Dois mil alunos de EMRC das escolas e colégios da área da Diocese de Lisboa estiveram em festa, em Fátima. Do Interescolas Diocesano que se realiza desde há 20 anos, ficou o apelo para a construção de um mundo melhor.
É terça-feira, 12 de março. Chegamos a Fátima por volta das 10 horas da manhã. Ao mesmo tempo começam a chegar ao parque de estacionamento, junto ao Centro Pastoral Paulo VI, os primeiros autocarros repletos de adolescentes. São alunos do 2º e 3º Ciclo das escolas públicas e privadas da área geográfica da Diocese de Lisboa. Às costas trazem violas, bandeiras, mascotes que vão apresentar, t-shirts coloridas, e acima de tudo muita alegria e boa disposição. Vêm a Fátima para participar em mais um ‘Interescolas’, o encontro diocesano de alunos de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). “Há 20 anos atrás tiveram início estes encontros”, comenta o diretor do Secretariado Diocesano do Ensino Religioso (SDER), padre Paulo Malícia, referindo ao Jornal VOZ DA VERDADE que o primeiro encontro realizou-se em 1993.
Dentro do Centro Pastoral Paulo VI, a animação começa. À medida que vão chegando e entrando os mais de dois mil alunos de EMRC, no palco a banda ‘Impar’ anima o ambiente, interpretando temas musicais da atualidade e outras canções de mensagem de cristã. Composta por alunos da Escola do Bom Sucesso, em Alverca, esta banda musical leva ao rubro a vasta plateia que acompanha as melodias, em coro de mais de duas mil vozes. O ruído torna-se ensurdecedor, apenas quando cada escola começa a gritar pelo seu nome, numa competição de cordas vocais. É grande a festa!
Entre melodias, a adolescente Rita, que vem da Escola de Atouguia da Baleia, diz ao Jornal VOZ DA VERDADE que este encontro “é bom para conviver com as outras escolas”, destacando a possibilidade de gerar “interação com outros alunos”. Já não é a primeira vez que Rita participa no Interescolas e, por isso, mesmo garante: “gosto porque aqui nós convivemos e divertimo-nos”.
Uma nova cidadania
O tema proposto para este encontro de alunos de EMRC, neste ano 2013, ‘Mover por uma nova cidadania’, serviu de mote para o trabalho já realizado pelos alunos durante este ano letivo nas diversas escolas. “Todos os anos temos um tema. Escolhemos um tema para o secretariado [SDER], que é animado nas escolas e pretende-se que este seja um ponto de encontro de carácter festivo ou de carácter cultural, reflexivo e até de oração”, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Paulo Malícia. “A partir desse tema eles podem expressar-se livremente naquilo que foram trabalhando durante o ano, em termos de música, danças ou canções que eles próprios escolhem”. A apresentação desses trabalhos decorreu durante a tarde no Centro Pastoral Paulo VI.
Civilização do amor
Ainda da parte da manhã, o diretor do SDER, explicando a temática aos dois milhares de alunos, deixava o apelo: “Queremos construir a civilização do amor! Não queremos que continue a pobreza. Queremos construir o mundo sonhado por Cristo, levar o compromisso de amor e servir a humanidade”.
Segundo o padre Paulo Malícia, com este encontro de alunos de EMRC da Diocese de Lisboa pretende-se, “em primeiro lugar, juntar os alunos de EMRC do 2º e 3º Ciclo da Diocese de Lisboa, para que eles tenham a sensação de que não estão sozinhos na escola e que há muita gente que como eles também optaram pela disciplina”. Trata-se de uma forma de “estarem uns com os outros e terem a noção de corpo e de Igreja, nesta questão específica do espaço escolar que se junta para celebrar uma festa”.
Por outro lado, refere o diretor do SDER, o Interescolas procura ser, também, “um sinal visível da presença da disciplina no meio escolar”, porque, acentua, “isto envolve outros professores, envolve interdisciplinaridade na preparação, com outras disciplinas e dá visibilidade à EMRC”.
Abertura à disciplina
A professora Sara Andrade leciona em Atouguia da Baleia, Peniche, e acompanha um grande grupo de alunos da sua escola, onde “a abertura dos alunos à disciplina é muito grande”. Vestidos de t-shirts cor-de-laranja, a mancha colorida que sobressai no auditório Paulo VI, reflete também o número de alunos que frequentam a disciplina naquele agrupamento de escolas. “Este encontro tem muito significado”, testemunha ao Jornal VOZ DA VERDADE, explicando que para os alunos “é importante o encontro com outras escolas para que os alunos percebam que existem realidades diferentes noutros lugares e identifiquem que a comunidade deles tem uma presença muito grande na EMRC”.
Para esta docente, que vê a sua profissão como “uma missão na escola”, o ser professor de EMRC significa “educar com um sentido e um rumo cristão.
Ao encontro de Fátima, o agrupamento de escolas de Atouguia da Baleia trouxe o resultado de um trabalho que foi sendo feito ao longo do ano, “de acordo com as diferentes faixas etárias dos alunos”, explicou Sara Andrade. “A cidadania ecológica, humana, económica” foram alguns do temas trabalhados, e nesse sentido os alunos fizeram, depois a preparação de uma mascote que apresentaram em Fátima. “Esta mascote é o planeta com todos os símbolos de cidadania, sobretudo humana”, apontou.
EMRC é uma grande força
Já para o professor Orlando Correia, que leciona no Agrupamento de Escolas Lindley Cintra, no Lumiar, na cidade de Lisboa, o Interescolas é uma oportunidade para os alunos participarem num momento “de partilha, de encontro, de união”. “É bom para os alunos saberem que há muitos mais alunos inscritos em EMRC e que não são só eles. Nós somos uma grande força!”, reforça.
Sobre a transmissão da mensagem nas aulas, no que diz respeito ao tema do encontro, este docente explica que “faz-se passar, sobretudo, através do exemplo do professor, durante as aulas, as visitas de estudos, fazendo trabalhos práticos”. “Participámos, em dezembro, na recolha de alimentos para as famílias mais necessitadas, mas já fomos também a um centro de apoio de Chelas para verificar como se ajuda outras pessoas”, destaca, referindo que “há diversas atividades ao longo do ano sobre o tema, nas aulas e fora delas”, ressalva.
A disciplina vive do cunho pessoal do professor
Dinis é aluno de EMRC, vem de Peniche, e afirma ao Jornal VOZ DA VERDADE que o que mais o atrai na disciplina “é a professora porque é divertida”. Gonçalo, da Escola do Bom Sucesso em Alverca, gosta de EMRC porque “é muito divertido” e fazem atividades “muito engraçadas”, e destaca os momentos em que, por vezes “ se fazem teatros e outras atividades”. Já Ronaldo, que frequenta a escola Lindley Cintra, no Lumiar, diz que a disciplina “é importante para aprender coisas sobre a Igreja Católica” e também a sua preferência coloca-se no professor. Sobre esta marca que o docente de EMRC imprime nas aulas, o professor Orlando Correia explica que “embora haja um programa a cumprir, a disciplina vive muito do professor”. “O professor dá um toque especial à matéria e a sua personalidade transmite-se para os alunos”.
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Uma disciplina com vida em Lisboa
Para o diretor do SDER, a disciplina de EMRC “tem vida nas escolas” e esta reflete-se pelo número de inscritos que “no caso específico da Diocese de Lisboa, em relação ao total da população inscrita, ronda os cerca de 25-26%, de alunos, o que é um número agradável”, diz. Apontando ao Jornal VOZ DA VERDADE a necessidade de haver vontade de todos em “continuar a apostar” nesta disciplina, o padre Paulo Malícia deixa um alerta: “Precisamos de querer todos, porque há alguns que parece que não querem. Precisamos de acreditar que uma disciplina que movimenta no total da população escolar no país bem mais de 50% dos alunos inscritos nas escolas públicas, para não falar das privadas e colégios católicos, movimenta muita gente que está nas nossas mãos, confia em nós e aposta em nós”. Segundo o padre Paulo, responsável pelo ensino religioso nas escolas na área da Diocese de Lisboa, é grande o número de alunos que frequentam a disciplina, e isso traz desafios. “Somos muitos, ao contrário do que se pensa, e podemos ser mais se continuarmos a investir na pastoral escolar”, frisa.
De acordo com este sacerdote, é importante a mensagem cristã nas escolas para a construção de uma sociedade diferente. “Passa por aqui a construção da civilização do amor, porque se a mensagem cristã não estiver presente no espaço educativo, educar para o amor é muito mais difícil”. “No tema de hoje andámos à volta da cidadania, na perspetiva de construir uma civilização alicerçada no amor e estes temas têm que ser falados na escola”, adverte. “A escola não prepara só doutores, engenheiros, médicos... antes disso tudo, prepara uma pessoa e pessoa é aquele que ama e sabe amar”.
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Banda ‘Ímpar’ marca o ritmo da festa
No passado ano letivo nasceu na Escola do Bom Sucesso, em Alverca, o grupo musical ‘Ímpar’. Formado por alunos daquela escola, “nem todos são alunos de EMRC”, embora a iniciativa tenha partido do professor daquela disciplina, Miguel Dantas, contou ao Jornal VOZ DA VERDADE Rita Baião, o membro mais velho deste grupo. “Somos jovens que gostamos de ‘fazer barulho’”, conta Rita depois de ter atuado em palco durante parte da manhã. "Achamos divertido e divertimo-nos a tocar os instrumentos. E isto acaba por ser algo de que gostamos muito”. “Chegar aqui ao Interescolas e ver todos a olhar para nós e a aplaudirem e pedir por mais, faz-nos ficar com aquelas borbulhinhas na barriga, mas é algo que nos deixa satisfeitos por todo o trabalho que tivemos”, garante.
Para haver civilização do amor, Rita sublinha que “as pessoas não podem ‘passar’ tanto por cima umas das outras, e devem encarar mais os problemas procurando resolvê-los para o lado do bem”.
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