NASCIMENTO DE S. JOÃO BAPTISTA
"Na verdade, a mão do Senhor estava com ele."
Lc 1, 56
Imagino sempre João Baptista em adulto. E ainda que alguns artistas tenham pintado Jesus e João em meninos, algumas vezes com as mães, é a imagem austera do precursor, de mão levantada e dedo a apontar, a que melhor o define na sua missão de fronteira. E não deve ter sido fácil reconhecer na acção de Jesus, o Reino que não se estabeleceria pela força mas pela misericórdia. A mão de Deus não viria castigar os pecadores mas levantar os abatidos. Por isso, a sua mão a indicar Jesus, é convite ao encontro pessoal e comunitário com Aquele "que há-de vir depois de mim e a quem não sou digno de desatar as sandálias dos pés" como dizia João.
A agitação do nascimento parece antecipar a agitação da sua vida. Para lá do nome tradicional que lhe queriam dar irá prevalecer a escrita silenciosa de Zacarias, a realizar a vontade de Deus. João é um nome e uma missão: ser testemunha da bondade de Deus, da sua clemência. É sob o olhar de Deus que toda a vida nascente ganha o horizonte que lhe é devido. E se as mãos de Deus acompanham João e nos acompanham a nós, reconhecemos a nossa identidade no seu essencial movimento de vida: receber e oferecer.
"Aqui estão as mãos / São os mais belos sinais da terra..." escreveu o poeta Eugénio de Andrade. Não nos maravilharemos suficientemente com os milagres que com elas podemos fazer. Nestes dias, um norte-americano sem pernas, perdidas na infância por uma doença genética, subiu a maior montanha de África, o monte Kilimanjaro, com 6 mil metros de altura, caminhando com as mãos até chegar ao topo. Das mãos criadoras de Deus que nos modelam no barro inicial, às mãos estendidas de uma criança, da mão amiga e firme de um pai e uma mãe, às mãos ternas dos que se amam, recebemos e oferecemos a vida também por elas. E estes dois movimentos são fundamentais: ninguém é tão rico que não precise, nem tão pobre que nada tenha para oferecer. Por isso é urgente a sabedoria que este dinamismo implica. Receber, sem cultivar a importância de oferecer, gera egoísmo, dependência, irresponsabilidade. Oferecer, sem aceitar receber, gera superioridade, indiferença, desprezo. Tenho dificuldade em acreditar que se pode ajudar verdadeiramente alguém, sem receber algo que o outro também possa oferecer. "Temos duas mãos: uma para dar e outra para pedir", gosta de dizer a Irmã Luísa.
Nas avaliações e projectos pastorais não poderíamos aplicar também este dinamismo que as mãos de Deus nos ensinam? Para não dizer como o Eugénio: "Que tristeza tão inútil essas mãos / que nem sempre são flores / que se dêem..."!
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