As paróquias da Vigararia de Caldas - Peniche foram desafiadas à entreajuda e ao vigor do Evangelho. No encerramento da Visita Pastoral, foi ainda sublinhado que a vida cristã constitui uma força.
Catarina e Miguel são um jovem casal de Lisboa. Ela tem 23 anos e o seu marido 29. Estão casados há dois anos e esperam já o segundo filho. Oriunda de uma família católica, Catarina testemunha que se considerava 'catolicíssima'. Isto até ao momento em que, quando tinha apenas 16 anos descobriu, "por mero acaso", as catequeses do Beato Papa João Paulo II sobre a Teologia do Corpo. "Catequeses sobre o amor humano e a sexualidade apresentadas numa visão antropológica levando ao porquê de a Igreja pedir aquilo que nos pede", explicou Catarina, durante um testemunho no encerramento da Vista Pastoral à Vigararia de Caldas - Peniche, que decorreu no passado Domingo, dia 3 de março, nas Caldas da Rainha. “Entendi que, se somos seres criados à imagem e semelhança de Deus, nunca podemos ser meio para atingir fins de quem quer que seja, nem podemos utilizar as outras pessoas como objecto, ou como meio para atingir um interesse pessoal, um desejo, um fim, etc.", salientou Catarina. "Este é um dos grandes problemas do mundo: as pessoas não sabem e não têm consciência de si mesmas e não têm consciência do que é o outro".
No pavilhão do Arneirense, Catarina aponta ainda que percebeu que "o amor é a cruz", e que nessa cruz "está a doação total de Cristo, a morte por amor". Por isso afirma, "o amor é isto, é doação total e por isso percebi que Deus me pedia que vivesse esta doação total, naquela que era a minha condição daquela época [quando tinha 16 anos], sentindo-me chamada ao Matrimónio".
Namoro fundado em Cristo
Miguel, por seu lado, batizado no ano em que nasceu, frequentou uma escola católica mas desde cedo que se afastou dos sacramentos. O seu regresso "a casa" aconteceu quando já estava na universidade. Os dois conheceram-se na universidade, e três semanas depois de se terem conhecido iniciaram o namoro. "Não foi o percurso normal dos namoros", conta Catarina, frisando que começaram o namoro mesmo conhecendo-se mal. "Sabíamos o essencial", aponta Miguel. "Não nos conhecíamos, mas percebíamos os dois que esta era a maneira mais acertada de dirigir a nossa realidade. Sabíamos que coincidíamos no essencial, que era Nosso Senhor que nos tinha juntado. Nada no nosso namoro nos podia fazer desviar deste Norte que é Jesus. Este era o alicerce do nosso namoro e da nossa vida para futuro. Por isso não podíamos aceitar nada para o nosso namoro que pusesse em risco este pilar", testemunham, assegurando: “Sendo o nosso alicerce Jesus o nosso namoro foi, necessariamente, diferente. E um amor fundado em Jesus é um amor que cresce”.
Vidas de fé em família
A opção pela entrega total por amor aconteceu, e Catarina soube que estava grávida no último dia da viagem de núpcias. Teve de interromper a sua formação académica e hoje confessa que vive com o seu marido muitas dificuldades económicas, sem luxos, mas afirma: "Somos mais felizes do que nunca!".
Nesta vocação matrimonial procuram viver e testemunhar a sua fé, começando por casa, na relação educativa com Pilar, a filha de quase dois anos.
Pouco antes do testemunho de Catarina e Miguel, D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, referia às diversas famílias da Vigararia de Caldas da Rainha - Peniche, reunidas neste encontro vicarial, que “a vida de fé marca a família e os ritmos da sua vida e, ao mesmo tempo, a família é o lugar de crescimento de todos na fé”.
Visita pastoral desafia à entreajuda
O encerramento da Vista Pastoral à Vigararia de Caldas – Peniche ficou ainda marcado pela Eucaristia no pavilhão do Arneirense. A presidir à celebração estiveram os Bispos Auxiliares, em representação do Cardeal-Patriarca de Lisboa, que presente em Roma para o Conclave. Na sua homilia, D. Nuno Brás apelou para a necessidade de promover gestos de entreajuda entre as comunidades paroquiais da vigararia. O Bispo Auxiliar que tem a responsabilidade de acompanhar esta zona pastoral no Oeste da Diocese de Lisboa apontou que a visita pastoral fez “notar o desânimo em algumas comunidades”, bem como “a falta de ardor evangélico” e “a confiança quase exclusiva nas próprias forças”. Nesse sentido, deixou às centenas de fiéis presentes na celebração realizada nas Caldas da Rainha, o apelo para que “como vigararia, formada por comunidades vivas, se encontrem modos de entreajuda concreta, que devolvam àquelas comunidades o entusiasmo do Evangelho e a ousadia da caridade”.
Vida cristã constitui uma força
Apesar da “urgência” dessa entreajuda, D. Nuno Brás não deixou de apontar os diversos aspetos positivos da visita pastoral que durante cerca de dois meses percorreu as paróquias dos concelhos de Peniche, Óbidos e Caldas da Rainha. “A visita pastoral a esta Vigararia de Caldas da Rainha - Peniche que hoje se encerra, mostrou o quanto a vida cristã, longe de se encontrar em agonia, constitui antes uma força e uma fonte de dinamismo e vitalidade, não apenas para os crentes como também para o tecido humano em que, naturalmente, as suas diferentes paróquias se inserem”, frisou.
Segundo o Bispo Auxiliar, a visita pastoral fez ainda “ressaltar o entusiasmo e a dedicação de tantos – leigos, religiosas e sacerdotes – na vida espiritual e na evangelização, bem como nas diferentes atividades sócio-caritativas, que constituem um precioso fruto e uma presença particular do amor divino, sobretudo para com os que mais necessitam”.
Na homilia que proferiu no III Domingo da Quaresma, D. Nuno Brás assinalou, ainda que a visita pastoral “mostrou também a enorme presença cristã no seio dos diferentes níveis de ensino, junto de crianças e de jovens, numa benéfica presença de transmissão de valores e de modos de vida mais humanos e cristãos”.
_________________
Patriarca de Lisboa convida a tomar a sério os efeitos da Visita Pastoral
D. José Policarpo convidou os cristãos da Vigararia de Caldas - Peniche “a tomar muito a sério os efeitos da Visita Pastoral” que terminou no dia 3 de março. Numa mensagem vídeo, previamente gravada e transmitida no final da celebração eucarística nas Caldas da Rainha, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou que os recentes acontecimentos eclesiais, a resignação do Papa Bento XVI e agora o Conclave que está para iniciar, trazem "desafios para a Igreja". "O saber que temos um grande orante que reza por nós, ajuda a rezar mais, ajuda a fazer uma unidade com esse que foi um grande Papa e agora um grande orante na vida da Igreja”, sublinhou.
No entender do Patriarca de Lisboa, "uma Igreja com fé, em comunhão com a Santíssima Trindade, uma Igreja em oração” pode “reforçar o efeito da visita pastoral no sentido da comunidade da fé”, porque, refere D. José Policarpo, o primeiro fruto desta Visita Pastoral "é a alegria de ser comunidade, de pertencer à Igreja". “A Igreja só cresce e se afirma se aprofundar a fé. A fé que proclama continuamente e que celebra, e se exprime no amor fraterno e no amor dos irmãos”, garantiu.
Dirigindo-se aos jovens que estavam em Jornada Vicarial da Juventude, D. José Policarpo convidou-os a seguir Jesus. “Vale a pena seguir Jesus Cristo", garantiu o Patriarca de Lisboa referindo que essa opção "vai definir a alegria" com que os jovens podem estar na vida. Lembrando que "Jesus é a vida, a verdade e o caminho", D. José Policarpo convidou a “abraçar a vida que Jesus oferecer, e escutar o que Deus pede”. “Nas vossas escolhas não vos ouçais apenas a vós mesmos. Escutai-O porque pode ser que Ele tenha caminhos que Ele quer que percorrais. O sentido da Igreja no mundo é o de anunciar sempre que os defeitos da humanidade podem ser corrigidos, que o egoísmo pode ser vencido e que a fraternidade e o amor são possíveis”, concluiu o Patriarca de Lisboa.
_________________
D. Nuno Brás pede aos jovens coragem no testemunho
Num encontro com a juventude, D. Nuno Brás apelou à coragem do testemunho cristão dos jovens da Vigararia de Caldas-Peniche. Questionado sobre a dificuldade de dar testemunho no mundo, sujeitos à crítica dos outros, o Bispo Auxiliar apelou à coragem dos jovens. “Assumirmo-nos como cristãos significa também para os outros um desafio. Nós vamos contra a moda, qual é o problema?”, ressalvou, apontando exemplos de cristãos que arriscam a vida para viverem a sua fé.
Neste encontro que decorreu na manhã de Domingo, 3 de março, no Centro Pastoral de Caldas da Rainha, D. Nuno Brás respondeu a perguntas colocadas pelos jovens, a quem lembrou que Jesus Cristo ressuscitou para testemunhar que "a morte não é a última palavra”. “Os cristãos têm como horizonte a vida eterna que é a vida de Deus. Deus criou-nos para viver com Ele. A morte é quando nos afastamos da vida que é Deus”, frisou. Sublinhando, ainda, que a vida humana começa “com a atitude de fé”, como “uma criança que confia nos pais ou em quem tem confiança”, D. Nuno Brás acentuou que “a fé cristã é entregarmo-nos a Deus”. “A fé é a relação com Jesus Cristo ressuscitado que apresenta uma nova maneira de viver a vida. Dá-nos um outro sentido para a vida. A fé cristã é o aceitar Jesus Cristo lado a lado, no meu peregrinar, nesta vida”, explicou.
Confrontado com aquilo que podem ser sinais exteriores de afastamento de Deus, o Bispo Auxiliar lembrou: “A imagem da Igreja depende de nós. Que imagem nós damos da Igreja? A imagem que os outros têm da Igreja muda dependendo de nós, da nossa fé. Depende de nós mostrar o que é a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
![]() |
Pedro Vaz Patto
No âmbito das celebrações do ano jubilar no Patriarcado de Lisboa, catorze organizações católicas (Ação...
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Há notícias que nos entram pelo coração adentro deixando-nos um misto de sentimentos. A nomeação do P.
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
O Papa Leão XIV disse, há tempos, que ‘antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade.
ver [+]
|
![]() |
Guilherme d'Oliveira Martins
A presença em Portugal do Cardeal Pietro Parolin constituiu um acontecimento que merece destaque, uma...
ver [+]
|