O Patriarca de Lisboa presidiu à Missa dos 25 anos da dedicação da Igreja Paroquial de Massamá, na manhã do passado Domingo, dia 16 de fevereiro, pedindo aos paroquianos para serem “o Cristo real, concreto, no teu emprego, na tua família, na tua escola”. D. Rui Valério falou ainda daquele templo como “um lugar onde prevalece a cultura da gratuidade”, porque “não há preço para a graça de Deus”.
“Esta igreja de Massamá, cujos 25 anos nós hoje celebramos, é a casa do Pai, é um lugar, portanto, de afetos, onde prevalece a cultura da gratuidade. Ninguém tem que pagar um preço, não há preço para a graça de Deus. Não há preço para aquilo que nós, dia após dia, momento após momento, aqui recebemos. Que poderá compensar a alegria de nos encontrarmos como família onde, entre nós, não existe a distinção de nenhuma espécie, nem de condição social, nem de estatuto, nem de cor da pele? Nenhum lugar, caras irmãs e caros irmãos, nenhum lugar é tão ecuménico, é tão universalista como uma igreja. Será dos poucos ondes em que o celebrante, do princípio ao fim, trata a cada um como irmão ou como irmã”, assinalou. Na presença de D. Nuno Isidro, Bispo Auxiliar de Lisboa que esteve nesta paróquia quando era diácono, e do vigário-geral e deão do Cabido, Cónego Francisco Tito, entre outros sacerdotes, o Patriarca apontou depois que na igreja de Massamá, como em “todas as outras”, deverá haver “um progredir, um realizar e um plasmar de uma cultura a partir da qual temos que configurar a cultura do tempo, a cultura da sociedade, a cultura da cultura”. “Esta cultura não pode ficar parada entre uma parede e a parede da sacristia. Temos que a levar para a sociedade, temos que a promover e fazer acontecer nos lares, nas aldeias, nas vilas, nas cidades, nos continentes, nas nações. Não há um preço que tenhamos que pagar, porque o amor é gratuito”, salientou D. Rui Valério. “Cristo real, concreto” Perante diversos antigos e atuais autarcas da zona, entre as quais Edite Estrela, presidente da Câmara Municipal de Sintra ao tempo da dedicação da igreja de Massamá – e a quem o pároco, Padre Luís Cláudio, agradeceu toda a colaboração –, o Patriarca de Lisboa lembrou ainda que os cristãos são “o corpo de Cristo na sociedade”. “Aceita, na humildade da tua existência cristã, que tu és chamado a ser o corpo de Cristo, ou seja, a ser o Cristo real, concreto, que lá no teu emprego, na tua família, na tua escola, aquele Cristo que tem uma palavra para quem está na solidão, aquele Cristo que tem um gesto de amor e de fraternidade para quem, enfim, só conhece exclusão. Nós somos a concretude de Cristo na sociedade”, observou. “Caras irmãs e caros irmãos, não permitam que o gnosticismo – que é um dos males que o Papa Francisco tem apontado para a nossa sociedade, esse gnosticismo que é tudo em abstrato, é tudo em teoria, é tudo assim muito nas nuvens – leve a melhor na nossa sociedade, porque aí então corremos o risco de Cristo ‘ser’ uma ficção. Mas Ele é uma pessoa viva, real, concreta. Tu, então, junto daqueles que mais necessitam, és aquelas mãos de Jesus que partilham pão, tu és aqueles lábios de Jesus que diz uma palavra de esperança e de alento, tu és aqueles ouvidos de Jesus que é capaz de escutar e de acolher o que outro tem para protestar e para dizer”, acrescentou. Numa igreja completamente cheia, D. Rui Valério reforçou depois que “ser corpo de Cristo é dar concretização e realismo a esta disponibilidade que Jesus tinha para o povo, para as pessoas, para as atender”. “Tu és os olhos de Jesus para vislumbrar, nas dificuldades do dia a dia, sinais de promessa e de esperança. Nós somos o corpo de Jesus. A partir deste templo, que é o corpo de Cristo, a partir deste templo em que se reúne o corpo místico de Jesus, então nós temos essa realização concreta, para todo nosso sempre”, frisou. Laboratório da esperança As últimas palavras do Patriarca de Lisboa na sua homilia foram de agradecimento. “Digam-me lá, irmãs e irmãos, se 25 anos volvidos desde aquele histórico dia em que o D. José Policarpo, já na altura com o Padre Luís Cláudio, aqui procedeu à consagração desta igreja, é ou não é uma bênção, mas uma bênção de primeira categoria, em Massamá, esta igreja? Claro que é! Estamos agradecidos ao Senhor e, neste dia, não podemos não evocar aqui, em jeito de memória, mas sobretudo de saudade, todas e todos aqueles que muito contribuíram, com o seu esforço, com a sua dedicação, com a sua dádiva para o erguer-se deste tempo. Façamos memória e rezemos por eles, para que o Senhor os acolha no seu reino glorioso”, pediu. Neste sentido, D. Rui Valério lembrou ainda palavras do Papa Wojtyla. “Como recordava a seu tempo o Papa São João Paulo II, onde existe memória também existe esperança, onde existe sentido do passado também existe vontade de construir o futuro. É por isso que a igreja de Massamá além de ser já, enfim, uma maravilhosa pérola que já leva 25 anos – as bodas de prata, portanto –, é sobretudo, e quer ser, sobretudo neste ano jubilar, um laboratório da esperança, onde nós, a partir daqui, nos mobilizamos para construir o mundo e a sociedade ao jeito daqueles valores, daqueles princípios, daquela cultura que aqui é desenvolvida, transmitida e vivida: tudo a partir de Deus, tudo a partir de Cristo”, apontou o Patriarca de Lisboa, na celebração dos 25 anos da consagração da igreja de Massamá, na Vigararia da Amadora. O convite a uma visita surpresa Pároco de São Bento de Massamá há 36 anos, o Padre Luís Cláudio garantiu, no final da celebração, que era “com muita alegria” que a paróquia recebia a visita do Patriarca de Lisboa. “Não agradeço a sua presença, porque ao Bispo não se agradece, é uma obrigação do Bispo visitar as comunidades, mas estamos cheios de alegria porque a presença de Vossa Eminência é sempre o momento de confirmar a nossa comunidade na fé. A visita dos apóstolos às comunidades eram sempre momentos de grande alegria na Igreja primitiva, e é exatamente também para nós, agora, com a mesma alegria que temos o Senhor Patriarca a confirmar a nossa fé”, referiu. O sacerdote desafiou depois D. Rui Valério a fazer uma visita surpresa a Massamá. “Quando Vossa Eminência quiser, passe pela comunidade. Porque hoje é festa, mas um dia que lhe apeteça, apareça de repente para ver a realidade da comunidade. É outro sentir, Senhor Patriarca”, desafiou o Padre Luís Cláudio. A festa dos 25 anos da dedicação da igreja de Massamá teve início, antes da Missa, com a atuação da Banda Filarmónica São Bento de Massamá, a que se seguiu o descerrar de uma placa comemorativa da efeméride, por parte do Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, que está situada no adro da igreja, com a inscrição em latim ‘hic enim tibi templum quod nos sumus aedifica’ (‘Aqui edificais o vosso templo que somos nós’).![]() |
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