Desde Dezembro que o país não tem sossego. As bombas deflagradas pelos terroristas do Boko Haram têm trazido a morte, o medo e a destruição à Nigéria. Mas a Igreja continua empenhada em não confundir os muçulmanos moderados com os radicais islâmicos. E a paz, dizem, é possível.
As notícias são todas muito idênticas. Bombas rebentam em centros populacionais, às vezes mesmo nas Igrejas, e deixam um rasto de sangue e destruição. As bombas têm dono: pertencem ao Boko Haram, um grupo terrorista com ligações à Al Qaeda e que está apostado em dividir o país, separando muçulmanos e cristãos. Alvo: os cristãos As bombas também têm um alvo determinado: os cristãos, precisamente. Ainda há poucos dias, em Janeiro, numa sexta-feira fatídica, um conjunto de ataques coordenados provocaram a morte de 162 pessoas em Kano, a segunda maior cidade da Nigéria. Durante horas, as ruas da cidade estiveram juncadas de cadáveres, manchadas de sangue, cheirando a morte. País de contrastes A Nigéria, o mais populoso país de África, rico em reservas de petróleo, está a revelar-se o campo ideal para a acção dos terroristas. Explorando o contraste entre o Norte, maioritariamente muçulmano, e o Sul, cristão, e uma realidade social muito pouco homogénea, os radicais do Boko Haram procuram lançar a desconfiança entre religiões. O P. Andrzej Halemba, conhecedor profundo da realidade da Nigéria, esclarece, em declarações à Fundação AIS, que os terroristas do Boko Haram “rejeitam qualquer forma de influência ocidental”, e que o terror que têm vindo a lançar “afecta os cristãos mas também os muçulmanos moderados”. Desestabilizar Sendo um grupo com ligações à Al Qaeda, o Boko Haram tem vindo a revelar um crescente profissionalismo, o que não augura nada de bom. Outra voz escutada pela Fundação AIS, o Marko Tomashek, é da opinião que este grupo terrorista “representa mais uma ideologia do que uma religião”, e que o seu objectivo é a “desestabilização do país através da violência”. Resposta da Igreja É aqui que surge a resposta da Igreja. Quando seria de esperar ressentimento e talvez até desejo de vingança, tantas são as famílias enlutadas pelos sangrentos ataques terroristas em que os alvos preferenciais têm sido as comunidades cristãs, escutam-se essencialmente palavras de não-violência. O P. Halemba explica o trabalho pedagógico que tem vindo a ser realizado. “Não podemos esquecer que, na esmagadora maioria dos casos, cristãos e muçulmanos vivem juntos pacificamente. Além disso, os bispos católicos mantêm boas relações com os dirigentes muçulmanos”. A solução passa por não responder ao fanatismo que pretende agitar a sociedade. A solução passa por combater as desigualdades sociais que são a semente de todas as violências. Promover a paz Como sublinhou D. John Onaiyekan, Arcebispo de Abuja, a capital da Nigéria, à Fundação AIS, “é a injustiça social do país a causa das maiores tensões”. Não é a divisão entre cristãos e muçulmanos. Por isso é tão importante o trabalho de apoio às comunidades locais promovido pela Fundação AIS. Uns semeiam o terror, lançam bombas, espalham a morte, outros estendem a mão e ajudam o próximo. Apesar do luto, da Nigéria chega-nos uma grande lição: é sempre possível perdoar. ________________![]() |
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