Há 25 anos nascia no bairro da Portela, às portas de Lisboa, a paróquia de Cristo Rei. Uma comunidade que nasce da necessidade de dar resposta ao grande crescimento populacional desta zona. Nas celebrações deste jubileu, o desafio passa por continuar a construir comunidade.
“No início da década de 70, logo que começaram a ser erguidos os primeiros edifícios na Portela começámos a fazer encontros no Seminário dos Olivais”, conta ao Jornal VOZ DA VERDADE Manuel Cavalheiro Duarte, da paróquia de Cristo Rei da Portela e residente naquele lugar desde 1972.
Constituído, apenas, civilmente como freguesia em 1985, o ‘bairro da Portela’ começou a ser erguido em 1970 e demarca-se pela configuração geométrica de um bairro construído à volta de um centro comercial e de uma igreja edificada “com a ajuda de todos”.
A ideia base do projecto de construção deste novo bairro, às portas de Lisboa, era organizar prédios em torno de um pólo comercial, possibilitando a criação de uma força centrípeta que proporcionasse o encontro dos seus moradores num mesmo local. E, uma vez construído o bairro, “como em qualquer urbanização que aparece, as pessoas ao começarem a juntar-se sentem a necessidade daqueles apoios mínimos para poderem estar”, salienta Manuel Cavalheiro Duarte, referindo que naquela época os apoios religiosos foram mais fáceis que os civis. “O Seminário abriu-nos a porta e nós usámos da sua enorme benevolência”, refere este paroquiano, lembrando que “logo que começaram a ser erguidos os primeiros edifícios, no inicio da década de 70”, começaram a fazer encontros no Seminário, de modo particular no Palácio que é hoje a Casa Patriarcal. “Vim para cá em Agosto de 1972, altura em que foram chegando os primeiros moradores, e nessa altura faltava tudo! O Seminário acolheu-nos, minorando muitas das necessidades”.
Primeiras celebrações
Logo no início, a partir dos primeiros encontros, surgem as necessidades e uma das perguntas que aquela comunidade coloca prende-se com a formação das crianças: “Onde vamos inscrever os nossos filhos para a catequese? Aí, o apoio da paróquia de Moscavide foi muito forte e surgiram de imediato os catequistas”, recorda.
A nova comunidade ‘paroquial’ da Portela começava a nascer com a grande participação dos novos moradores, e de modo especial daqueles que trabalhavam nas obras de construção do novo bairro. “Cediam-nos a capela e nas primeiras celebrações, a maior parte dos que participavam eram cabo-verdianos, trabalhadores desta obra que crescia aqui na Portela”, frisa Manuel Cavalheiro Duarte. Por essa altura, chega também à Portela uma comunidade de sacerdotes holandeses que foram “uma ajuda preciosa para os fiéis que se iam reunindo”, destaca.
De mãos dadas com o Seminário
As primeiras salas do Seminário foram sendo disponibilizadas “à medida que foi havendo necessidade”, e para além dos espaços cedidos, a colaboração do Seminário no nascimento daquela que viria a ser a paróquia da Portela, foi mais longe ainda. “Até à construção da igreja, o Seminário disponibilizou muita coisa porque todos os serviços foram sendo instalados naquele lugar. E esta benevolência chegou ao ponto de criar uma cabine telefónica aberta à população”, recorda este paroquiano, que acompanhou de perto o processo de formação da comunidade paroquial.
No entanto, à medida que a comunidade de fiéis ia aumentando foi-se tornando necessário encontrar um espaço maior para celebrar. “Em determinado momento, tivemos de sair da capela do Palácio porque éramos muitos e fomos, então, para a igreja do Seminário. O número ia crescendo e o Patriarcado, que estava atento, começou também a dar passos”, relata o bancário reformado, que hoje dedica grande parte do seu tempo ao serviço na paróquia. “Surgiu uma ‘quase paróquia’ que depois passou a ‘vicariato’, e consequentemente tornou-se paróquia”.
O crescer de uma comunidade
Em 30 de Novembro de 1975 foi celebrada, pela primeira vez, a Eucaristia, presidida pelo padre Manuel Marques Gonçalves, nomeado para aquele vicariato que apenas viria a ser erigido canonicamente a 2 de Fevereiro de 1977, com sede no Seminário dos Olivais. “Aqui está o início da comunidade!”, releva Manuel Cavalheiro Duarte, com orgulho, ao Jornal VOZ DA VERDADE.
Em 31 de Julho de 1980, é assinada, com a Câmara Municipal de Loures, a escritura de doação do terreno onde viria a ser construída a futura igreja da Portela. Nesse mesmo ano, a comunidade cristã já comemorava cinco anos de existência. “Em 1980 teríamos aqui cerca de 5 mil pessoas no bairro. Já era muita gente que ia fazendo solicitações a esta igreja nascente”, relembra.
Vai ser a 1 de Julho de 1986, por decreto assinado pelo Cardeal-Patriarca de então, D. António Ribeiro, que é instituída a paróquia de Cristo Rei da Portela, com entrada em vigor a 23 de Novembro, dia em que se celebrava a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
Em 21 de Junho de 1987, o Cardeal Ribeiro presidia à bênção da primeira pedra da futura igreja, cujas obras iniciavam três meses mais tarde. “A obra da igreja nasceu e cresceu com muitas boas vontades”, salienta Manuel Cavalheiro Duarte, frisando que “a obra enquanto edifício foi sempre sendo acompanhada com a obra espiritual que os párocos iam dinamizando”.
Neste processo de construção da igreja da Portela “o mais difícil foi angariar o dinheiro para a construção. São cerca de 800 mil contos, e por isso foi preciso fazer um esforço muito grande. Mas o Patriarcado estava atento e colocou aqui um sacerdote que era a pedra base para pôr em pé esta obra”, sublinha este paroquiano, referindo-se ao cónego João Rocha.
Construir igreja templo e comunidade
“A obra nasceu e cresceu com muitas ajudas, e muitos desses que contribuíram, residentes na Portela, até nem eram praticantes mas faziam questão de contribuir”. Nos prédios do bairro, os moradores iam-se organizando com os “delegados de lote” de forma a angariar fundos. Esse representante local tinha a missão de fazer a cobrança de quotas que “voluntariamente as pessoas se disponibilizavam a entregar”. Em 15 de Novembro de 1992, D. António Ribeiro preside à dedicação da nova igreja de Cristo Rei. “Isto significa que dando as mãos é possível fazer obra”, aponta.
Hoje, ao olhar 25 anos para trás, Manuel Cavalheiro Duarte recorda que “muitas destas pessoas, que se deram de alma e coração a esta obra, já partiram. Outros ainda não, mas tudo foi sendo, sempre, resposta às necessidades da altura. A igreja quando se ergue como templo, tem de estar aberta a todos respondendo às suas necessidades”, conclui.
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“Que a igreja templo seja espaço de verdadeira construção da igreja comunidade”
Durante a celebração do aniversário da dedicação da igreja da Portela e dos 25 anos da criação da paróquia, D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, convidou a comunidade cristã a ser aberta e acolhedora, fraterna e missionária. “Damos graças a Deus por todos aqueles que colaboraram na construção da igreja templo e na construção da igreja comunidade. Pedimos ao Senhor que esta igreja templo seja espaço de verdadeira construção da igreja comunidade: uma comunidade aberta e acolhedora, fraterna e missionária”, salientou D. Joaquim.
Nesta celebração, que decorreu no passado dia 15 de Novembro, estiveram presentes os diversos sacerdotes que fizeram parte da história da comunidade, bem como o actual pároco, padre Alberto Gomes. Na sua homilia, o Bispo Auxiliar de Lisboa pediu ainda à paróquia para acolher todos os que ‘batem’ à porta.
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