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Patriarca benze o Parque Papa Francisco em Lisboa
“Que o Parque Papa Francisco inspire a paz e a comunhão nas diferenças”
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O Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, benzeu esta quinta-feira, 24 de julho, o Parque Papa Francisco, na margem sul do Rio Trancão, em Lisboa, num momento marcado pela memória da JMJ 2023 e por um apelo à paz e à unidade nas diferenças. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, recordou a marca inesquecível deixada pelo Papa Francisco na cidade, tornando-a “uma cidade de esperança”.

Após a inauguração da área do Parque Papa Francisco no concelho de Loures, no passado dia 27 de junho, foi agora a vez de o município de Lisboa oficializar o gesto simbólico e profundamente evocativo. O momento solene teve início com um passeio pelo Encontro Mundial dos Escuteiros (23, 24 e 25 de julho), que acontece de quatro em quatro anos, e está a reunir, naquele local, cerca de 7.500 jovens com idades entre os 18 e os 25 anos, provenientes de mais de 100 países. Ao longo de vários minutos, D. Rui Valério e Carlos Moedas contactaram com vários escuteiros, em particular italianos, a quem o Patriarca saudou e assegurou a sua oração por todos.

Seguiu-se o descerramento da placa toponímica e, já no altar-palco, a projeção de um vídeo com imagens da JMJ Lisboa 2023 e do Papa Francisco, recordando os momentos marcantes vividos, há dois anos, no então Parque Tejo.

 

“Na diferença constrói-se unidade”

O Patriarca de Lisboa benzeu depois o novo Parque Papa Francisco e, na sua intervenção, destacou o alcance espiritual, social e profético do espaço agora consagrado. “O Parque Papa Francisco surge neste lugar onde aconteceu um evento de carácter internacional, um evento que foi a Jornada Mundial da Juventude 2023, que ultrapassou a nossa e qualquer fronteira”, afirmou D. Rui Valério, recordando como Lisboa se transformou num “microcosmos” de encontro e diversidade.

“Nesses dias, Lisboa foi um lugar onde a diversidade não foi motivo de conflitualidade, de desentendimento, antes pelo contrário, nós assistimos aqui a esse milagre, a essa maravilha de ver e constatar como na diferença se constrói unidade”, acrescentou o Patriarca.

D. Rui Valério evocou ainda as palavras do Papa Francisco durante a audiência ao corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, em janeiro de 2024, onde o Santo Padre se referiu à JMJ como um hino à paz. “Dizia o Papa Francisco: ‘Permanece viva em mim a recordação da Jornada Mundial da Juventude realizada em Lisboa no passado mês de agosto. Conservo no coração aquele encontro com mais de 1 milhão de jovens, provenientes de todas as partes do mundo, cheios de entusiasmo e vontade de viver. A sua presença foi um grande hino à paz e o testemunho de que a unidade é superior ao conflito e que é possível desenvolver uma comunhão nas diferenças’”, leu.

Neste sentido, frisou D. Rui Valério, “o acontecimento que nós celebramos esta tarde, de inaugurar o Parque Papa Francisco, tendo este caráter universal e internacional, situa-se hoje como um gesto profético”. “Não é apenas um memorial à paz, mas quer ser uma fonte de inspiração para a paz. Inspiração no sentido verdadeiro da palavra: dar possibilidade de respirar, dar possibilidade de viver”, acrescentou.

Com o vento que se fazia sentir no momento, o Patriarca brincou: “Este vento até vem a calhar”, uma vez que a paz deve ser “respirada” e concretizada por todos. “Que quem frequenta este parque se sinta impelido a emitir daqui não só um desejo, mas uma vontade de construir a paz, para que todas as nações façam das suas diferenças não fonte de conflito, mas de unidade e de entendimento”, desejou D. Rui Valério, que terminou com entusiasmo: “Viva o Parque Papa Francisco, viva Lisboa e viva a paz!”.

 

“Evocar a pessoa luminosa de Francisco é convocar à amizade social”

Em representação da Santa Sé, o Encarregado de Negócios da Nunciatura Apostólica leu a mensagem enviada ao Patriarca de Lisboa pelo Papa Leão XIV, assinada pelo Cardeal Pietro Parolin.

Na carta do Secretário de Estado do Vaticano, o Papa Leão XIV manifesta “alegria” pela atribuição do nome do Papa Francisco ao parque, associando-se espiritualmente à celebração e agradecendo aos responsáveis civis e eclesiásticos pela iniciativa. O Santo Padre recorda com emoção “o rosto feliz do Papa Francisco no meio dos jovens de todas as partes do mundo, marcados pelas mais variadas culturas e unidos pela mesma alegria”.

A mensagem evoca um dos momentos mais simbólicos da JMJ, a Vigília, onde o Papa desafiou os jovens a pensar em quem foi, nas suas vidas, um “raio de luz”: “Hoje, com a presente homenagem, evocar a pessoa luminosa de Francisco não faz olhar só para trás, mas convoca a promover a cultura da amizade social e a abertura a todos, todos, todos, com uma particular preferência pelos pobres, tal como ensina Jesus Cristo”.

“Formulam-se votos de que, com este ato de vincular o espaço da JMJ à figura inspiradora do Papa Francisco, se perpetue o eco do seu veemente apelo à paz, à convivência fraterna, à construção de pontes, ao diálogo entre gerações, ao cuidado da natureza e à oferta de uma sólida esperança para os nossos jovens e crianças”, conclui o documento, lido por Monsenhor José António Teixeira Alves.

 

“A cidade nunca mais foi a mesma”

Na presença do Cardeal D. Américo Aguiar, antigo presidente da Fundação JMJ que coordenou o evento em 2023, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, encerrou a cerimónia com um discurso emotivo, onde recordou a intensidade dos dias da JMJ e a marca que o Papa Francisco deixou na cidade e nas pessoas.

“É difícil não estar comovido neste momento, porque este é um momento que nos traz recordações que mudaram as nossas vidas”, começou por dizer. “Lisboa passou seis dias de alegria, de momentos únicos que não vamos esquecer”, acrescentou.

Carlos Moedas agradeceu ao Patriarca de Lisboa e a todos os que colaboraram na organização da JMJ, desde as autoridades civis até às forças de segurança, proteção civil e voluntários: “Foram momentos de união da cidade, de união do mundo. Tivemos aqui um milhão e meio de jovens, quando ninguém acreditava que seria possível. E foi possível graças ao carisma de um homem: o Papa Francisco”.

Evocando a visita a Roma, onde se encontrou com o Papa, o autarca revelou: “O Papa Francisco agradeceu aos lisboetas. Disse: ‘Obrigado pelo sacrifício, pelo acolhimento, pelo que estão a passar para que tudo aconteça’. Hoje, em nome dos lisboetas, queremos nós agradecer-lhe. O Papa deixou uma marca enorme na nossa cidade, uma marca no mundo. Aqueles dias marcaram de forma irrepetível aquilo que a nossa cidade é: uma cidade de esperança”.

O autarca destacou também a dimensão simbólica do novo parque. “São 30 hectares de verde com que o Papa sonhou. Este altar-palco, tão falado na altura, é hoje um espaço único no mundo, um espaço de encontro para os jovens”, sublinhou.

“A mensagem do Papa Francisco era clara: o todos, todos, todos significa a capacidade de falarmos uns com os outros, de nos ouvirmos, de nos compreendermos. Era a paz. Era isso que ele representava”, concluiu Carlos Moedas. “Viva ao Papa Francisco, viva ao Parque Papa Francisco e que nunca esqueçamos aquilo que foi a mensagem que o Papa nos deixou!”, convidou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

 

Um nome, uma memória, um apelo ao futuro

O Parque Papa Francisco ocupa agora oficialmente a designação que perpetua o impacto da JMJ Lisboa 2023. Foram colocadas duas placas toponímicas – uma junto ao palco e outra na entrada sul, junto à ponte pedonal – e está previsto um mupi de grandes dimensões, cuja imagem final ainda está em fase de definição pela Câmara Municipal de Lisboa.

Originalmente uma lixeira – o aterro sanitário de Beirolas –, o parque foi inicialmente transformado num espaço verde multifuncional no âmbito da preparação para a JMJ Lisboa 2023. Tornou-se o principal palco da Jornada, acolhendo os momentos mais emblemáticos da visita do Papa Francisco a Portugal, incluindo a Vigília e a Missa de Envio. O espaço foi pensado para permanecer como legado, permitindo à população usufruir de áreas verdes, de lazer e de ligação entre os concelhos de Lisboa e de Loures.

Mais do que um nome, o Parque Papa Francisco torna-se um sinal visível da memória viva de um acontecimento que transformou a cidade e tocou o coração de milhões de pessoas em todo o mundo.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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