DOMINGO III DA QUARESMA Ano C
“…vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos.” Lc 13, 8-9Escrevo estas linhas poucas horas depois da última audiência do Papa Bento XVI. Ouvi as suas palavras pela rádio enquanto conduzia e o que mais gostei foi a insistência na palavra “irmão”. Não como uma palavra de circunstância mas como um verdadeiro sentimento ao passar o testemunho do seu serviço e da Igreja que não fica órfã, porque Deus é o nosso Pai: "A barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Dele. E o Senhor não a deixa afundar-se; é Ele que a conduz, certamente através dos homens que Ele escolheu, porque assim quis.” Caímos tantas vezes em paternalismos e “filhiísmos” (é claro que não existe esta palavra, mas entendem, não é?) que deixamos de lado essa essencial novidade em que Cristo nos transformou: somos irmãos. Irmãos desavindos, invejosos, rivais, desbaratando heranças ou cumprindo regras sem amor, mas irmãos, não por vontade nossa, mas do Pai que nos ama sem cessar.
Há tanto a aprender do Pai. E essa aprendizagem fazê-mo-la com Jesus. Descobrindo-nos irmãos, e entendendo a profunda liberdade de sermos “filhos deste Pai”, de receber a sua confiança e tirar todas as consequências do “amai-vos como Eu vos amei”. Perdoem, mas às vezes, tenho a sensação que Deus chega a ter mais fé em nós do que nós n’Ele! E querendo o nosso melhor, não o quer como muitas vezes queremos o melhor dos nossos filhos, como bem comenta a Inês Teotónio Pereira no último “i”: “O pior que pode acontecer a uma criança é ter pais que querem o melhor para ela. O fatídico “Eu só quero o melhor para ele” é uma tragédia. A criança está tramada, antes de ser gente já carrega um fardo às costas: tudo aquilo que os pais acham que é melhor para ela. […] Antes do mais, o nosso filho tem de ter sucesso - porque sucesso é sinónimo de melhor - e para isso tem de se ser bom desportista, bonito, popular e bom aluno, do ideal renascentista, despertando assim a vaidade e o orgulho dos pais. […] O melhor para o filho é que os pais gostem deles e que os respeitem mais do que ninguém. O melhor para os filhos é que pais sejam os melhores a gostar e a respeitar os filhos. Tudo o resto é cosmética que sai com água.” Pois é, creio que o desejo do Pai que sejamos santos e dêmos fruto em abundância é da qualidade que Jesus nos ensina e oferece, e não de outra que gera frustrações ou desânimos! E o que tem isto a ver com a figueira do Evangelho de hoje? O vinhateiro é um homem de esperança. Percebe que pode tratar ainda melhor aquela figueira. Não se limita ao habitual, ao que sempre fez, e vai inventar novos gestos de cuidado. Acredita que o amor pode triunfar. E quem é esta figueira? Eu próprio, a vida que recebo, aqueles que digo amar, a Igreja, os irmãos que me custa aceitar, o presente que é tão difícil? Se o vinhateiro é Jesus, não poderei sê-lo também eu?![]() |
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