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Papua-Nova Guiné: Irmã Maria luta contra casamentos forçados de raparigas
Uma mulher sem medo
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Dois, três, cinco? Quantos animais domésticos vale uma menina, uma rapariga? Na Papua-Nova Guiné, é ainda assim que se combinam casamentos, que se estragam vidas, que se arruínam futuros. A Irmã Maria del Sagrario é conhecida pela sua coragem. Ela acolhe e dá abrigo a estas jovens em risco. O seu trabalho é difícil, mas seria impossível sem a ajuda da Fundação AIS.

 

A Papua-Nova Guiné é um país pobre da Oceania. Mas a maior pobreza vem da tradição, tão arreigada na cultura local, que continua a ser regra e lei mesmo quando traz sofrimento e revolta. É o caso dos casamentos forçados, em que jovens meninas são vendidas a troco de apenas alguns animais domésticos. Quem nunca se conformou com esta situação foi a Irmã Maria del Sagrario, uma religiosa argentina que pertence às Servas do Senhor e da Virgem de Matará, que, com mais cinco irmãs, procura salvar o maior número possível de raparigas deste flagelo que a tradição continua a impor nesta região do mundo. A Irmã Maria acolhe raparigas num internato feminino na Diocese de Vanimo que tem o apoio – essencial – da Fundação AIS, e, por outro lado, vai ajudando na formação de catequistas, pois só a cultura poderá fazer frente ao obscurantismo de séculos.

 

Casa de acolhimento

Hoje, na Papua-Nova Guiné, já quase toda a gente ouviu falar na Irmã Maria del Sagrario. Ela é teimosa, não desiste à primeira contrariedade. É voluntariosa. Ela e outras cinco irmãs estão em Vanimo desde 2002, mas só sete anos mais tarde, em 2009, é que conseguiram abrir a casa de acolhimento. Esta casa é o refúgio seguro para 19 raparigas – a mais nova tem apenas 13 anos – mas precisa urgentemente de obras. Mas como arranjar dinheiro na região mais pobre de um dos mais pobres países do mundo?

 

Santa teimosia

Teimosa, segura das suas convicções, a Irmã Maria falou com as autoridades locais, questionou sacerdotes, interpelou o bispo, e não aceitou nunca o encolher de ombros de quem se resigna perante as contrariedades. E pediu ajuda à Fundação AIS. Claro que este projecto foi apoiado. Nem poderia ser de outro modo. Crianças, meninas trocadas por animais domésticos? Vidas hipotecadas pela ignorância? Combater os casamentos forçados na Papua-Nova Guiné passou a ser a batalha diária destas Irmãs Servas do Senhor e da Virgem de Matará.

 

Casamentos forçados

“Nós já trabalhávamos há anos no Centro pastoral de Vanimo antes de termos conseguido abrir esta casa para as jovens”. A Irmã Maria explica como a Casa de Lujan – assim se chama o espaço de acolhimento das jovens em risco – é absolutamente essencial: “Um dos maiores perigos que vivem as adolescentes e jovens na Papua-Nova Guiné é de serem vendidas para os chamados casamentos forçados. A nossa prioridade é tentar ajudar as jovens, através da formação e educação humana e cristã, a fim de que quando regressarem às suas casas sejam capazes de formar uma família”.

 

Exemplo de tenacidade

A Diocese de Vanimo é muito pobre. Falta quase tudo à Igreja local, até sacerdotes. Em muitos vilarejos, escondidos na selva, há comunidades que apenas recebem a visita de um sacerdote uma vez por ano. As Irmãs também estão atentas a isso e desdobram-se em viagens, dão apoio às populações, dão formação a catequistas, mantêm viva a fé em Cristo. A Irmã Maria del Sagrario e as outras cinco religiosas das Servas do Senhor e da Virgem de Matará são um exemplo para todos nós. Nunca dizem que estão cansadas, apesar de fazerem dezenas e dezenas de quilómetros por dia; nunca se queixam das dificuldades, apesar de lhes faltar quase tudo em casa; nunca dizem que não, quando alguém lhes pede ajuda, mesmo que não tenham nada para dar, nada para oferecer, a não ser a própria fé e a coragem com que enfrentam as dificuldades dos dias. É por isso que a Irmã Maria, a irmã que nunca desiste, agradece tanto o apoio da Fundação AIS, o seu apoio.

 

www.fundacao-ais.pt

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