Domingo |
À procura da Palavra
Preparar o caminho

DOMINGO II DO ADVENTO Ano C

"‘Preparai o caminho do Senhor,

endireitai as suas veredas.”

Lc 3, 4

 

No tempo em que havia reis, e neste tempo, em que não os havendo, muito se governa da mesma maneira, mandavam-se arranjar as estradas e caminhos por onde sua alteza devia passar, nas visitas que fazia ao reino. Pouco importava que isso significasse uma melhoria efectiva da vida dos súbditos, o fundamental era “tudo parecer perfeito”. Tal qual a azáfama inaugurativa anterior a eleições que a democracia muitas vezes acabou por gerar. E sem visitas nem eleições, o clamor de João Baptista neste domingo quase parece uma apologia às auto-estradas que se abriram no nosso país, a que custos e com que responsabilidades graves no nosso futuro penhorado! Mas não, João Baptista não convida a obras de fachada, nem joga com o futuro de ninguém em proveito do presente!

De que caminhos fala João Baptista? Que vales e montes, que veredas escarpadas precisam de ser aplanados? Não serão aqueles que trazemos dentro de nós, neste território interior onde tantas vezes deixamos de ver o sol e nos perdemos? E também aqueles que traçamos numa sociedade ainda tão injusta, tão capaz de grandeza e simplicidade mas tão dependente de interesses egoístas e desumanizadores. São os caminhos que se enchem de ervas e silvados, de indiferença e distância, que ligam (ou já não!) as nossas vidas. É também o caminho onde Deus gosta de vir ao nosso encontro mesmo que tenhamos pouco tempo para O acolher. Como podemos preparar esses caminhos para acolher Jesus? Como O acolhem as nossas comunidades?

Dizia o poeta espanhol António Machado que “el camiño se hace al andar” e assim nos ensina o ritmo do tempo. Como o coração, (é mau sinal quando pára!) assim a vida: preparamos andando, colocando com coragem e autenticidade um pé a seguir ao outro, esperamos indo ao encontro. Não é assim entre as pessoas que se amam? E o encontro com Jesus em pessoa que é senão um encontro de amor? A fé em Jesus não se exprime simplesmente numa doutrina que se decora, mas numa vida que se transforma. É a maravilha de sermos e vivermos como filhos do Pai que Jesus nos dá a conhecer. E o caminho deixa de ser uma linha que rasga a paisagem para ser a vida abundante e feliz com Jesus. Como se manifesta essa vida no acolhimento que fazemos a quem procura Jesus em nós?    

A interpeladora Carta do nosso Bispo para este Ano da Fé convida-nos também a um caminho: a peregrinação da Fé. Quantos caminhos a endireitar poderemos descobrir nestas suas palavras: “Desde a nossa Cúria Diocesana, às estruturas vicariais e paroquiais, toda a organização pastoral é chamada a renovar-se, no ardor da fé e da missão, durante este Ano da Fé.” Mas será que queremos?

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