DOMINGO V DA QUARESMA Ano C
“Nem Eu te condeno.
Vai e não tornes pecar”
Jo 8, 11
Com os olhos postos na chaminé sobre a Capela Sistina por onde certamente, à hora em que serão lidas estas palavras, já terá saído o fumo branco a assinalar a escolha do novo Papa, imagino como seria belo o início do seu ministério com o evangelho de hoje. Habituámo-nos à linguagem religiosa do castigo ou a esperar um revolucionário que avance em vez de nós, que tenha a ousadia de mudar mas não nos dê muito trabalho, ou então aprove a nossa estreiteza de coração. E corremos esses e outros riscos com um novo Papa, com as mudanças tão diversas que esperamos, como experimentaram o mesmo com Jesus aqueles que lhe apresentaram, humilhada e acusada, a mulher apanhada em adultério. Que poderá mudar o Papa ou a Igreja, se cada um dos cristãos não quisermos mudar a nossa vivência do evangelho e assumirmos todas as consequências de sermos irmãos?
Alguns dizem que era Maria Madalena, outros preferem não dar-lhe nome. E por isso me sinto tão identificado com ela, com o que imagino ser o seu sonho de amar e ser amada, de não se enganar nem ser enganada na sua dignidade. Sabemos tão pouco do seu antes, e pouco nos será revelado do seu depois. Mas o que S. João nos guarda é o mais importante: aquele presente do encontro com Jesus muda tudo. O deus de coração estreito e vingativo como tantas vezes é o nosso, é substituído pelo amor que não condena e que abre futuros. A lei que até justifica a eliminação do infrator é substituída pela sabedoria da consciência e pela verdade última que só Deus possui. O passado escuro e doloroso é substituído pelo futuro comprometido e aberto à luz. A paixão de Jesus é salvar e não condenar, é comprometer e não eliminar, é erguer e não esmagar. Por isso o encontro com Jesus é sempre um presente cheio de futuros. Nada sabemos se voltou ou não a pecar, mas acredito que nunca mais esqueceu aquele olhar que a salvou!
As maiores mudanças começam por baixo, pelo interior dos corações, pelo que está ao alcance de cada um, pela "metanoia" (mudança, transformação) quotidiana e simples. O que Jesus diz à "brigada do calhau" é dito à nossa tentação de nos armar-mos em "defensores de Deus", e a capacidade de despojar-se do "direito de tirar a vida" é exemplo para nós. Não sabemos se mudaram a interpretação da Lei, mas espero que a inteligência iluminada pela consciência lhes tenha derretido o gelo do coração e este voltasse a bater. A grandeza a que Jesus nos convida é a de salvar, de propor gestos de esperança, de entrar na "genica criadora" do Espírito. E por isso não penso tanto nas mudanças que o novo Papa poderá fazer; penso mais nas mudanças que, com humildade e comunhão, precisaríamos assumir, mudanças que comprometem e libertam, que respiram justiça e verdade. Talvez começando por libertar as mãos das pedras que agarrámos pelo caminho! Querer acabar com o mal à pedrada só serve para eliminar quem o praticou. E a primeira mudança será sempre "salvar o que estava perdido"!
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