São de Lisboa e estiveram presentes em Milão, no Encontro Mundial das Famílias. Fátima e Luís Lopes sentiram-se tocados pela multidão que mostrava a unidade da Igreja e terminaram o encontro com o Papa surpreendidos com o silêncio de um milhão de pessoas em adoração.

“A Igreja é uma família de famílias. Há várias famílias dentro da Igreja, mas em Milão percebemos essa unidade e a construção dessa unidade numa única família, que é a Igreja!”. Fátima e Luís Lopes são um casal da Diocese de Lisboa que esteve presente em Milão, no Encontro Mundial das Famílias (EMF), de 30 de Maio a 3 de Junho. Casados há 30 anos, pais de três filhos e avós de dois netos – um terceiro neto irá nascer em Agosto –, o casal Lopes salienta que durante o encontro foi destacada a importância do testemunho das famílias cristãs. “Em Milão, foi sempre muito sublinhado o sermos esperança para as famílias que passam por dificuldades e ao mesmo tempo corresponder àquilo que é a vontade de Deus”, observa Luís.

Fátima e Luís deram testemunho da experiência vivida em Milão num encontro realizado na paróquia da Benedita. Organizado pelo Sector da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa, esta partilha pretendia fazer o reflexo do EMF numa perspectiva de nova evangelização. “Os Encontros Mundiais das Famílias são sempre marcantes, são uma experiência única! Todos os que participam podem testemunhar isso mesmo”, assegura Luís Lopes.

Uma loucura

Segundo a organização, Milão acolheu cerca de um milhão de pessoas. Fátima salienta o rebuliço milanês. “O encontro foi, de facto, uma loucura! A cidade de Milão estava cheia de famílias, de carrinhos de bebé, as pessoas moviam-se à volta deste acontecimento com o Papa”. Ao mesmo tempo, realça, a presença daquelas famílias teve um papel evangelizador. “Foi uma experiência de comunhão e de fé. E isso é o fundamental! Porque a evangelização é anunciar a boa nova, é anunciar aos outros aquilo que nos foi anunciado a nós”.

O Encontro Mundial das Famílias tinha como temática ‘A Família, o Trabalho e a Festa’. Fátima recorda que aquando da escolha do tema “houve pessoas que levantaram dúvidas”, mas sublinha a actualidade desta reflexão. “Foi uma surpresa muito grande, porque este tema diz tudo em relação às famílias. Tudo tem a ver com a família! Tudo tem a ver connosco!”. Apontando que o EMF em Milão começou por “fazer uma abordagem à crise que vivemos”, Fátima diz ter sentido a Igreja muito atenta aos problemas das famílias. “Somos homens de fé, mas não podemos estar afastados da realidade. As grandes transformações sociais exigem uma reflexão frente aos desafios prementes e imediatos. Toda esta agitação de mudança confronta-nos com situações que colocam a família num desgaste permanente. As famílias têm dificuldade em saber como devem educar os filhos, como viver perante as dificuldades económicas e a Igreja tem uma palavra de esperança a dar”.

Multidões e encontro familiar

Nos dias passados na cidade italiana, a receptividade e o acolhimento das famílias cristãs milanesas foi também algo que marcou as famílias de todo o mundo. E os portugueses sentiram também isso mesmo, segundo Luís. “Os Encontros Mundiais de Famílias são ocasião de partilha, de abrirmos as nossas casas a outras experiências. Muitas famílias de fora de Itália foram acolhidas por famílias milanesas e puderam partilhar as refeições, a sua espiritualidade e isso é sempre enriquecedor. Perceber que a Igreja é construída por pedras vivas, por pessoas que têm chama, que têm fé e que partilham essa mesma fé”. Luís Lopes comentou ainda que, em Milão, viveu duas experiências de Igreja. “O EMF teve duas dimensões: as grandes multidões que se reuniram com o Papa e a experiência da Igreja doméstica, o pequeno lar cristão que acolhe todos”.

A presença em Milão foi igualmente aproveitada pela família Lopes para conhecer diversas igrejas. “Estas viagens permitem aprofundar temas teológicos e antropológicos, mas também contactar com a história da Igreja viva! Por isso, nestes dias em Milão visitámos a igreja de Santo Ambrósio e vimos também outros monumentos”, contam.

Famílias fortalecidas

O silêncio marcou também o Encontro Mundial das Famílias em Milão. Na celebração conclusiva, presidida por Bento XVI, mais de um milhão de pessoas fez silêncio em adoração. Fátima diz ter sido “impressionante a quantidade de pessoas” presentes nesta Eucaristia. “Só pela fé é possível tanta gente junta a fazer silêncio. Não se ouvia nada, absolutamente nada! São, sem dúvida, experiências únicas”, assegura Fátima.

Hoje, passado mais de um mês da experiência com inúmeras famílias cristãs de todo o mundo, Fátima e Luís Lopes não têm dúvidas em salientar que o encontro de Milão abriu uma nova esperança para as famílias. “Foi uma experiência de grande esperança, de grande optimismo. Todas as famílias que estiveram em Milão saíram, com certeza, mais fortalecidas com a vivência deste encontro”, garantem.

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Memórias que ficam

Fátima

“O que me tocou mais foi o partir de uma coisa muito simples que é a casa. Esta metáfora da casa! A casa que é a nossa casa! Primeiro, porque nós, famílias, precisamos de ter uma casa e de construir a nossa casa, com os objectos que dizem muita coisa de nós. Depois, dentro da casa, acontecem as coisas mais maravilhosas, que são a experiência das histórias de vida, tudo aquilo que se cruza e toca na experiência da casa. E esta é a experiência do sermos cristãos, quando tocamos o outro.”

Luís

“Milão foi um renovar da lua-de-mel, porque o sacramento do Matrimónio renova-se! Os casais também precisam de redescobrir o namoro e essa intimidade de casal! Foi um retiro muito bonito que fizemos. Das conferências, tocou-me particularmente a intervenção do cardeal Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, sobre as três salas da casa: a sala da dor, a sala do trabalho e a sala da festa.”

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EMF educam para a fé

“A nova evangelização e o amor ao outro foram as grandes linhas do 7º Encontro Mundial das Famílias”, referiu o director do Sector da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa. Num encontro na paróquia da Benedita, no passado Domingo, 8 de Julho, o diácono José Paulo Romero sublinhou a dimensão internacional do EMF: “Não é com facilidade que se junta um milhão de pessoas numa cidade, em que um aeroporto foi o palco de um grande encontro das famílias com o Santo Padre, para a celebração da Missa de encerramento”.

Em Milão, “cruzaram-se muitas culturas, muitas maneiras de ver e sentir a família nas diversas sociedades”. Um milhão de pessoas “deu graças a Deus pelas famílias constituídas, com a presença de Deus”. Mais de 400 bispos e 50 cardeais participaram no evento. “Isto mostrou que a Igreja está empenhada na família, e a tem no seu centro e no seu coração. A Igreja reconhece que a família é um dom e um bem que deve ser protegido e guardado”.

No EMF, segundo o director do Sector da Pastoral Familiar, o Papa ‘pôs o dedo na ferida’: “Não há futuro para a humanidade sem a família constituída no matrimónio entre um homem e uma mulher!”. Para o diácono Romero, “educar para a fé” é também o objectivo destes encontros que se realizam de três em três anos, com o próximo a estar já marcado para a cidade de Filadélfia, nos Estados Unidos, em 2015.

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O desafio da catequese doméstica

O próximo ano pastoral será, essencialmente, marcado pelo Ano da Fé, convocado por Bento XVI. Para o responsável pela Pastoral Familiar, a diocese “quer dar ênfase à catequese doméstica”, pelo que, revelou, “estão a ser preparados bons instrumentos para não faltarem meios para os pais e avós darem uma boa catequese em casa”. Pais e avós, mas também os padrinhos: “Os padrinhos têm uma missão muito importante a desempenhar. É importante que os padrinhos não fiquem só pelo dia do aniversário do baptismo!”.

Neste encontro na Benedita, o diácono Romero citou ainda palavras do Papa na Carta Apostólica ‘Porta da Fé’, pedindo testemunho de fé aos cristãos. “A renovação da Igreja realiza-se através do testemunho, prestado pela vida dos crentes: os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou”.