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A uma janela de Roma
Papa reafirma confiança nos seus colaboradores
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O caso da fuga de documentos secretos continua ainda na ordem no dia, na semana em que decorre em Milão o Encontro Mundial das Famílias. No Pentecostes, o Papa deixou ainda um alerta, tal como num discurso aos bispos italianos. Por fim, o Vaticano publicou normas sobre aparições.

 

1. Bento XVI reafirmou confiança nos seus colaboradores e lamentou “ilações gratuitas”. No final da audiência geral de quarta-feira, na Praça de São Pedro, o Papa referiu-se expressamente aos “acontecimentos ocorridos nestes dias”, envolvendo a Cúria Romana e os seus colaboradores. Se esses factos entristeceram o seu coração, como observou, não se ofuscou contudo “a firme certeza de que, não obstante a debilidade do homem, as dificuldades e provações, a Igreja é guiada pelo Espírito Santo”. Bento XVI lamentou que se tenham “multiplicado ilações completamente gratuitas, amplificadas por alguns meios de comunicação, indo muito para além dos factos e dando da Santa Sé uma imagem que não corresponde à realidade”. “Desejo, por isso, renovar a minha confiança e o meu encorajamento aos meus mais directos colaboradores e a todos os que, quotidianamente, com fidelidade, espírito de sacrifício e em silêncio, me ajudam no cumprimento do meu ministério”, acrescentou o Papa.

Também o Substituto da Secretaria de Estado, arcebispo Angelo Becciu, salientou em entrevista que “no Papa prevalece a compaixão pela pessoa implicada”, mas “não deixa de ser verdade que o ataque que sofreu é muito violento”. Para este arcebispo, que é considerado o número 3 do Vaticano, “quando um católico fala ao Romano Pontífice, tem o dever de se abrir como se estivesse diante de Deus, também porque sente garantida uma absoluta reserva”.

Recorde-se que a polémica prolonga-se desde o início do ano, com várias fugas de documentos secretos e cartas confidenciais publicadas na comunicação social – documentos que envolvem o Papa e os seus mais directos colaboradores. Tinha sido convocado uma reunião no Vaticano, com a nomeação de um grupo de cardeais, para apurar de onde vinha a repetida fuga de documentos, mas na sexta-feira passada, dia 25, a polícia do Vaticano anunciou que prendeu o mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele. Um homem do círculo mais restrito do Papa, que estava ao serviço do Apartamento Pontifício desde 2006 e que foi apanhado e detido, por posse ilícita de documentos reservados, escondidos no apartamento onde vive com a sua família.

Este episódio acontece um dia depois do presidente do IOR – Instituto para as Obras de Religião, Gotti Tedeschi, ter sido demitido pela administração do banco do Vaticano, por falta de entendimento na aplicação das regras de transparência financeira.

 

2. Já teve início o VII Encontro Mundial das Famílias, que se realiza em Milão com a presença do Papa. Na semana passada foi anunciado o grupo de artistas que vai participar na grande festa deste sábado à noite. A chamada ‘Festa dos testemunhos’ reunirá à volta de Bento XVI famílias de todo o mundo e também artistas, entre eles a portuguesa Dulce Pontes. Na festa participam vários actores, uma orquestra sinfónica, coros gospel, bandas pop, world music e até mesmo artistas de circo. Ao lado de Dulce Pontes participam, entre outros, a israelita Noa e o maestro Ennio Morricone. O ponto alto do encontro das Famílias com o Papa será este Domingo, 3 de Junho, dia em que os organizadores esperam cerca de 1 milhão de pessoas para a Missa.

 

3. Em Domingo de Pentecostes, o Papa alertou. “Com o progresso da ciência e da técnica alcançámos o poder de dominar forças da natureza, de manipular os elementos, de fabricar seres vivos, incluindo quase o ser humano. Neste contexto, rezar a Deus parece que está ultrapassado, que é inútil, porque nós próprios podemos construir e realizar tudo aquilo que queremos… só que não nos damos conta que no fundo estamos a reviver a mesma experiência da Torre de Babel”. Já na oração do Regina Coeli, Bento XVI anunciou que no próximo Sínodo dos Bispos, em Outubro, vão ser proclamados dois novos Doutores da Igreja: São João D’Ávila e Hildegarda de Bingen.

 

4. O Papa considera que a crise económica que atinge a Europa é reflexo de um colapso espiritual e moral. “Quando não encontra indiferença, barreira ou recusa, o discurso sobre Deus acaba por ser relegado para o âmbito subjectivo, reduzido ao facto íntimo e privado, marginalizado da consciência pública. Passa por este abandono, por esta falta de abertura ao transcendente, o coração da crise que fere a Europa, crise espiritual e moral”, disse Bento XVI, num discurso aos bispos da Conferência Episcopal Italiana, salientando que “o homem tem a pretensão de ter uma identidade completa simplesmente em si mesmo” e, “infelizmente, é Deus que fica excluído do horizonte de muitas pessoas”.

 

5. O Vaticano tornou públicas as normas da Igreja sobre aparições e outros fenómenos sobrenaturais. Estas normas que visam evitar os falsos milagres foram estabelecidas em 1978 mas eram mantidas secretas ou, pelo menos, nunca tinham sido publicadas por um órgão oficial da Igreja.

As ‘Normas para proceder ao discernimento de pressupostas aparições e revelações’ foram publicadas no site da Congregação para a Doutrina da Fé e, para já, não contemplam o caso das aparições em Medjugorje, na Bósnia, cuja avaliação está ainda a decorrer.

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