Vivemos como um ser esquartejado, dividido entre trabalho, lazer, sentimentos, deveres, razão e vontade. Procuramos ser bons em tudo isso, ou então escondemos dos demais as nossas dificuldades, de modo a não ter que pedir desculpa pelos nossos erros, ou a viver a humilhação das nossas incapacidades, como se fossemos obrigados a ser perfeitos em tudo isso. Mas esquecemo-nos de procurar o todo, a harmonia do nosso existir.
É que o ser humano é um todo, onde todas as realidades se encontram em comunicação, de tal modo que todas sofrem quando alguns dos aspetos da nossa existência correm menos bem ou mesmo mal; e, ao contrário, todo o homem se alegra quando é capaz de alguma vitória, fruto do seu esforço ou da sua disponibilidade para acolher o outro, particularmente o Outro que é Deus.
O esquecimento desta realidade, a única a poder oferecer-nos verdadeira harmonia e felicidade, tem conduzido a verdadeiras desgraças não apenas a nível individual - com grandes especialistas numa determinada matéria científica mas perfeitamente desastrados no relacionamento com os seus semelhantes - mas igualmente a nível da própria sociedade em geral.
Com efeito, se já estávamos habituados ao "génio" que é perfeitamente "despistado" nos demais aspetos da sua vida, não estávamos - nem nunca estaremos - habituados a um conjunto de indivíduos que procuram ser bons nas diversas dimensões da sua vida, mas onde estas nada têm a ver umas com as outras: ser bom profissional e ser bom pai de família são realidades vistas como perfeitamente independentes; ser bondoso com os outros e desrespeitar constantemente as regras do código da estrada, aparece como algo de perfeitamente compatível...
Aliás, olhamos tudo isso como desculpável, desde que a pessoa em questão seja alguém que produz muito e seja importante no meio desta sociedade, onde a economia se tornou a "rainha das ciências".
Falta-nos, definitivamente, a harmonia que apenas Deus é capaz de dar aos santos. Mais: confundimos a santidade, que é sempre fruto do agir divino em nós, com o "especialista" em religião, e colocamo-lo ao lado do "cientista" que conquistou um lugar de destaque no mundo da ciência, ou com o artista do mundo do futebol ou do espetáculo (aliás, damos-lhes, significativamente o apelido de "ídolos")...
O mundo feito pelo homem, em que Deus foi esquecido e colocado à margem, decididamente não dá (hoje como no passado) grandes frutos. Talvez seja o momento de, verdadeiramente, darmos mais tempo e espaço a Deus, para que Ele se manifeste na nossa vida e nos construa - a nós e, por nosso intermédio, a toda a realidade à nossa volta. Com a harmonia e a beleza que apenas Ele é capaz de imprimir no mundo.
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