Lisboa |
Atouguia da Baleia recebe Visita Pastoral
Uma década a procurar caminhos de comunhão
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Atouguia da Baleia é uma paróquia em que 95% das crianças e jovens frequentam as aulas de EMRC. “A fé faz parte da vida dos nossos jovens”, salienta o pároco desta freguesia, que tem 17 comunidades e que recebeu por estes dias a Visita Pastoral.

 

É uma paróquia com 17 comunidades, que tem Missa dominical em 14 delas! “A realidade de Atouguia da Baleia é muito dispersa. É composta por 17 comunidades e cada uma delas tem a sua identidade histórica e cultural. Temos as comunidades do interior, que abrange a zona de Ribafria, Bufarda, Reinaldes ou Casais Brancos, e depois aquelas mais junto ao mar, como Ferrel, Consolação, Geraldes ou São Bernardino, que tiveram uma presença franciscana muito grande”, comenta ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco, padre Gianfranco Bianco Ventura. Segundo este sacerdote, esta é uma terra “que teve uma importância histórica enorme”, porque “era um local onde a Casa Real Portuguesa vinha passar muito tempo”.

A Atouguia da Baleia pertence à Vigararia de Caldas da Rainha - Peniche e tem cerca de nove mil habitantes. “É uma freguesia com uma população muito plural, mas com grande presença cristã”, assegura o pároco, que está presente nesta terra há onze anos. “O grande desafio, nesta década, foi precisamente criar espírito de comunhão. Porque o facto de a paróquia ser dispersa geograficamente traz esta dificuldade de nos reunirmos e de percebermos que há uma consciência paroquial”. Para este sacerdote, que conta com a colaboração do padre Salvatore Forte, a paróquia de São Leonardo de Atouguia da Baleia tem de continuar a aposta “na catequese e na formação de pessoas”. Não escondendo que “a mudança de mentalidade tem sido lenta”, o padre Gianfranco considera que as apostas pastorais “têm criado consciência de comunhão e de centralidade”.

 

Um agrupamento em cada paróquia

Os escuteiros da Atouguia da Baleia nasceram há dez anos, após a chegada do padre Gianfranco. “Quando eu cheguei à paróquia, os escuteiros já estavam em formação mas o agrupamento só foi aberto um ano depois”. Hoje, o Agrupamento 1228 - Atouguia da Baleia envolve 120 elementos, além de cerca de 15 dirigentes, mas ao longo dos anos tem vivido diferentes fases. “Os escuteiros na Atouguia tiveram uma fase áurea logo no início; depois houve uma dificuldade porque alguns elementos foram saindo por serem de Peniche, mas a pouco e pouco o movimento foi integrando jovens da paróquia”, observa o pároco e assistente.

No âmbito da Visita Pastoral à Vigararia de Caldas - Peniche, D. Nuno Brás visitou, ao longo de vários dias, a paróquia de São Leonardo de Atouguia da Baleia e encontrou-se também com os escuteiros. “Acho que os escuteiros são essenciais e que deveria haver um agrupamento em cada paróquia! Porque os escuteiros são uma forma de nós vivermos como cristãos no serviço aos outros e na entreajuda”, sublinhou D. Nuno Brás, um bispo com uma forte ligação ao escutismo. “Fui um dos fundadores do agrupamento 379 (A-dos-Cunhados), além de dirigente do agrupamento 37 (Bairro da Encarnação, em Lisboa) e assistente do agrupamento 834 (Anjos)”, revelou.

Na tarde do passado sábado, dia 2 de fevereiro, na sede dos escuteiros de Atouguia da Baleia, o Bispo Auxiliar de Lisboa começou por dialogar com os ‘escutas’ mais novos: os lobitos, dos 6 aos 10 anos, e os exploradores, que têm entre 10 e 14 anos. “Por que é que para andar nos escuteiros é preciso andar na catequese?”, perguntava o lobito Diogo. “Um batizado deve andar na catequese porque faz parte da vida de batizado. Alguém que é batizado deve aprender a conhecer e a viver, cada vez mais, com Jesus. A catequese e os escuteiros são duas coisas diferentes e complementares”, respondeu D. Nuno, questionado de seguida sobre a importância da participação na Eucaristia: “Os escuteiros devem ir sempre à Missa aos Domingos porque Jesus ressuscitou num Domingo. A partir do momento da ressurreição de Jesus, os cristãos reuniram-se sempre aos Domingos! Portanto, é uma marca do ser cristão! Ninguém é cristão sozinho, somos cristãos sempre uns com os outros. A Missa é o momento em que estamos unidos a Jesus e unidos aos outros que connosco partilham da mesma fé”.

À pergunta “Como vê os escuteiros?”, D. Nuno Brás não escondeu a importância que atribui a este movimento juvenil. “A atividade dos escuteiros faz-nos perceber que nós não somos únicos no mundo, que existem outras pessoas e que nós temos de trabalhar todos, em conjunto. Por outro lado, os escuteiros fazem-nos também estar mais próximos de Deus, porque percebemos que a natureza é qualquer coisa que Deus nos deu para nós vivermos e para vivermos melhor. Os escuteiros marcam sempre a nossa vida!”.

Depois, num encontro com os escuteiros mais velhos – os pioneiros, que têm entre 14 e 18 anos, e os caminheiros, com idades compreendidas entre os 18 e os 22 anos – o Bispo Auxiliar do Patriarcado falou sobre a importância para a vida cristã de a juventude participar nos grupos de jovens das paróquias. “O importante é encontrar Jesus Cristo! O importante é que Jesus não seja alguém que viveu há dois mil anos, que disse umas coisas bonitas e em que o mundo seria melhor se todos puséssemos em prática aquilo que Ele disse, e pronto! Se Jesus Cristo é alguém vivo, se está no meio de nós e se ressuscitou verdadeiramente, então encontrar Jesus Cristo significa encontrar um outro horizonte de vida muito maior! Perceber que Jesus Cristo nos ajuda a este outro horizonte é o essencial! E a partir daí, o horizonte é de tal forma que não deixamos, nunca mais, de ser ‘curiosos’ e de perceber que só este Jesus Cristo nos dá o sentido da nossa existência”. Aos dirigentes dos escuteiros, D. Nuno Brás convidou-os “a incentivarem os jovens a participarem nas atividades da Igreja” e a mostrarem que “Jesus Cristo é importante nas suas vidas”.

 

Escutar, acolher e viver

A Atouguia da Baleia é uma paróquia que tem a catequese dividida em dez centros e que acolhe 700 crianças e adolescentes. Um número que o pároco considera muito bom. “É um dado muito interessante. Em termos de percentagem, é um número muito bom, mas é também de salientar que a presença das aulas de EMRC [Educação Moral e Religiosa Católica] nas escolas ronda os 95%. Isto mostra que a fé não é uma coisa alheia aos jovens, pelo contrário, a fé faz parte da vida dos nossos jovens”, salienta o padre Gianfranco.

Muitas destas crianças, mas também adolescentes e jovens, acompanhados dos pais, encheram a igreja de São Leonardo para um encontro com D. Nuno Brás. Na sua conversa com os mais novos, o Bispo Auxiliar do Patriarcado focou as três atitudes do cristão. “A primeira coisa que é essencial para um cristão é escutar. A fé cristã não nasce espontaneamente, nasce do escutar. Depois, é importante acolher a Palavra de Deus no coração. A terceira atitude do cristão é viver! A fé cristã não é qualquer coisa só para sabermos ou sentirmos… a fé cristã é algo para nós vivermos e darmos aos outros”, salientou D. Nuno Brás às crianças da catequese.

Neste encontro, que decorreu após a visita aos escuteiros, houve tempo para um diálogo com os pais das crianças da catequese, com os educadores a lembrarem a D. Nuno Brás “a angústia e preocupação de Maria, na educação do Deus Menino, que não é muito diferente, talvez, do que os pais de hoje sentem na sua missão de educadores”. Os pais pediram por isso “alguns conselhos” ao Bispo Auxiliar para guiarem os seus filhos: “O grande conselho é que os pais sejam pais! Que os pais não abdiquem de serem pais, não abdiquem de corrigir, não abdiquem de incentivar, não abdiquem de amar. Mas amar não significa fazer tudo o que os filhos querem, amar não significa centrar tudo nos filhos. Significa abrir e integrar os filhos nesta sociedade, não tanto para serem consumidores mas para serem atores, protagonistas. E isso faz-se muito pelo exemplo! Mostrem que são bons cristãos e vivam bem a vossa vida de família”.

Numa outra pergunta, os pais interrogaram o Bispo Auxiliar de Lisboa sobre se a situação de crise no país é uma prova à fé dos cristãos: “É importante perceber que a crise não é propriamente comandada por Deus. Eventualmente, a crise resulta de uma falta de Deus! O facto de termos afastado Deus da vida concreta do nosso dia-a-dia levou muita gente a julgar que o importante é viver o momento. A vida é muito mais que o momento! Nós, cristãos, somos convidados a viver a vida eterna, que é a vida com Deus!”. A terminar o diálogo entre o Bispo Auxiliar e os pais, D. Nuno Brás foi questionado sobre “como cativar e fortalecer os jovens e crianças na fé”. O Bispo Auxiliar de Lisboa sublinha que “a Igreja serve para aproximar os seres humanos de Jesus Cristo”. Neste sentido, reforçou, “a Igreja quer que Jesus Cristo seja conhecido” e que “as pessoas se aproximem mais d’Ele”.

 

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A presença do Pastor na Atouguia

“Foi fantástico! Foi surpreendente!”. É desta forma que o pároco de Atouguia da Baleia resume ao Jornal VOZ DA VERDADE a presença de D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, nesta paróquia, ao longo de cinco dias, para a Visita Pastoral. “O facto de o senhor bispo ter passado por todas as comunidades foi uma surpresa! Cada comunidade fez o seu acolhimento e foi fantástico! Tivemos as janeiras, músicas, discursos, encontros! Todos estes momentos foram muito calorosos!”, conta o padre Gianfranco, sublinhando que “antes da chegada do senhor bispo houve cinco encontros em cada comunidade para preparar a visita pastoral”.

A Missa de encerramento da visita pastoral à paróquia de Atouguia da Baleia, no Domingo, dia 3, foi também um momento de comunhão de toda a paróquia. “Cada comunidade fez-se representar, com a sua bandeira. O próprio coro, que tem sempre dificuldade em garantir gente de todas as comunidades, foi uma presença multifacetada de todas as comunidades e integrou mais de 50 pessoas!”, observa o pároco, salientando não saber quando se tinha realizado a última visita a esta paróquia da Vigararia de Caldas - Peniche: “O desejo das pessoas era que a visita continuasse por mais dias! O senhor D. Nuno foi uma presença muito próxima e as comunidades sentiram-se muito amadas e acolhidas com o pastor que ele é”.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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