O Patriarca de Lisboa rezou pelas melhoras do Santo Padre. “É forte o nosso desejo da rápida recuperação do Papa Francisco”, frisou D. Rui Valério, na Missa de agradecimento “pelo ministério, pelo trabalho, pela dedicação” de D. José Miguel Pereira, membro do presbitério de Lisboa que o Papa nomeou Bispo da Guarda.
“É belo e sentimo-nos bem que, num contexto e clima de tanta proximidade, de tanta familiaridade como a que estamos a viver, nos sintamos parte de uma comunidade maior que é a comunidade da Igreja universal. A circunstância de colocarmos no coração das nossas preces a saúde do Papa Francisco como que abre e escancara os nossos corações, o nosso olhar para um horizonte maior. Maior porque é como se no coração de cada uma e de cada um de nós pulsasse, neste instante, o próprio coração da Igreja. É forte o nosso desejo da rápida recuperação do Papa Francisco. Assim como elevamos ao Senhor um hino de louvor e gratidão pelo ministério, pelo trabalho, pela dedicação do nosso irmão D. José Miguel como formador, como pertencente a este presbitério de Lisboa e que, na disponibilidade ao sopro do Espírito, é enviado também, de certa maneira, levando cada um de nós consigo para continuar essa faina de sementeira noutra diocese”, manifestou o Patriarca, na homilia da celebração que teve lugar no final da tarde desta quarta-feira, dia 26 de fevereiro. A Missa de agradecimento dos padres de Lisboa ao seu colega sacerdote teve lugar no Seminário de São José de Caparide, no Estoril, o lugar onde, em 1996, D. José Miguel Barata Pereira iniciou o seu ministério sacerdotal ao serviço da diocese. Nesta casa de formação, e perante algumas centenas de jovens e famílias com crianças, D. Rui Valério pediu orações pelas vocações. “É belo a circunstância de nos podermos reunir, os seminários do Patriarcado de Lisboa, para, numa atitude de gratidão e de súplica, continuar a pedir ao Senhor trabalhadores para a sua messe. Por isso, realmente realiza-se aquela palavra de que o tudo da Igreja se torna presente neste humilde fragmento que é o nosso Patriarcado de Lisboa”, frisou. Comunhão Na presença dos três Bispos Auxiliares de Lisboa, D. Nuno Isidro, D. Alexandre Palma e D. Rui Gouveia, mas também do Bispo Emérito Auxiliar de Lisboa, D. Joaquim Mendes, e do Bispo Emérito de Beja, D. João Marcos – que pertenceu à equipa formadora do Seminário dos Olivais –, além de diversos sacerdotes e diáconos permanentes, o Patriarca sublinhou ainda, na sua reflexão, o que considera “o grande desafio da evangelização de hoje”. “É acreditar, é aceitar e é ter este olhar de Cristo, este olhar sapiencial de Jesus que é capaz de abraçar com as mãos e com o coração da reconciliação todas as realidades, todo o mundo, em que, a um certo ponto, já não existe o ‘fora’ e também não existe o ‘dentro’, o ‘aqui’ e o ‘além’ e quase que já não existe o ‘nós’ e o ‘eles’, mas aquilo que existe é um grande e incomensurável ‘nós’. Este é o desafio que nos é lançado como Igreja: construir e plasmar um mundo de acordo com este critério de o ‘Nós’, com letra maiúscula. Que Deus, na sua sabedoria e providência nos ilumine”, pediu. Na celebração promovida pelos seminários do Patriarcado, a última palavra de D. Rui Valério teve como foco a comunhão. “Que prevaleça nos nossos corações e na nossa vida uma incomensurável e infinita comunhão: comunhão com Deus, comunhão uns com os outros, comunhão com o mundo e hoje, particularmente, comunhão com os nossos seminaristas, os seminários e sua equipa formadora, comunhão com o D. José Miguel, comunhão com o Papa Francisco a quem, repito, nós rezamos para as suas rápidas melhoras”, terminou. Antes da bênção final, o Patriarca de Lisboa voltou a apelar à comunhão: “Permitam-me reforçar este espírito de comunhão com o Santo Padre, com os seminários e com D. José Miguel e, aqui, particularmente, fazendo presente a Diocese da Guarda”. “Tu és desta Igreja” Após a Missa, teve lugar o jantar volante e a sessão convívio, com diversas apresentações, tendo como enfoque o Bispo eleito da Guarda. D. José Miguel Pereira, de 53 anos, foi reitor do Seminário Maior de Cristo Rei do Olivais desde 2011 até este dia 27 de fevereiro, data em que o ‘seu’ vice-reitor, Cónego Nuno Amador, lhe sucedeu no cargo. “Querido Padre ‘Zé’, Senhor Cónego José, agora D. José, como vês, é com muita alegria, mas também já com alguma saudade, que nós fazemos esta festa. Creio que é muito bonito podermos estar aqui, hoje, tantos, tanta gente, de tantos lados, de tantas proveniências, e creio que isso tem duas razões: a primeira razão é porque tu és desta Igreja, tu pertences aqui, foi a Igreja que te gerou, foi a Igreja que te fez crescer, foi a Igreja que te ordenou, foi a Igreja que te enviou, que te deu a missão, é a Igreja que agora te envia; mas pertences aqui a esta Igreja de Lisboa, tu és dela, tu és nela e ao longo destes últimos anos foste para ela. Que agora possas ser também, para o lugar onde vais, todo entregue e todo dedicado aí. A segunda razão de estarmos aqui é porque de facto, ao longo destes anos, foste tocando muitas vidas e muitos corações, em tantos lugares, de tanta maneira. Foste pai para muitos, pai na fé, foste irmão no caminho, foste amigo também em todas as horas. Creio que todos reconhecemos ao Padre ‘Zé’ aquele sinal de Deus, aquela marca de Deus que nos toca o coração e que nos acompanha, conhecendo os nomes, as vidas, as histórias”, destacou o Cónego Nuno Amador, numas breves palavras no final do convívio. Este sacerdote deixou ainda uma palavra sobre a “nova missão” de D. José Miguel. “Todos sabemos que o Padre ‘Zé’ tem o coração ao pé dos olhos, às vezes, e se emociona facilmente, tem um coração quente e grande – se calhar é mesmo por isso que o Senhor te manda para a Guarda, uma terra fria, para poderes ser, também aí, um coração quente, um lugar afetivo, o sinal de um Deus que é bom e que está próximo. Que possas ser isso, também, para as pessoas que agora te serão confiadas”, desejou o Cónego Nuno Amador. “Que Lisboa continue a ser sinal da caridade de Deus” O homenageado começou por agradecer a presença de tantas pessoas nesta festa no Seminário de Caparide. “Esta agora é a parte mais difícil… hesitei muito se havia de preparar alguma coisa ou não, achei que não devia, mas olhando para tantos de vós, na Missa, tive oportunidade de ir olhando, de ir rezando e lembrar todos e cada um: os que puderam estar e os que não puderam estar fisicamente, por várias razões. Os primeiros que eu queria lembrar são os que não estão aqui, pedindo perdão se, porventura, no meu ministério, eu fui causa de afastamento, fui causa, por incapacidade ou por desatenção, de alguma ferida que os tenha afastado d’Aquele que é o amor das suas vidas. E também lembrar muito aqueles que, por alguma razão, cruzaram, no Pré-Seminário ou no Seminário, a minha vida e que partiram para a Casa do Pai muito cedo. Esses são os primeiros que eu quero lembrar, além de todos os outros próximos – à cabeça, a minha mãe, que também já lá, acredito, intercede por nós”, salientou D. José Miguel Pereira. O agora antigo reitor do Seminário dos Olivais destacou ainda dois nomes que muito contribuíram para o atual Seminário de Lisboa. “Nós somos ‘anões’ aos ombros de ‘gigantes’. Hoje o Senhor D. José Policarpo faria anos, e muitos outros – mas com ele à cabeça e também o Padre Joaquim da Conceição Duarte – sonharam e pensaram o modelo de seminário de que nós somos herdeiros. Claro que o primeiro de todos é Monsenhor Pereira dos Reis e o Padre ‘Zé’ Ferreira, que nos partilhou essa intuição, mas o modelo de seminário que nós temos em Lisboa e que tanto fruto tem dado, nestas etapas – uma etapa vocacional, num ambiente próprio, especialmente coração da diocese; e depois uma etapa pastoral, com ritmos gradativos – foram sonhados, de modos diferentes no seu tempo, mas foram sonhados por D. José Policarpo e pelo Cónego Joaquim da Conceição Duarte”, destacou. “Acredito que essa é uma das razões pelas quais a Diocese de Lisboa continua a ter, hoje, vocações várias e vocações ao sacerdócio. Esta também foi uma oração que fiz hoje na Missa: o nosso seminário de Lisboa, nas suas diferentes etapas, o cuidado de tantos e tantas que aqui que trabalham pelas vocações, a começar pelas equipas formadoras de padres, os meus mestres – alguns ainda vivos, outros já partiram –, aqueles que partilharam comigo, ao longo destes 28 anos e meio, as equipas formadoras, aqueles que vão dar continuidade. Rezemos muito por eles e eu tenho muito presente, neste dia, nesta hora, todo este caminho e peço a Deus que Lisboa continue a ser sinal da caridade de Deus que acolhe indistintamente, porque são todos iguais, todos filhos amados por Deus, venham de onde vierem, que proveniência tenham. Que Lisboa continue a ser este lar que nos ensina o caminho para a Casa do Pai. E também no seminário, na formação dos pastores, Lisboa possa ser este seminário assim”, acrescentou. Unidos no Senhor A terceira palavra de D. José Miguel foi dirigida aos vários grupos eclesiais que acompanhou: “Na Missão Betânia, nas Missões País, no Projeto+, nas equipas de casais, nas equipas da ACEGE, nos agrupamentos de escuteiros, na comunidade da Brandoa, nas comunidades paroquiais, se algo de bom aconteceu é porque era Deus quem nos juntava. Se Ele agora nos ‘separa’, continuamos unidos no Senhor, no Corpo de Cristo, mas caminhemos os caminhos que Deus abre. Eu não vos troco, mas eu parto, levo-vos comigo, no Senhor continuaremos unidos, encontraremos outros modos de reunião, outros modos de encontro, mas sigamos os caminhos que o Senhor nos abre. É assim que eu parto e é assim que desejo que cada um de vós possa continuar a trilhar os caminhos que o Senhor abrir convosco. Com quem o Senhor vos der, com quem o Senhor vos oferecer e nós vamo-nos encontrando, com certeza, vamo-nos continuando a ver, havemos de matar saudades, mas havemos sobretudo de estar no Senhor. Porque, sabem, nunca se esqueçam: Deus é bom, é sempre bom, é mesmo bom. E quando parecer que não, Ele está próximo, Ele está perto, Ele sustenta, Ele abre-nos o caminho, Ele conduz-nos a Casa onde todos, um dia, nos encontraremos de novo”. A Ordenação Episcopal de D. José Miguel Pereira vai ter lugar na Catedral da Guarda, no próximo dia 16 de março, Domingo, às 15h30. O prelado vai assim suceder a D. Manuel Felício e tornar-se no 63.º Bispo da Guarda.![]() |
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