A Marcha Contra a Fome / Walk the World é um projecto promovido pela TNT e pelo WFP (Programa Alimentar Mundial - ONU) com o objectivo da obtenção de meios para minimizar as carências alimentares e educacionais das crianças de todo o mundo. Aqui em Portugal aparecem a TNT e Unilever J M dando corpo ao projecto.
Neste ano tem uma novidade: 25% das verbas angariadas em Portugal reverterá para a Caritas Portuguesa, através da Campanha Nacional “Fundo Solidário”que está em curso. Se a fome global não pode deixar indiferente um ser humano com o mínimo de consciência ética, então quando aquela bate à nossa porta, por todas as razões há que olhar para ela.
Entre a ilusão e a desilusão
Bento XI na encíclica Caridade na Verdade recorda que já a Populorum Progressio registava que “as causas do subdesenvolvimento não são primariamente de ordem material”. A ilusão do progresso, não acompanhado por uma mentalidade moldada em critérios de dimensão ética conduziram-nos a este estado de mendicidade, não por falta de oportunidades, mas por uma demissão da responsabilidade em contribuir para a riqueza colectiva. E o Estado deu o exemplo: enquanto a torneira dos subsídios estava aberta foi-se deixando a perspectiva do bem comum, ficando este frequentemente subordinado à agenda partidária, isto é, aos interesses dos do grupo, dos mais espertos e expertos em lançar a garra a toda a oportunidade que passava. E agora aí temos as fortunas acumuladas nas mãos de uma minoria e a ilusão do desenvolvimento atirada para o caixote, com a espada dos que tutelam a nossa economia pendente sobre as nossas cabeças. O caminho que não foi escolhido é agora imposto; pena que o peso da situação não seja repartido com justiça: o Estado obeso, pouco habituado ao esforço e com muita dificuldade em aceitar mexer-se vai sofrer, mas deixando sempre a carga mais pesada para quem menos poder tem. As medidas draconianas dos que nos passam a tutelar já se começam a sentir, especialmente entre os grupos mais fragilizados: famílias atingidas pelo desemprego e reformados. Curiosamente – ou tragicamente – para quem está de fora parece que isso, que deveria constituir o cerne do debate político, é substituído pelo debate partidário. Faz Lembrar Nero que, ao contemplar Roma incendiada, aproveita o ensejo para dar uma graça da sua loucura compondo versos e transferindo a responsabilidade para os outros.
Paliativos não, mas haja o mínimo de qualidade
Ninguém tem a solução para os problemas. Só com uma nova atitude de cidadãos e de governantes é que se poderá ir saindo desta situação. O Estado não tem capacidade de os resolver; mas para o ajudar o cidadão não pode deixar de o interpelar e exigir que, pelo menos, pare de se degradar consumindo mais do que produz: os gastos supérfluos, as despesas sumptuárias, as reformas escandalosas e as influências dos que estão umbilicalmente ligados ao tesouro público têm que ser prontamente reprovados por aqueles que, em última análise, pagam esses gastos, não só pelos impostos sobre bens dispensáveis, como também sobre aqueles que é inaceitável faltarem: o pão, os medicamentos, sem excluir muitas outras situações relacionadas com a habitação e educação, que carecem de uma resposta que ninguém sabe dar. É preciso evitar “o escândalo de desproporções revoltantes” de que já falava a Populorum Progressio. Perante a doença os paliativos não a curam; mas também é verdade que são necessários para garantir um mínimo de qualidade para quem não quer ficar fora do processo que os envolve.
Informações: http://walktheworld.wfp.org
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