Lisboa |
Procissão e Missa no Bairro do Zambujal
“Pratica um ato de amor como São José praticou tantas vezes”
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O Patriarca de Lisboa assinalou no Bairro do Zambujal, em Alfragide, o último dia de luto oficial “pelo saudoso Papa Francisco”, na manhã deste Domingo, dia 4 de maio. Na Festa de São José, D. Rui Valério convidou a “não ter vergonha de abrir o coração ao teu padroeiro”.

“Estamos no último dia destes nove dias de oração, de comunhão profunda com o saudoso Papa Francisco, ao qual sentimo-nos unidos pela oração, pela fé e pela esperança na ressurreição. Mas sobretudo, caras irmãs e irmãos, é um dia de festa para nós. É um dia em que vamos agradecer e louvar o Senhor por todos os dons. Um deles é a chuva, mas vamos-Lhe agradecer também o sol, vamos-Lhe agradecer a vida, vamos-Lhe agradecer o dom das mães, vamos-Lhe agradecer o dom da fé. Nestes últimos dias, temos sentido a saudade do Papa Francisco, por isso vamos-Lhe agradecer o dom da esperança, que é um dom que nos faz olhar em frente para o futuro, para acreditar na vida eterna. Mas vamos-Lhe agradecer, caras irmãs e irmãos, o dom de cada um, de cada vizinho, de cada familiar, de cada conterrâneo, de cada irmão e de cada irmã que nós encontramos, aqui, na nossa terra. Quanto é belo a vida, quanto é belo ser cristão e quanto é belo podermos vir, junto a este altar de Eucaristia, para dizer um grande, infinito, maravilhoso obrigado a Deus por tudo quanto nos deu”, salientou o Patriarca, na saudação inicial da Missa campal na Festa de São José, padroeiro do bairro.

Antes destas palavras de D. Rui Valério, o responsável pela comunidade cristã do Zambujal, Padre José Matias, lembrou todas as mães e apelou ao espírito de fraternidade entre todos. “A nossa festa, em honra de São José Operário, é um convite à solidariedade e compromisso pela dignidade do trabalho. Estamos no terceiro Domingo da Páscoa e celebramos também, neste primeiro Domingo [de maio], o Dia da Mãe. Recordaremos e rezaremos, nesta Missa, por todas as mães. O dia de hoje deve contribuir para continuar a fortalecer, em todos nós, o espírito de proximidade e da fraternidade, para assim podermos testemunhar, na simplicidade das nossas vidas, a alegria de sermos cristãos nesta grande família”, referiu o sacerdote dos Missionários da Consolata, enaltecendo ainda a presença do Patriarca de Lisboa, “a quem acolhemos com alegria”.

 

Viver para os outros

Depois de ter estado no Bairro do Zambujal no passado mês de novembro, noDia Mundial dos Pobres 2024, D. Rui Valério voltou a estar com esta população na festa do padroeiro. “Neste Dia da Mãe, estar a celebrar São José, o nosso padroeiro – padroeiro significa, ao mesmo tempo, protetor, mas também pai –, é uma coincidência providencial. Aquilo que nos dá força e estímulo para abrir o coração e a alma a São José é a certeza de que ele nos escuta, de que São José tem tempo e disponibilidade para nós, está disponível a ouvir o que lhe queremos dizer, está disponível a acolher aquilo que é a confissão da nossa alma, a abertura do nosso coração”, garantiu, na homilia.

Perante autarcas da Câmara Municipal da Amadora e da Junta de Freguesia de Alfragide, o Patriarca de Lisboa enalteceu como “São José, ao longo da sua vida, viveu sempre não para si, não em função de si, mas viveu sempre para os outros”. “Primeiro, foi quando foi chamado a ser pai adotivo de Jesus e passou a viver para a família. Inclusivamente, emigrou, foi para um país estrangeiro. Para quê, para se salvar a ele? Não, para salvar a sua amada família onde estava Jesus, o Menino Jesus. Depois, foi trabalhador e também aí foi pedido ao carpinteiro de Nazaré que aquilo que fizesse, as obras que realizava, não fossem só para seu proveito, mas Deus estabeleceu um carpinteiro para colaborar, para ser colaborador do trabalho e da ação de Deus. São José carpinteiro foi colaborador de Deus, portanto, não em função de si, mas em função de Deus. E para finalizar este retrato de São José, nosso padroeiro, uma história a propósito do nosso saudoso Papa Francisco que, por diversas vezes disse que tinha no seu quarto uma imagem de São José a dormir – nós todos conhecemos essa imagem. O saudoso Papa Francisco dizia que quando tinha, na cabeça, um problema ou uma preocupação mais difícil, escrevia a preocupação num papelinho e, depois, à noite, colocava por baixo de São José, para que São José intercede e o ajudasse. O Papa Francisco dizia que foram muitas as vezes em que São José ouviu a sua prece, por isso, cara irmã e caro irmão, neste dia, não tenhas vergonha de abrir o teu coração ao teu padroeiro. Ele está para te acolher, para te compreender. Ele é um homem de família, é um santo de trabalho. Por ele nós aprendemos que aquilo que fazemos, seja nas nossas casas, seja nas oficinas, seja no escritório, seja, enfim, nos nossos locais de trabalho e comércio, seja onde for, é sempre para santificar o mundo com o nosso trabalho, com o nosso louvor”, destacou.

 

Praticar atos de amor

Nesta celebração festiva no Bairro do Zambujal, D. Rui Valério referiu ainda que o padroeiro da comunidadeensina também “a arte da fé”, e convidou a um gesto particular. “São José foi alguém que foi capaz de obedecer à voz de Deus quando escutou, do Senhor, que tinha sido escolhido para ser o pai adotivo de Jesus, seu Filho, quando escutou de Deus que o queria como seu colaborador, através do trabalho, através da ação. O Evangelho não contém uma única palavra que São José tenha dito, porque é um homem de trabalho, é um homem para quem vale mais um pequeno gesto do que mil palavras. Cara irmã e caro irmão, pratica um ato de amor como ele praticou tantas vezes, não só para com Nossa Senhora, para com Jesus, mas para com os seus conterrâneos”, convidou.

Considerando ainda que “a Igreja está a viver um tempo singular”, na antecâmara da eleição do Sucessor de Pedro, o Patriarca de Lisboa lembrou, no final da sua homilia, São Pedro e São José. “São grandes admiradores de Jesus, ambos são trabalhadores – um na faina do mar, o outro da faina da carpintaria –, mas aquilo que os identifica é o amor com que faziam, como praticavam, a sua função. Cara irmã e caro irmão, não há nada de mais belo do que encontrar um trabalhador que ama, que está apaixonado pela sua profissão. Porque quando se está apaixonado por aquilo que se faz, não é só pela arte do manejo das mãos, significa que, pelo trabalho, eu me sinto próximo dos outros, eu me sinto a colaborar para o bem também dos outros, eu sinto-me parte de promover o bem de toda a comunidade”, terminou D. Rui Valério.

 

Flores

No momento de ação de graças, as crianças da catequese do Bairro do Zambujal distribuíram flores. No final, o Patriarca de Lisboa destacou o gesto. “As nossas crianças da catequese o que nos quiseram dizer foi que, da mesma forma que um jardim é formado por tantas flores, o mundo só é um jardim pela presença das mães. As mães são verdadeiramente as flores do universo, as flores do mundo, porque dão beleza, porque dão um sabor, um perfume à vida e, sobretudo, porque é por elas que a vida continua. Esta vida que vem de Deus e que é transmitida sobretudo pelas mães, sem esquecer, obviamente, os pais”, salientou D. Rui Valério, que abençoou as mães presentes na celebração.

 

Procissão pelas ruas do bairro

A Festa de São José teve início com a procissão pelas ruas do Bairro do Zambujal. Em consonância com o apelo do Papa Francisco a uma Igreja que vai até às periferias, o Patriarca de Lisboa prestou assim homenagem ao legado do Papa argentino, falecido no passado dia 21 de abril, aos 88 anos, e dirigiu a Deus orações por este momento particular da vida da Igreja, especialmente pelos Cardeais que vão eleger o novo Papa a partir de quarta-feira, dia 7 de maio.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Patriarcado de Lisboa
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