Domingo |
À Procura da Palavra
Mártires? Nós?

SOLENIDADE DE SÃO VICENTE


Por minha causa,
sereis levados à presença de governadores e reis,
para dar testemunho diante deles e das nações.
Mt 10, 18


O símbolo da cidade de Lisboa, que intriga quem o vê pela primeira vez, é uma nau com dois corvos, um à proa e outro à popa. Representa a nau que trouxe o corpo de São Vicente, o diácono mártir de Valência do início do século IV, que D. Afonso Henriques mandou buscar ao Cabo (de São Vicente) onde cristãos piedosos o guardavam. E porque a sua festa ocorre este ano ao domingo a liturgia da festa interrompe o ciclo comum, nesta Diocese que o invoca como padroeiro.

 Provavelmente o evangelho terá chegado até nós também por mar e esta vocação de pescadores e marinheiros entranhou-se-nos na alma. D. Manuel Clemente escreveu um texto delicioso intitulado “O Cristianismo é uma realidade ribeirinha” no seu livro “Portugal e os portugueses”. Do chamamento dos primeiros discípulos, que eram pescadores no mar da Galileia, ao constante envio que Jesus nos propõe, o mar e as águas são hoje as ondas de novos mares digitais e outros por descobrir, e, como diz D. Manuel, “não há Cristianismo sem partida, nem encontro com Cristo sem embarcar. Todo o crente o sabe e experimenta e as Igrejas morrem quando se voltam sobre si próprias.”  O martírio é o testemunho de fé em Jesus Cristo com a vida toda. Quando as palavras e os actos coincidem, muitas vezes incomodando ideias e estruturas que desprezam e exploram a dignidade humana e a liberdade de pensar e de acreditar, o sofrimento pode ser uma consequência. Quantos mártires, cristãos e de outras confissões ou simplesmente defensores da vida e da humanidade, existem, ainda hoje, em numerosos países e contextos? E a coragem fiel de assumir uma coerência de fé, de pensamento, de vida, e de amor, não é também um testemunho que espalha sementes quase imperceptíveis? Gostaríamos tanto de alcançar a felicidade e esquecemos, por vezes, que ela se constrói com fidelidade. Uma fidelidade feita de vida dada, raramente num único momento, mas aos bocadinhos, gota a gota, como quando damos sangue que vai levar vida a alguém. Fidelidade à palavra e à responsabilidade, a valores que combatam uma economia desumanizada e uma injustiça acomodada. São Vicente pode “dizer-nos” muito pouco nestes dias de grandes sacrifícios pedidos ao nosso país. Mas o Jesus que fortaleceu Vicente pede-nos a coragem de testemunhos credíveis de fé que saibam ler os apelos de Deus, de esperança que proponham “ratings” de desenvolvimento, de caridade que comprometam todos com todos. E isto não se faz sem sofrimento. Mas um sofrimento que gera vida!

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