Domingo |
À Procura da Palavra
Primeiro, a pessoa!

DOMINGO VI COMUM

 

Estendeu a mão, tocou-lhe

e disse: Quero: fica limpo.”

Mc 1, 41


Alimentamos a esperança que os sacrifícios destes tempos difíceis sejam por causa das pessoas. E não só de algumas mas de todas, pois que há necessidade de uma mudança de comportamentos e “cair na realidade” ninguém duvida. Temos muitas opiniões sobre causas e sobre caminhos e bom seria encontrar formas de participarmos ainda mais das soluções. Em conversa com amigos alguém lembrou uns versos de José Gomes Ferreira: “Para além do “ser ou não ser” dos problemas ocos / o que importa é isto: / - Penso nos outros. / Logo existo.” E quero continuar a acreditar que penso, e pensamos, e podemos pensar ainda mais nos outros. Mesmo que uma notícia de jornal diga que “os jovens são cada vez menos solidários”!

A “loucura” cristã radica nesse pensar nos outros, como consequência do ser e do agir de Jesus. Pensar e agir, porque o primeiro reclama o segundo para deixar de ser apenas uma “boa intenção”. De tal modo que o último cânone do Código Direito Canónico, o conjunto das normas jurídicas que regulam a vida e a organização da Igreja Católica, ainda que num contexto específico relacionado com a colocação os párocos, termina assim: “tendo-se sempre diante dos olhos a salvação das almas, que deve ser sempre a lei suprema da Igreja.” A salvação é a lei fundamental, e tudo deve confluir para ela. Uma salvação concreta, que alcança a pessoa na sua realidade mais débil e mais necessitada. É extraordinário o atrevimento do leproso deste evangelho. Conhecedor da Lei sabe que não deve aproximar-se de ninguém. Podem atirar-lhe pedras e paus para o afastar. Ainda assim vem ajoelhar-se junto de Jesus. E provoca-O: “Se quiseres, podes curar-me.” Não queria Jesus curar todos? Qual a diferença deste, que precedência e excepção o revestia? Nenhuma, senão a de ser aquele que estava ali. A representar a dor de todos os excluídos (por doença, por preconceito, por julgamento, por discriminação, ou até por indiferença de quem se julga superior). Mas extraordinário é também o “atrevimento” de Jesus. Tocar um leproso significava ficar impuro como ele. Não importava se contraia a doença; tinha-lhe tocado, e isso bastava para incorrer numa infracção à Lei. Como outras vezes em que Jesus coloca em primeiro lugar a pessoa. Pois não se salva nem se transforma a vida à distância. É preciso tocar a realidade e deixar-se tocar por ela. Para a encher da graça que tudo renova. E não precisamos um pouco da coragem e da humildade deste leproso para pedir também a nossa cura?

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