Lisboa |
Abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras
Patriarca apela ao reforço do zelo missionário na visita pastoral
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O Patriarca de Lisboa considera que a Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras, que decorre até fevereiro, constitui um “tempo de graça” e um momento privilegiado para reforçar a comunhão, o anúncio do Evangelho e o caminho conjunto com os fiéis. Na celebração de abertura, na Igreja de São Joaquim e Santa Ana, em Porto Salvo, na noite desta segunda-feira, 17 de novembro, D. Rui Valério sublinhou que este período “não é uma atividade”, mas um “ato de profunda comunhão”.

Foi ao som do hino oficial do Jubileu 2025, ‘Peregrinos de Esperança’, que teve início a celebração solene de abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras. Na presença do Patriarca D. Rui Valério, dos Bispos Auxiliares, D. Nuno Isidro, D. Alexandre Palma e D. Rui Gouveia, e de todos os padres e diáconos desta vigararia, no cortejo de entrada foi levado um ícone com a Imagem de Nossa Senhora da Rocha, padroeira jubilar da vigararia, e 13 velas representando cada paróquia, carregadas por um leigo de cada comunidade paroquial.

 

“Reanimar em ti o desejo de ser santo”

Perante uma assembleia que incluía religiosos, autoridades civis e fiéis leigos, o Patriarca de Lisboa desafiou a comunidade a reacender o zelo missionário e a cultivar o primado do ser sobre o fazer. “Comecemos por agradecer ao Senhor este tempo de graça que é a visita pastoral”, afirmou, destacando que este momento privilegia “o primado da graça de Deus em detrimento do nosso esforço”. Para D. Rui Valério, cultivar o “primado de Deus” significa permitir que o Reino de Deus aconteça na vida de cada cristão e na história das comunidades.

O Patriarca explicou que a visita pastoral, nos próximos dois meses e meio, não se esgota no calendário anunciado, prolongando-se para lá do dia 1 de fevereiro, a data prevista para o seu término. “A nossa vida vai ficar entrelaçada”, sublinhou, referindo-se aos bispos, sacerdotes e fiéis envolvidos. “Não estamos a fazer uma visita pastoral, mas somos visita pastoral”, reforçou, apresentando-a como expressão da comunhão e da partilha cristã.

Segundo afirmou, as dificuldades, alegrias e desafios de cada pessoa integram este “dinamismo comunitário” que, “à semelhança da Igreja primitiva”, procura viver a “fraternidade e a reciprocidade”.

D. Rui Valério apresentou depois a Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras como um tempo favorável para o anúncio do Evangelho, sobretudo junto daqueles que “talvez nunca tenham escutado falar de Jesus” ou que, vivendo desorientação e insatisfação, “ainda não encontraram a estrela polar da sua vida”.

Para os batizados, acrescentou, esta etapa pretende “reanimar e reacender a proximidade a Cristo”, convidando a momentos de oração e de maior intimidade com Deus. “É para isso que serve também a visita pastoral”, disse, apontando para a necessidade de renovar a adesão pessoal ao Evangelho.

Na homilia, o Patriarca destacou ainda a dimensão de “solidariedade evangélica”, recordando como Jesus assumia as dores e dificuldades das pessoas que encontrava. “Da nossa parte há uma disponibilidade imensa em fazermos caminho juntos”, afirmou. Mais importante do que muitas palavras, assegurou estar ali com “uma disponibilidade quase infinita para escutar, acolher e acompanhar”.

D. Rui Valério recordou também uma máxima das comunidades onde anteriormente serviu: “A pessoa sozinha pode correr mais depressa, mas em comunidade chega mais longe”. Esse “mais longe”, sublinhou, é a meta da santidade.

No final, o Patriarca sintetizou o objetivo essencial da visita pastoral: “Reanimar em ti a sede, o desejo de ser santo, de seres Evangelho vivo na sociedade que tanto necessita dele. Por isso, cá estamos para convosco e para vós”.

 

Território de excelência com desafios pastorais

Antes da homilia, o vigário de Oeiras, Padre José Luís Costa, deu as boas-vindas, expressando “alegria e profunda gratidão” em nome de todas as paróquias. Traçando um retrato da vigararia, este responsável descreveu Oeiras como a ‘Silicon Valley’ de Portugal, um “polo de ciência, cultura e progresso humano” com uma população altamente especializada, mas com um “ritmo de vida acelerado” que cria um grande desafio pastoral.

“A Vossa visita, Eminência, é um bálsamo de esperança e um renovado chamamento à missão que o Espírito nos confia”, afirmou o sacerdote, que é também pároco de Paço de Arcos e de Laveiras-Caxias, realçando a dupla realidade de Oeiras: “Áreas residenciais de elevada qualidade de vida” e “zonas de antigos bairros sociais e áreas de maior vulnerabilidade social, onde a nossa ação da Cáritas e dos Centros Sociais Paroquiais é vital e inadiável”.

 

Esperança e missão

A leitura do anúncio da Visita Pastoral foi feita por um diácono permanente. “Esta Visita constitui um apelo a que as comunidades de Oeiras se reconheçam como faróis de esperança, atentas às alegrias e angústias do homem contemporâneo, e dispostas a levar a Luz do Evangelho aos areópagos da modernidade”, salientou o diácono Jorge Miguel Carmo.

O lema da Visita Pastoral, ‘Oeiras em Missão: Escutamos a Vida, Anunciamos a Luz’, foi depois solenemente proclamado por uma leiga da Paróquia de Porto Salvo. “Esta não é uma visita de formalidade. É um encontro”, afirmou, detalhando o significado do mote: “É um convite para sermos uma comunidade em missão – uma comunidade que sai de si. Uma comunidade que escuta – que pára para ouvir o coração do outro. E uma comunidade que anuncia a Luz – que leva esperança, e não medo; que constrói pontes, e não muros. Que estes dias da visita do Senhor Patriarca D. Rui Valério sejam dias de profunda escuta e de renovada luz para toda a nossa Vigararia e para todo o nosso concelho”.

 

Diversidade da fé em Oeiras

A noite ficou ainda marcada por quatro testemunhos que espelharam a diversidade da fé em Oeiras. Conceição Batista, catequista da Paróquia de Outurela, testemunhou sobre o tema ‘Anuncia a esperança da transmissão da fé às novas gerações’, destacando a importância da escuta da Palavra de Deus na transmissão da fé. “Não posso deixar de sublinhar a importância do envolvimento e da participação das famílias na catequese. São os primeiros educadores da fé dos seus filhos. Aproximar as famílias da catequese é evangelizar e valorizar o seu papel”, garantiu.

Seguiu-se o jovem Rodrigo Figueiredo, da Paróquia de Linda-a-Velha e que colabora com o Serviço da Juventude do Patriarcado e integra um grupo composto por 20 jovens que colabora diretamente com o escritório da Juventude no Dicastério dos Leigos, Família e Vida. Abordou os desafios da juventude na “era do ‘scroll’” e no “mundo de ‘likes’”, mas reforçou que a fé está viva. “Existe sim fé hoje em dia nos jovens, é inquieta, como é própria dos jovens, mas está viva... Procuramos profundidade e verdade, procuramos coerência e autenticidade”, apontou.

Teresa, da Paróquia de Porto Salvo, partilhou um profundo testemunho sobre a fé provada no sofrimento e no cuidado incondicional da sua irmã. “A fé não tirou a dor, mas segurou-me dentro dela. Que este testemunho possa glorificar a Deus e recordar que mesmo no sofrimento, Ele nunca nos abandona”, desejou.

Finalmente, a Irmã Sílvia Santos, da congregação das Filhas da Caridade Canossianas Missionárias, deu voz à vida consagrada em Oeiras, citando a sua fundadora, Santa Madalena de Canossa: “‘Jesus não é amado porque não é conhecido’. É este o lema que me orienta na minha vida, e há mais de 50 anos que sou uma pessoa muito feliz”, testemunhou a religiosa.

 

Compromisso missionário

Na celebração solene de abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras, o clero e os leigos presentes fizeram ainda a renovação das promessas batismais, com o compromisso missionário da visita pastoral.

O Patriarca de Lisboa aspergiu, depois, a assembleia com água benta e, após a leitura da oração universal, foi rezado o Pai Nosso e a oração pela visita pastoral. Antes da bênção solene de envio, D. Rui Valério fez um agradecimento particular aos leigos mais envolvidos nas paróquias. “Quero agradecer a todos vós, a cada uma, a cada um, pela disponibilidade em fazer caminho e em fortalecer esta nossa Igreja que pertence ao Patriarcado de Lisboa, cada vez mais uma Igreja que é realmente luz do mundo e sal da terra. Bem-haja, que Nossa Senhora da Rocha vos abençoe e proteja e que São Vicente, padroeiro da nossa diocese, sempre nos acompanhe”, terminou o Patriarca de Lisboa.

A sessão de abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras terminou com um convívio fraterno entre todos, com uma pequena ceia de convívio no salão paroquial, promovendo a integração entre as várias comunidades.

 

Programa da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras

A Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras, que tem como lema ‘Oeiras em Missão: Escutamos a Vida, Anunciamos a Luz’, vai decorrer até ao dia 1 de fevereiro de 2026. Ao longo de dois meses e meio, o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, e os Bispo Auxiliares, D. Nuno Isidro, D. Alexandre Palma e D. Rui Gouveia, vão conhecer de perto as 13 paróquias da vigararia: Porto Salvo (17 a 23 de novembro), Barcarena (24 a 30 de novembro), Queijas (1 a 7 de dezembro), Carnaxide e Outurela (8 a 14 de dezembro), Linda-a-Velha (15 a 21 de dezembro), Algés e Cruz Quebrada-Dafundo (22 a 28 de dezembro), Laveiras-Caxias (5 a 11 de janeiro), Paço de Arcos (12 a 18 de janeiro), Oeiras (19 a 25 de janeiro) e Nova Oeiras e São Julião da Barra (26 a 1 de fevereiro).

A Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras vai ter ainda cinco encontros vicariais temáticos, por área de pastoral: Catequese (12 de dezembro, em Paço de Arcos), Pastoral da Família (6 de janeiro, em Paço de Arcos), Pastoral Social (10 de janeiro, em Nova Oeiras), Liturgia (25 de janeiro, em Linda-a Velha) e Pastoral Juvenil (1 de fevereiro, em Carnaxide).

A celebração de encerramento vai ter lugar no dia 1 de fevereiro, Domingo, pelas 15h30, no Santuário de Nossa Senhora da Rocha, em Linda-a-Pastora.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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