Nos tempos de Jesus, os que tinham lepra eram segregados da sociedade. Nos dias que correm, em pleno século XXI, os mais miseráveis na Índia são intocáveis, pertencem à casta mais baixa da sociedade, são os “dalit”, os que não têm direitos. Na Diocese de Buxar, o Bispo Kallupura abriu-lhes a porta e eles converteram-se ao Cristianismo. Agora precisam da nossa ajuda

O Bispo Sebastian Kallupura, da Diocese de Buxar, na Índia, é olhado com alguma desconfiança pela sociedade local. Ao contrário do que todos poderiam esperar, não se preocupou em ser bem acolhido pelos poderosos das castas dominantes, mas sim em acolher os discriminados, os “dalit”, os mais desfavorecidos. Os que não têm direitos. A Índia é um país de contradições. Tem uma economia florescente, das que mais cresce todos os anos a nível mundial, é a oitava nação do planeta com mais multimilionários e, no entanto, há mais de 350 milhões de indianos que tentam sobreviver com menos de um euro por dia. A Índia é também um país que proíbe, na Constituição, datada de 1947, a discriminação entre os seus cidadãos. Mas isso é letra morta para milhões de seres humanos.

Sociedade dividida

Maioritariamente hindu, a sociedade está dividida em castas, que traduzem, de alguma forma, a diversidade dos estratos sociais, profissionais e económicos existentes. Na base deste sistema estão os “dalit”, ou intocáveis, que arrastam consigo esse estigma que implica discriminação social, laboral e económica. O Observatório dos Direitos Humanos, baseando-se em documentos da ONU, publicou um relatório, em 2007, a que chamou esta situação de “apartheid escondido”. E como o Bispo Kallupura conhece muitos deles, pois vivem na sua cidade, na sua diocese, andam nas mesmas ruas e muitos deles passam os dias de mão estendida, a pedir, decidiu que a sua missão só faria sentido se contribuísse para os resgatar dessa segregação iníqua.

Deserdados da sorte

Para o Bispo Sebastian Kallupura, estes intocáveis fazem parte da multidão dos deserdados da sorte de que fala a Bíblia. Dos famintos que é preciso alimentar, dos que têm sede e é necessário dar de beber, dos que estão nus e é preciso vestir, dos doentes e dos que estão na prisão e que merecem a nossa visita. Ao contrário do que todos poderiam esperar, o Bispo Kallupura não se preocupou em ser bem acolhido pelos poderosos das castas dominantes, mas em acolher os discriminados, os “dalit”, os mais desfavorecidos.

Convertidos aos Cristianismo

A Diocese de Buxar pertence ao estado de Bihar, um dos maiores da Índia, com mais de 82 milhões de habitantes. No entanto, a comunidade cristã não ultrapassa as 50 mil pessoas, das quais apenas 25 mil são católicas. Muitos deles, graças ao esforço e à dedicação do bispo, são antigos “dalit”, intocáveis, que agora são abraçados por uma nova realidade: o Cristianismo. Cada vez mais, os “dalit” têm vindo a converter-se a uma religião que não segrega pessoas, que procura restituir-lhes a dignidade exigível a todos os seres humanos.

Pedido de apoio

A preocupação principal de D. Sebastian Kallupura é, como confessou à Fundação AIS, “a promoção social dos mais desfavorecidos através da educação dos jovens e das crianças, para que sejam pessoas com dignidade”. O seu lema episcopal, “honra para todos”, diz bem deste desejo de contribuir para a construção de uma sociedade com menos desníveis, onde todos possam ascender a um grau mínimo de respeitabilidade social. Mas a força de vontade e a coragem do bispo não são suficientes, por si só. Um dos problemas maiores com que se debate a diocese é a falta de meios, a que se junta a falta de infra-estruturas e a falta de sacerdotes. “Falta-nos quase tudo. Até meios financeiros. Nós temos apenas uma pequena igreja. Não temos quase nada. Por isso – diz o bispo – tenho de andar a pedir para depois poder ajudar os mais necessitados”.

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Vamos ajudar?

É para nós que D. Sebastian Kallupura está a falar. É para si. Não ajudar o Bispo Kallupura e todos os bispos católicos na Índia é concordar com a existência dos intocáveis, dos “dalit”, de famílias inteiras que vivem ao lado de esgotos a céu aberto.

Saiba como pode colaborar em www.fundacao-ais.pt