicos da paróquia, em direção à igreja”, e o dia de Páscoa. “No Domingo de Páscoa constituímos cinco grupos e fizemos, pelas ruas de Moscavide, o anúncio da Ressureição! Fomos a diversas casas mas também a estabelecimentos comerciais! Houve inclusivamente um senhor, dono de uma pastelaria, que veio ter comigo, emocionado, agradecer: ‘O senhor padre fez aquilo que nunca me passou pela cabeça – a Igreja entrar pelo meu estabelecimento comercial!’”. No início do Ano da Fé, em outubro último, a paróquia organizou uma procissão de velas. “Nossa Senhora passou por ruas onde nunca tinha passado!”, afirma Filomena.
Todas as iniciativas ‘fora’ da igreja visam sempre o anúncio de Cristo. “É importante a Igreja sair! Quanto mais sair, mais a Igreja evangeliza!”, garante o pároco de Moscavide.
________________
O (novo) Centro Social Paroquial de Moscavide
Fundado em meados da década de 50, o Centro Social Paroquial de Moscavide funcionava num edifício que, segundo o pároco, precisava urgentemente de obras. “O centro estava bastante degradado. Havia um projeto com muitos anos, talvez desde o ano 2000. Quando cheguei à paróquia abraçámos, novamente, o projeto que estava em risco de ficar ‘fechado’ na gaveta”, lembra o padre José Fernando, destacando “o papel da D. Irene e do senhor Alves, duas pessoas que dedicaram o seu tempo e a sua vida a esta instituição”. As obras iniciaram-se em julho de 2012 e o centro foi (re)inaugurado, “ainda com alguns trabalhos por fazer”, no passado dia 1 de maio, pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.
Neste momento, o centro tem as valências de creche, jardim-de-infância, centro de dia e apoio domiciliário. No início do próximo ano letivo, a instituição espera abrir duas salas de berçário e uma segunda sala para crianças com um ano. “Temos 200 crianças e cerca de 100 idosos, estando 60 em centro de dia e 40 no apoio domiciliário. Apoiamos muita gente em Moscavide!”, destaca o pároco, lembrando também “a ajuda prestada pelo Banco Alimentar, que apoia mais de 100 famílias”.
________________
Evangelizar pela internet
Recentemente, a paróquia de Moscavide passou também a ter uma presença assídua na internet. Foi criado um site (www.paroquiademoscavide.org), uma página no Facebook (www.facebook.com/paroquiademoscavide) e também um canal de vídeo no YouTube (www.youtube.com/ParoquiadeMoscavide). Neste Domingo, 12 de maio, em que a Igreja assinala o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o pároco sublinha a aposta na evangelização pela rede. “O site da paróquia era um desejo meu desde o dia que cheguei a Moscavide! Depois de uma experiência com uma empresa, que nunca foi ao encontro do que era o meu ideal, o projeto ficou entregue a jovens da paróquia, alguns deles casados e com os filhos na catequese, e temos agora um site excelente!”, frisa o padre José Fernando, assegurando que “a Igreja, hoje, também evangeliza, e muito, pela internet”.
![]() |
Pedro Vaz Patto
Se algumas dúvidas ainda subsistissem sobre o propósito do Papa Leão XIV de dar continuidade ao caminho...
ver [+]
|
![]() |
Guilherme d'Oliveira Martins
Com grande oportunidade, o Papa Leão XIV acaba de divulgar uma importante Exortação Apostólica sobre...
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
‘Amou-te!’ (‘Dilexi te’), sobre o amor para com os pobres – quase todos...
ver [+]
|
![]() |
Guilherme d'Oliveira Martins
A Santa Sé acaba de divulgar o tema da mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial da Paz de 2026....
ver [+]
|