DOMINGO XXXI COMUM Ano B
"Qual é o primeiro
de todos os mandamentos?”
Mc 12, 28
Não devia ser fácil memorizar os preceitos e mandamentos que os especialistas da Lei de Israel tinham encontrado na Bíblia. Dizem os exegetas que tinham chegado ao admirável número de 613: destes, 365 (como os dias do ano) eram proibições e ordens sobre o que não se podia nem devia fazer e 248 (como as partes do corpo, na concepção daquele tempo) eram as obrigações e mandamentos a cumprir. Parece que as mulheres só estavam obrigadas a cumprir as primeiras! Uma síntese ou um resumo que definisse o essencial era um desejo natural de muitos. E aí os rabis dividiam-se em intransigentes e tolerantes, chegando uns a correr à paulada quem pedia um resumo, e outros a apontar o preceito do sábado, o amor a Deus, ou o “faz aos outros o que gostarias que te fizessem” como ideias centrais da Lei.
Quando o amor se mistura com contabilidade está tudo estragado! E imaginar Deus como um super-contabilista, que vai registando em colunas de “deve” e “haver” (ou talvez em “folhas exel”!) os cumprimentos humanos dos preceitos, é reduzi-l’O a um “mangas de alpaca” pouco atraente. A gratuidade e encanto em fazer o melhor a quem se ama não rima com contagem de pontos. Pode haver momentos de menos ardor, de algum egoísmo e até insconstância, pois o perdâo também faz parte do amor, mas contabilidade, não! Claro que se seguimos apenas os sentimentos e chamamos amor à enxurrada ou ao incêndio que a paixão traz consigo, podemos apanhar desilusões. O amor que a Bíblia nos propõe (porque Deus nos criou para ele) também inclui a paixão mas tem mais a ver com o sair cada um de si mesmo, não endeusar as suas necessidades, alegrar-se com o crescer do outro, reconstruir e voltar a semear, um pouco como aquele poema do Sebastião da Gama que dizia: “Aquele sim de nós dois, Senhor / foi tão sincero / que agora, quando eu digo: “Quero” / já não sou eu que digo. Somos nós”.
Ao unir o amor a Deus e o amor ao próximo Jesus ajuda-nos a sair do perigo de uma certa esquizofrenia religiosa. Aquela que faz do culto e da oração algo distante do carinho e da proximidade com os outros. Como se houvesse uma “guerra” interior entre a espiritualidade e a acção, ambas disputando o nosso tempo. Se não estou com Deus também quando estou com os outros, como entender a unidade deste amor? E os momentos de oração pessoal e comunitária não são expressão de amar a vida, a criação e as pessoas? E se não partem da vida e nos enchem de mais amor para lhe levar, que interesse poderão ter? A verdadeira síntese é ser inteiro em todas as circunstâncias. E isso só se consegue amando! E Jesus vai-nos mostrando como…se deixarmos!
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