Lisboa |
Universidade Católica homenageia antigo economista e professor
“Ernâni Lopes foi capaz de revelar o valor e a sinergia de cada pessoa”
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O Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, destacou a dimensão ética e espiritual de Ernâni Lopes, antigo economista e professor falecido em 2010, lembrando-o como um “homem universal”.

A Universidade Católica Portuguesa (UCP) homenageou, esta terça-feira, dia 10 de setembro, o antigo economista e professor Ernâni Lopes (1942-2010), numa conferência no campus de Lisboa que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e de várias personalidades académicas, políticas e eclesiais.

Na mesa redonda dedicada ao percurso e legado do homenageado, o Patriarca de Lisboa e Magno Chanceler da UCP sublinhou que Ernâni Lopes soube integrar, de forma exemplar, as várias dimensões do humano.

“Aquelas três características que lançam o olhar sobre Ernâni Lopes – monge, militar, professor universitário – são dimensões, caracteres, identidades que apontam não para uma complexidade de personalidade, mas para a universalidade”, afirmou D. Rui Valério.

No Auditório Cardeal Medeiros, o Patriarca destacou que essas dimensões se traduzem em pilares fundamentais: “O monge como convite à fé e à contemplação. O militar no compromisso com grandes causas. O professor na reflexão profunda. Tudo isto aponta para a integralidade, para o homem universal, que é aquele que cultiva todas as dimensões: a espiritualidade e a fé, a ética e a intelectualidade”.

 

Ética, valores e espiritualidade

D. Rui Valério lembrou ainda a profunda marca ética do homenageado. “Ernâni Lopes vivia a grande força da ética e dos valores. Isto levava a ver a realidade de forma distinta: quando dizia que o PIB é o resultado final de milhões de decisões que estão na base de tudo”, salientou.

Nesta sessão de homenagem, o Patriarca de Lisboa recordou ainda a proximidade do economista com a Igreja. “Ernâni Lopes, fascinado e atraído pela eternidade, pelo que é perfeito, estava tão próximo de Deus e da Igreja, mesmo em termos de comportamentos, particularmente na vivência das virtudes cardeais: prudência, fortaleza, temperança, justiça”, sublinhou.

Concluindo a sua intervenção, D. Rui Valério sintetizou o legado espiritual e humano de Ernâni Lopes: “Soube ser sal da terra, ou seja, foi capaz de revelar o valor, a sinergia de cada pessoa e realidade”. 

 

Reconhecimento nacional

Durante a sessão foi ainda atribuído, a título póstumo, o título de Economista Emérito, pela Ordem dos Economistas, com elogio do bastonário António Mendonça e entrega das insígnias à família.

O encerramento da conferência de homenagem a Ernâni Lopes ‘Portugal Visões de Futuro’ esteve a cargo do Presidente da República, após a atuação do coro e ensemble de cordas da UCP, dirigidos pelo maestro Sérgio Peixoto. No final da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou, a título póstumo, Ernâni Lopes com a Grã-Cruz da Ordem de Camões, tendo entregado as insígnias à viúva do homenageado.

 

Obra reúne pensamento

Durante a sessão de homenagem na UCP foi ainda apresentado o livro ‘Ernâni Lopes, Vida e Pensamento’, editado pela Universidade Católica Editora, que reúne textos do economista e testemunhos de colegas, colaboradores e amigos, sob coordenação de um grupo de docentes e investigadores. A obra procura transmitir, de forma sistematizada, os aspetos mais relevantes do seu pensamento, como a adesão de Portugal à então CEE, a importância da Lusofonia, os desafios da economia nacional e o papel estratégico do mar.

 


 

Nota biográfica de Ernâni Lopes (1942-2010)*

Foi um dos mais respeitados economistas da sua geração, desempenhou funções públicas em momentos críticos para o país, foi consultor de empresas e de governos, dedicou-se até ao fim da vida, ao ensino e ao trabalho universitário, criou uma empresa dedicada ao “tratamento inteligente da informação” e à prospetiva, fez a apologia dos valores cristãos de forma desassombrada, como base orientadora da ação.

Licenciou-se em Economia pelo ISCEF (atual ISEG) em 1964, sendo o melhor aluno do curso. Doutorou-se em Economia pela Universidade Católica em 1982. A prestação do serviço militar na Armada foi o início de uma relação privilegiada com a Marinha e, em geral, com as instituições relacionadas com a Defesa Nacional e as Forças Armadas.

Em 1975, com 33 anos, foi nomeado Embaixador na Alemanha; de 1979 a 1983 foi Embaixador no posto de Chefe da Missão de Portugal junto das Comunidades Europeias; em 1983 aceitou o convite de Mário Soares para assumir as funções de Ministro das Finanças e do Plano, quando o país enfrentava uma grave crise das contas externas.

Assumiu a integração nas Comunidades Europeias um desígnio nacional para promover a modernização do país e foi o principal responsável pela estratégia negocial para a adesão concretizada em 1986.

Definiu a relação Portugal/Europa/ África/Brasil como a questão estratégica fundamental, concebeu o conceito do hypercluster da economia do Mar e lutou até ao fim da vida contra o que designou como o “definhamento” da economia portuguesa.

* apresentada pela UCP Editora

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