Domingo |
À procura da Palavra
Advento-surpresa

DOMINGO I DO ADVENTO

Acautelai-vos e vigiai,
porque não sabeis quando chegará
o momento.”
Mc 13, 33


A espera de que fala o Advento lembra-me sempre a da maternidade. Algo maravilhoso mas também frágil e arriscado vai acontecer, e não adianta ter pressa como a daquele pai que reclamava, porque a outros que tinham chegado depois dele vinham comunicar o nascimento dos filhos, e ele continuava à espera! Os tempos não são iguais como dizia Shakespeare: “O tempo é muito lento para os que esperam / Muito rápido para os que têm medo / Muito longo para os que lamentam / Muito curto para os que festejam / Mas, para os que amam, o tempo é eterno”.

Ainda mais uma vez o Advento vem convidar a rever a nossa relação com o tempo, com a urgência e o adiável, o vivido e o para viver, o importante e o acessório. Renova-se a preparação de um encontro, escutamos apelos à vigilância, fazemos uma contabilidade rápida em busca de saldo positivo. Tudo isto sem cruzar os braços nem nos demitir de moldar o mundo. O “Deus-oleiro” deu-nos a vida como barro que vamos moldando com risco e confiança e vamos descobrindo que o nosso lugar é também este, onde e com quem estamos. Até ouço como música de fundo a canção do P. Zézinho: “Quando Jesus passar / quando Jesus passar / quando Jesus passar / eu quero estar no meu lugar.

Não nos paralise o medo do fim dos tempos, tanto mais que o fim está a acontecer a cada momento. É preciso acreditar nos fins que dão novos princípios, e praticar a agilidade de não desistir perante as adversidades. O viver “direitinho” e totalmente previsto não existe, e aí está a própria economia a trocar-nos as voltas. Claro que se a mentira e a preguiça se instalam, e se vai vivendo sem rumo nem norte, a abundância pode consolar mas não traz felicidade, e podemos desviar os olhos da miséria até que ela entre em nossa casa. Todo o projecto tem de contar com uma dose de surpresa, uma visita fora-de-horas, o 0,1% de inesperado. E a surpresa é o cartão-de-visita de Deus, o seu jeito de nos manter acordados, o presente de momentos que importa agarrar com todas as forças. “Não desperdiçar oportunidades” devia ser uma “disciplina” obrigatória dos currículos educativos!

A novidade do advento cristão é que o Jesus que esperamos já anda a caminhar connosco (a questão é se queremos caminhar com Ele!... e isso vê-se pelo que diz o povo: “Diz-me com quem andas…”!). Preparar mais uma vez o seu nascimento implica também este “nascer de novo” que é o dinamismo de ser cristão. Não só esperar a surpresa mas ser surpresa, não só consolar a memória com um Natal-tradição mas ousar a diferença de um Natal-renovação. Em quatro semanas oferecidas, o que vamos surpreender?

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