O Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, benzeu na manhã desta terça-feira, 23 de setembro, a primeira pedra de um novo centro para tratamento de pessoas com comportamentos aditivos e dependências, em Barcarena, Oeiras, desejando que este futuro equipamento da ATT – Associação para o Tratamento das Toxicodependências seja um espaço de “recomeço” e de “esperança”.

Na cerimónia, após o lançamento simbólico da primeira pedra e de uma pá de cimento, foi depositada uma cápsula do tempo nas fundações do edifício, para eternizar o momento, que foi assinada por representantes das várias entidades envolvidas: o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, a presidente da Junta de Freguesia de Barcarena, Bárbara Silva, o presidente do ICAD, João Castel-Branco Golão, o presidente da ATT, Pedro Castro, o vice-presidente da ATT, Pedro Marques Guedes, e o arquiteto responsável pela obra, Miguel Saraiva.

 

“Um lugar de recomeço”

O Patriarca de Lisboa benzeu depois a primeira pedra, que vai dar início à construção de um espaço que irá contribuir para a recuperação de vidas. Na sua intervenção, D. Rui Valério sublinhou que este centro será “um lugar de recomeço, que é gerador de uma nova vida para quem dele vai desfrutar”.

O Patriarca destacou depois três palavras que considera essenciais para este projeto: gratidão, recriação e esperança. “Obrigado a todas as pessoas e instituições envolvidas neste projeto, porque vemos o que de melhor alguém tem dentro de si: a capacidade de, pelos outros, abdicar de tempo, de conforto, de tantas coisas. Sobretudo quando este outro é vulnerável”, afirmou.

Referindo-se ao futuro do centro, D. Rui Valério afirmou que será um espaço de “recriação”, onde vidas serão “recompostas, restabelecidas e restauradas”. E concluiu lembrando que este é também um sinal de esperança: “A esperança é olhar para alguém, não pelo passado, mas vislumbrando o horizonte e aquilo que é a verdadeira vocação de cada ser humano: a liberdade, a felicidade, a plena realização enquanto pessoa”.

“Não só hoje, mas daqui para a frente, vai estar presente na minha oração e nas minhas intenções este projeto e todas e todos aqueles que com ele e nele estão envolvidos”, garantiu o Patriarca de Lisboa.

 

“Novas oportunidades”

Este equipamento social vai nascer num terreno de 2.750m2, cedido pela Câmara Municipal de Oeiras à ATT, no âmbito do trabalho desenvolvido pela sua comunidade terapêutica FAROL no tratamento de pessoas que sofrem de adições.

A construção do edifício implica um investimento de cerca de quatro milhões e meio de euros, que vão ser suportados pela ATT – Associação para o Tratamento das Toxicodependências, e para o qual o Município de Oeiras vai contribuir com cerca de um terço da sua totalidade.

Presente na cerimónia de lançamento da primeira pedra do novo centro, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, sublinhou que este equipamento tem como objetivo “criar condições para que quem cai possa, com apoio, levantar-se”.

“Isso acontece na toxicodependência, no alcoolismo ou noutras dependências. Para a Câmara é uma honra estar convosco e contribuir para que muitas mais pessoas se levantem e sintam que são tratadas com dignidade”, afirmou o autarca.

 

Uma obra com 30 anos de história

O presidente da ATT – Associação para o Tratamento das Toxicodependências, Pedro Castro, lembrou que o projeto tem origem na fundação da instituição há três décadas, inspirada pela experiência de um pai que viu o filho recuperar.

“Por cá passaram mais de 4.000 pessoas. A maior parte reencontrou-se e tem hoje um novo modo de vida. Imaginem o impacto que isso tem na vida de uma família”, sublinhou.

Pedro Castro agradeceu ainda à Câmara Municipal de Oeiras, à equipa da ATT e a todos os que tornaram possível o arranque da obra, garantindo que o novo centro será “um dos melhores de Portugal”.

 

Um edifício funcional e belo

O arquiteto responsável pelo projeto, Miguel Saraiva, destacou a dimensão funcional e estética da futura infraestrutura: “A arquitetura só serve o seu propósito se funcionalmente for correta. Este projeto responde às necessidades dos futuros utentes, garantindo conforto, funcionalidade e estética. A ATT terá um edifício extraordinário que elevará também o patamar do serviço que presta”.

O novo equipamento, situado em Barcarena, junto ao edifício do centro social paroquial e à DLU (Divisão de Limpeza Urbana), apresenta três pisos e um pátio. A receção, direção, serviços técnicos, salas de terapias, zonas de estar e refeitório vão ser instaladas no piso zero. Para o andar superior estão previstos os 22 quartos dos utentes e para o piso subterrâneo as áreas técnicas, arrumos, lavandaria e área de ginásio. A cobertura do edifício será acessível aos utentes, disponibilizando zonas ajardinadas e uma horta que poderá complementar o abastecimento da cozinha.

A disponibilização desta unidade terapêutica à população tem como objetivo contribuir para minimizar as carências sentidas no concelho de Oeiras na área do tratamento de pessoas com comportamentos aditivos e dependências. A medida enquadra-se no âmbito das políticas sociais do Município de combate à criminalidade, redução de hospitalizações de emergência, promoção da reinserção social e integração de grupos vulneráveis, favorecendo o combate ao estigma e à exclusão social.

 

ATT

A ATT – Associação para o Tratamento das Toxicodependências é uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) com estatuto de utilidade pública, que foi fundada em 1991 com a missão de recuperar pessoas com problemas de adição e ajudar as suas famílias. “A ATT – Associação para o Tratamento das Toxicodependências surgiu porque um grupo de pessoas, por ver filhos e amigos com as vidas destruídas, decidiu constituir um fundo que financiasse tratamentos fora de Portugal. À medida que estas pessoas recuperaram a sua vida, pensaram que seria importante ter um Centro de Tratamento em Portugal e em 1995 nasce o Farol, em Sintra”, refere o site da instituição.

Desde 1995, a ATT já acolheu cerca de 2.500 pessoas. “Recebemos todos, independentemente da sua capacidade financeira o que quer dizer que a ATT assume uma responsabilidade financeira muito grande, no seu compromisso de recuperar a vida de quem cá passa”, observa esta IPSS, referindo que “apenas alguns tratamentos são financiados, em parte, pela convenção com o SICAD e com a Segurança Social (para o Apartamento de Reinserção), sendo que o restante tem que ser angariado junto dos Amigos do Farol ATT”.