Duarte Andrade e Sousa, David Palatino e Duarte Morgado são os três jovens alunos do Seminário dos Olivais que vão ser ordenados diáconos no próximo dia 27 de Novembro, 1º Domingo do Advento. Uma vocação nascida no seio de um movimento e duas na zona Oeste para conhecer nesta edição.
A vocação de Duarte Andrade e Sousa nasceu no movimento das Equipas de Jovens de Nossa Senhora. “Por vezes senti-me um pouco fora do contexto, porque quando entrei no seminário perguntavam-me: ‘Vieste de que paróquia?’. E eu respondia sempre que não vinha de uma paróquia, mas de um movimento!”. Para este jovem de 26 anos, que no dia 27 de Novembro vai ser ordenado diácono, interessa sobretudo fazer uma experiência de Igreja, seja num movimento ou numa paróquia. “Vir de um movimento é uma experiência completamente diferente; mas, ao mesmo tempo, é a mesma experiência porque é a experiência da Igreja!”, assinala.
Nascido no seio de uma família tradicionalmente católica, Duarte diz que a educação cristã foi a ‘normal’ de uma criança, mas a catequese recebeu-a em escolas católicas: primeiro nas Irmãs Doroteias, até à 3ª classe, e depois nas Oficinas de São José (Salesianos), em Lisboa, até ao 9º ano, altura em que foi crismado. “Nunca deixei de ir à Missa ao Domingo, à paróquia de Santa Isabel, em Lisboa, mas a minha vida cristã resumia-se a isso”, recorda. Em Outubro de 2003, então com 18 anos, o jovem Duarte é desafiado por uma amiga a fazer uma peregrinação a Fátima com o movimento das Equipas de Jovens de Nossa Senhora. “Foi nesse momento que a minha vida cristã começou mais a sério! Foi a partir dessa peregrinação que me comecei a empenhar nas ‘coisas beatas’, como nós dizíamos”, aponta.
Após a peregrinação a Fátima, Duarte Andrade e Sousa passa a integrar desde logo o movimento das Equipas de Jovens de Nossa Senhora e a aprofundar o que é ser cristão. “A partir daí comecei a ir a peregrinações, a reuniões mensais, a noites de oração”. A questão vocacional surge no ano seguinte, em finais de 2004. Novamente através de uma peregrinação, desta vez a Santiago de Compostela. “Foi uma peregrinação com relativamente poucas pessoas – éramos apenas cerca de 30 – que mexeu muito comigo. Foi assistida pelo padre Hugo Santos, capelão da Universidade Católica, e foi com ele que eu iniciei o meu caminho de procura vocacional, de inquietação vocacional”. Por esta altura, o jovem Duarte tinha entrado na faculdade e iniciado o curso de Direito, na Universidade Clássica. “Só tinha aulas de manhã, o que era óptimo porque à tarde ia à Missa na Católica e ficava por lá o resto do dia!”. Segundo conta, o percurso até entrar no seminário foi muito rápido. “Foram uns meses – não chegou a um ano – de discernimento e de aprofundamento para perceber se Deus, de facto, me chamava, a ponto de entrar no seminário!”.
Em Março de 2005, Duarte começa a dizer à família e aos amigos que ia entrar no seminário. “Foi muito bom, porque a maior parte dos meus amigos são católicos! Sobretudo, sei que eles rezaram – e ainda rezam – muito por mim!”. Esteve três anos no Seminário de Caparide e está há quatro no Seminário dos Olivais. Duarte está a caminho de ser padre diocesano e sublinha a importância que os movimentos podem ter na chamada nova evangelização. “Os movimentos são um grande pólo de evangelização! Têm um potencial enorme, sobretudo junto dos jovens da cidade”, garante o futuro diácono.
O fascínio do seminário
Tal como Duarte, também David Palatino iniciou o curso superior, no caso de Guia-Intérprete. Ainda chegou a terminar o bacharelato, mas o encontro vocacional em que participou no seminário – durante o primeiro ano do curso – não o deixou sossegado interiormente!
David é da paróquia de Santa Maria de Óbidos e nasceu no seio de uma família católica. Mas a prática cristã só foi adquirida mais tarde. Em criança, David morava numa pequena aldeia, chamada Bairro da Senhora da Luz, que fica situada a cerca de dois quilómetros do centro da vila de Óbidos, onde havia a celebração da Eucaristia apenas uma vez por mês. “Em pequeno, não fui habituado a ir à Missa todos os Domingos. Ia quando havia celebração, ia também na festa da padroeira, a 26 de Dezembro, e depois ia esporadicamente nas festas da catequese. Por isso, o meu percurso na Igreja foi marcado por um sentimento de grande temor a Deus, e de respeito, mas que não era concretizado na prática dominical”.
No 3º ano de catequese, David chegou a deixar a catequese durante um ano, “por não gostar dos catequistas e porque os amigos também não iam”, mas uma catequista não desistiu. “Houve uma catequista que me recuperou e me foi buscar a casa para voltar à catequese! E a verdade é que fui ganhando gosto pela catequese!”.
No 10º ano, com 17 anos, David estava a caminho de ser crismado, mas é então que o pároco da altura, padre José Luís, lança o alerta: ‘Quem não vai à Missa, não faz o Crisma’. Como era grande “o desejo de conhecer Jesus”, David começa a ir regularmente à Eucaristia. “O Crisma foi o momento que me marcou para a noção de uma consciência de vida cristã e para aquilo que eu sou chamado a ser, enquanto filho de Deus”. No ano seguinte, em 2002, por ocasião da dedicação do altar da capela do Bairro da Senhora da Luz, o então Bispo Auxiliar de Lisboa D. Manuel Clemente desloca-se a esta aldeia de Óbidos, acompanhado de seminaristas. David Palatino canta no coro da celebração e é convidado a integrar o coro paroquial de Santa Maria de Óbidos. “Foi através desta simplicidade e destes pequenos sinais, que fui percebendo que Deus me pedia mais”. Em 2003, David é convidado pelo pároco a fazer um encontro vocacional no seminário, a chamada Semana de Verão. David estava na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, a tirar o Bacharelato em Informação Turística, ramo de Guias-Intérpretes nacionais, mas aceitou sem saber muito bem ao que ia. Até que um amigo lhe diz: ‘Tem atenção, porque esse encontro é para ser padre…’. “É interessante que a minha reacção foi de espanto, mas não me atemorizou! ‘Caiu-me’ bem ouvir aquilo, porque o meu desejo era continuar a conhecer Jesus!”. Depois de perceber que “os seminaristas eram pessoas normais”, este jovem sentiu-se “fascinado” por tudo o que experimentou nesse encontro. “Cheguei a casa após essa Semana de Verão e disse: ‘Oh mãe, não vês como brilham os meus olhos!’”. Acabou o bacharelato e entra no Seminário de Caparide em 2005. Após três anos, passa para o Seminário dos Olivais, onde está há quatro. Nos últimos anos, em muitas celebrações diocesanas, na Sé Patriarcal ou noutros locais, o jovem David participava como salmista. “Encarei isso como um serviço! Ter voz para cantar é um dom de Deus e quando estou no ambão sinto que estou a louvar Deus!”.
Do altar para a missão
Duarte Morgado é o mais novo dos três futuros diáconos. Tem apenas 23 anos e é da paróquia de Alcobaça. Vem de uma família católica, em especial o pai. “Cresci a ir à Missa com o meu pai”, sublinha, desde logo, este jovem que, em criança, fez a catequese um pouco ‘empurrado’ pelos pais. Duarte conta que apenas ganhou o sentimento de pertença a uma paróquia quando fez a Profissão de Fé. “É engraçado olhar para trás e ver que com a Profissão de Fé e com um convite para acolitar na Missa, comecei a ficar mais ligado à igreja paroquial e às pessoas”. Tinha então 12 anos quando conheceu pessoalmente o pároco, padre Fernando Cima – que estava há muito pouco tempo na paróquia –, e inicia a chamada vida comunitária. “Quando comecei a ser acólito, nasceu em mim o desejo de aprofundar o conhecimento das coisas relacionadas com a Missa! Eu gostava muito de História e acolitar no Mosteiro de Alcobaça fazia com que esse interesse crescesse cada vez mais! Ao mesmo tempo, começo a olhar para o meu prior de maneira diferente. Pensava muitas vezes: ‘Há qualquer coisa na pessoa do padre Fernando que é diferente!’. Sempre o achei uma pessoa especial e agora olho para trás e lembro-me de pensar: ‘Eu também gostava de ser assim!’”. Em 2001, então com 13 anos, Duarte partilha com a catequista este desejo e, por essa altura, Alcobaça acolhe uma celebração diocesana, com o Cardeal-Patriarca e grande parte do clero. “É então que a minha catequista me diz: ‘Olha, está ali o padre Zé Miguel, dos seminários. Vai lá falar com ele…’”. Estava dado o primeiro passo. Duarte começa a participar nos encontros do Pré-Seminário e não demora muito a tornar-se pré-seminarista e a iniciar o percurso de discernimento. “Os meus pais dizem-me hoje que, na altura, sempre pensaram que a minha presença no seminário não ia durar muito pouco tempo…”. Em 2002, entra no Seminário Menor de Penafirme, onde faz todo o Ensino Secundário. Um período que considera “muito marcante” porque era “a primeira vez que saía de casa”. Segundo conta, foi em Penafirme que amadureceu “o significado de estar no seminário”.
Duarte Morgado tem agora 23 anos e, ao longo do tempo de seminário, sempre foi o ‘caçula’ do grupo. A exemplo dos dois jovens que consigo serão ordenados diáconos, Duarte esteve também três anos em Caparide e está há quatro nos Olivais. “Em todo este caminho, sempre senti o apoio dos meus pais! Em especial do meu pai, para quem é um orgulho ter o filho no seminário! A minha mãe foi-se adaptando e sempre sublinhou que aceitava a minha decisão e que iria estar sempre presente!”.
Tal como David, o canto é uma paixão deste futuro diácono. “O canto é uma paixão que vem de miúdo. Aos 10 anos pedi para ir para a Academia de Alcobaça, mas não foi possível porque era muito dispendioso. Depois, nos seminários, sempre fui amadurecendo esse gosto! Se antigamente gostava muito de música clássica, hoje em dia a sensibilidade vai mais para a música sacra, para aquilo que ela significa e como ela se pratica”.
Para a ordenação de diácono, a expectativa destes três jovens é apenas uma e comum a todos: “Servir bem a Deus e à Igreja”.
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Jerónimos acolhem Ordenações Diaconais
As ordenações de diáconos da Diocese de Lisboa vão decorrer no próximo Domingo, dia 27 de Novembro, a partir das 15h30, na igreja do Mosteiro dos Jerónimos. Preside à celebração o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Recorde-se que já neste Domingo, dia 20, às 16h00, tem lugar também nos Jerónimos a ordenação episcopal de D. Nuno Brás, novo Bispo Auxiliar de Lisboa.
A Vigília de Oração por estas duas ordenações – episcopal e diaconais – decorre nesta sexta-feira, dia 18 de Novembro, às 21h30, na Sé Patriarcal de Lisboa.
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São Bruno: padroeiro de curso
Cada curso no Seminário dos Olivais tem um padroeiro. A escolha dos seminaristas é feita no último ano no Seminário de Caparide, a partir da vivência feita nesses três anos. Os dois Duartes e David, agora no 6º ano, têm como padroeiro de curso São Bruno (1030 ou 1035 - 1101), um monge alemão, fundador da Ordem Religiosa da Cartuxa. “Ver a vitalidade destas comunidades religiosas marcou-nos muito. Além disso, há a questão da oração, que é fundamental para quem vive este caminho de entrega ao Senhor e do qual São Bruno é um exemplo”, referem.
Ao longo dos quatro anos no Seminário dos Olivais, os seminaristas vão aprofundando a vida e os ensinamentos do padroeiro de curso.
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