Cresceu no fim da era colonial em Moçambique e apanhou em cheio a guerra civil. A sua paixão era a Escola e, por causa dela, andou entre Quelimane, Nampula e Beira. Quando se Baptizou, aos 18 anos, já tinha decidido ser Irmã Franciscana de Nossa Senhora das Vitórias. Trocou estudos na Rússia pela entrada no Convento. Formou-se em Enfermagem, dedicou-se à Saúde do seu povo. É hoje, em Lisboa, 2ª Conselheira Geral da sua Congregação.

Tempos de guerra…

Nasceu em Quelimane (Moçambique), numa terra de coqueiros e mangueiras. Tinha uma paixão pela Educação e foi crescendo, de escola em escola, até frequentar o Pré-Universitário na Beira. Foi aqui que a sua Fé despertou com força, abrindo-lhe as portas do Baptismo e da Vida Consagrada. Em tempos complicados de marxismo, sempre participava na Eucaristia, fazendo assim a preparação para entrar oficialmente na Igreja. O Pároco de catedral da Beira, Frei Macieira, foi uma figura decisiva para a sua vocação, ao convida-la a reflectir sobre a possibilidade de ser Irmã. Depois de algum tempo de reflexão, a Cândida foi dar-lhe a resposta: “Quero ser como São Francisco, pois fascinava-me e continua a fascinar-me a vida deste grande Santo”.

A caminho do Baptismo…

Entretanto, regressou a Quelimane, mas com duas declarações na mala: “Uma para concluir a Catequese e ser baptizada e outra para me integrar no grupo dos vocacionados”. Concluiu a caminhada catecumenal na Sé de Quelimane, onde seria baptizada a 6 de Abril de 1985, com 18 anos de idade.

A sua caminhada e formação vocacional também começou ali, apoiada pelo Irmão Cristiano, Marista. Ele ofereceu à Cândida um livrinho com a síntese dos carismas e espiritualidades das Congregações existentes na Diocese: “Na consulta dos carismas, o meu objectivo e preocupação foi identificar uma congregação Franciscana. Quando encontrei duas congregações Franciscanas, fiquei felicíssima”. Optou pelas Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, entrando no Postulantado.

Ou Rússia ou Irmãs…

Por ter sido boa aluna na área de Ciências, o Ministério da Educação ofereceu-lhe uma bolsa de estudo para fazer o Curso Superior de ensino de Matemática, na antiga União Soviética. Era um presente quase irrecusável, mas a Cândida foi à Escola dizer ao Director que renunciava. Queria ser Irmã.

A guerra civil não permitia a realização do Noviciado em Namaacha, um grande santuário mariano junto à fronteira da Suazilândia. Assim, a Cândida e mais cinco, iniciaram o Noviciado em Maputo, onde estudou Teologia e se integrou na pastoral.

A sua Profissão Religiosa foi a 8 de Dezembro de 1990. Manteve-se em Maputo para completar o Curso de Teologia, mantendo as mesmas actividades pastorais na Paróquia de Nossa Senhora das Vitórias.

Portugal, Moçambique, Portugal…

Devia ir estudar Enfermagem para a África do Sul, mas acabaria por chegar a Portugal em 1992 para a continuar com a sua formação como júnior e a formação profissional. Aqui se formaria em Enfermagem, regressando ao seu país em 1998, onde viveu e trabalhou em Maputo, estando colocada no Hospital Central. Apoiava doentes e familiares, dando consolo e esperança. Era orientadora de estágios a estudantes de licenciatura de Enfermagem e de outros cursos na área de Saúde.

Regressou a Portugal em 2003 para completar estudos de Enfermagem, regressando a Moçambique no ano seguinte, onde trabalhou no Departamento Nacional de Enfermagem do Ministério da Saúde.

Sempre em movimento missionário, a etapa seguinte foi na Beira, para trabalhar na Direcção Nacional de Saúde. O Capítulo Provincial de 2007 apontou outros rumos à sua vida, ao ser eleita 2ª Conselheira e Secretária Provincial, regressando a Maputo, como membro do Governo Provincial.

O XII Capítulo Geral, realizado em Lisboa em 2008, elegeu-a 2ª Conselheira Geral, sendo a primeira moçambicana a integrar o Governo da Congregação. Mais uma vez, fez as malas e rumou a Lisboa, onde se encontra na Comunidade de Apelação.

Novos desafios…

Como Religiosa, quer responder hoje a alguns desafios: “Ser testemunha significativa ou seja recuperar a dimensão Mística e profética. É imperioso recuperar a mística na Vida Consagrada apesar da saturação espiritual e religiosa do ambiente em que está inserida”.

E conclui: “É urgente devolver à Vida Consagrada um rosto evangélico”.

PERFIL

1966 – Nascimento em Quelimane

1985 – Baptismo na catedral de Quelimane

1990 – Profissão Religiosa em Maputo

1992 – Missão e estudos de Enfermagem em Portugal

1998 – Missão em Moçambique

2007 – 2ª Conselheira e Secretária Provincial em Maputo

2008 – 2ª Conselheira Geral em Lisboa