O Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, presidiu à Missa das Universidades, na Igreja de São João de Deus, no final da tarde desta quinta-feira, dia 2 de outubro, sublinhando que “a universidade tem que estar aberta ao ser humano na sua integralidade”. Celebração ficou ainda marcada pelo agradecimento ao Cónego Nuno Amador, que foi diretor da Pastoral Universitária de Lisboa nos últimos 18 anos.
Na tradicional celebração que marca o início do ano académico e pastoral dos universitários da diocese, o Patriarca desafiou comunidade académica a “salvar o humano”. Perante muitos estudantes universitários, em especial jovens, mas também professores e colaboradores do mundo académico, D. Rui Valério refletiu, na sua homilia, sobre os desafios atuais da sociedade técnica e o impacto da mentalidade tecnológica na forma como as pessoas se relacionam.
“Vivemos numa sociedade que já é considerada uma sociedade técnica, cuja expressão máxima será a inteligência artificial. E todos nós aplaudimos estes avanços, estes progressos, aliás, que todos eles aconteceram exatamente pela pesquisa, pela investigação, pela força da ciência”, afirmou.
O Patriarca alertou, contudo, para os riscos de esta racionalidade técnica “inundar e invadir a racionalidade antropológica”, alterando a forma como vemos e acolhemos o outro: “Um mandamento consagrado desta mentalidade técnica é produzir o máximo com o uso mínimo de meios. (...) Quando isto inunda a maneira como nós nos relacionamos com os outros, há aqui um desafio tremendo, grande, que é dirigido à universidade de hoje. Que desafio é esse? É o desafio de salvarmos o humano, o ser humano”.
Como crianças
Perante uma assembleia constituída maioritariamente pela juventude, D. Rui Valério sublinhou a importância de olhar com dignidade para todas as pessoas, independentemente das suas capacidades ou produtividade. “Hoje, um dos grandes desafios é nós voltarmos a olhar para quem é doente, para quem não teve oportunidades, para quem não acabou os estudos, muitas vezes nem foi à escola, para quem tem problemas físicos, mentais, e olhar para eles, afirmando a sua igual dignidade e afirmando que têm tantos direitos quanto os outros”, vincou. Para o Patriarca, “a universidade, portanto, que é universidade, é universal, tem que estar aberta ao ser humano na sua integralidade”.
Comentando o Evangelho escutado na celebração, D. Rui Valério lembrou o convite de Jesus a ser como crianças para entrar no Reino dos Céus, sublinhando a importância da confiança e da abertura ao outro.
“Jesus convida-nos a sermos construtores de um mundo onde o ser humano, na sua totalidade, possa ser feliz, possa viver como naquele mundo onde é possível confiar, onde é possível acreditar e não ficar de pé atrás”, desejou o Patriarca de Lisboa, concluindo a meditação com um apelo: “Senão, vão-nos deixar vencer pelo medo – medo de tudo e de todos, sobretudo do estrangeiro, sobretudo do desconhecido, sobretudo daquele que faz diferença. E uma sociedade assim é uma sociedade violenta. Nós somos construtores, somos artífices da sociedade da compreensão, da sociedade da paz”.
Tal como em anos anteriores, durante a Missa das Universidades os universitários dos primeiros anos assumiram publicamente o seu compromisso, através da oração da assembleia.
Gratidão ao Cónego Nuno Amador
A Missa das Universidades 2025 ficou ainda marcada pela gratidão ao Cónego Nuno Amador, que foi diretor da Pastoral Universitária de Lisboa durante 18 anos, entre 2007 e 2025. O sacerdote, recorde-se, foi recentemente nomeado reitor do Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais.
“Queria reforçar o agradecimento, antes de mais, ao senhor Padre Nuno Amador pelo trabalho, pelo esforço, pela dedicação, pelo testemunho que despendeu ao longo destes 18 anos. E agradecer agora ao Padre Miguel [Vasconcelos, novo diretor desta pastoral] e também ao Padre António [Ribeiro de Matos, nomeado diretor-adjunto] que se disponibilizaram para, agora, continuarem esta obra tão bem realizada, este caminho tão bem percorrido. E obrigado pela vossa vontade em caminhar na via do Evangelho e da santidade. Que Deus a vós, às vossas comunidades académicas, universidades e às vossas famílias sempre acompanhe”, terminou o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério.
Oração e confissão
Promovida pelo CeUC – Pastoral Universitária de Lisboa e pelo Setor da Pastoral Universitária do Patriarcado de Lisboa, a Missa das Universidades 2025 teve como lema ‘Jesus Cristo é a nossa esperança’.
Antes da Eucaristia, pelas 18h00, foi exposto o Santíssimo Sacramento e vários sacerdotes – incluindo o Bispo Auxiliar de Lisboa D. Alexandre Palma – estiveram a confessar.
Após a celebração, pelas 20h30, realizou-se um jantar-convívio entre os participantes, nos claustros da Igreja de São João de Deus, proporcionando um tempo de encontro entre os diferentes movimentos e obras universitárias.
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