Lisboa |
D. Rui Valério
Mensagem de Natal do Patriarca de Lisboa
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Boa noite!

A todos desejo um Santo e Feliz Natal!

Que maravilhosa capacidade esta, de fazer de cada «outro», de cada «ele», um «TU», uma pessoa. Por isso, o Natal ultrapassa barreiras e divisões, e resolve diferenças culturais, raciais, religiosas e, até, linguísticas, num encontro com alguém que é sempre «alguém», pessoa, não um anónimo, mas que tem rosto, tem história, tem dignidade. Como o Natal inaugurado pela criança do presépio de Belém. Ninguém é desconhecido para ninguém, mas um «tu» que é amigo, que se torna interlocutor e destinatário de uma palavra, de uma saudação, de um gesto que revela solidariedade e oferece razões de viver.

Somos constituídos peregrinos, nómadas e parceiros num caminho do Natal que é de Luz, de Paz, de Esperança e de Serviço.

Natal é caminho de Luz. A luz brilha nas trevas e mostra-nos que a vida desponta em lugares improváveis: no tempo inaugural foi num curral e numa manjedoura, materialização de não-aceitação, de repúdio; hoje esses lugares improváveis são as ruínas da guerra, as bermas das estradas, lar de tantos pobres e de Sem-Abrigo. O Natal permite-nos descobrir que em cada rosto, por mais sofrido que seja, há uma pessoa, sujeito de dignidade incomensurável.

Natal é caminho de Paz, porque aproxima todos os homens e mulheres, reunindo-os por um mesmo ideal de humanidade que enxerga na dignidade de cada homem o alicerce dos valores da vida, da justiça, da fraternidade e da liberdade. Mas também oferece um horizonte de plenitude e transcendência radicado em Deus. Por isso, deve renovar-se a súplica pela paz na Ucrânia, na Terra Santa, lugar onde Jesus nasceu, na República Centro Africana e em tantas outras geografias, onde Jesus quer instaurar o caminho da civilização do amor e do encontro.

Natal é também caminho de Esperança: Aquele Menino do Presépio faz com que cada fragmento da existência nunca seja fruto do acaso, nem uma ameaça, mas tudo Ele transforma em promessa. Que cada instante, cada circunstância da vida pessoal, ou familiar, seja como uma semente de onde irrompe uma vida nova e de onde surgem novos caminhos de promessa e de esperança. Podemos aqui evocar o poema da grande poetisa Sophia de Mello Breyner:

Apesar das ruínas e da morte,

Onde sempre acabou cada ilusão,

A força dos meus sonhos é tão forte,

Que de tudo renasce a exaltação

E nunca as minhas mãos ficam vazias.

Jesus nasceu no Presépio e não num lugar aconchegante. À sua volta não tinha todos os cuidados, nem um berço preparado, nem a assistência básica dos nossos dias, contudo, isso não impediu que no meio de um lugar improvável emergisse a vida. O Natal tem uma força transformadora, que é capaz de tornar lugares de ruína e morte em lugares de vida. E isso continua a acontecer hoje.

Natal é ainda caminho de Serviço. O Menino do Presépio é Aquele que veio ao mundo, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pela humanidade. Foi uma vida que se doou por amor, sem reservas e gratuitamente com o único intuito de nos restituir a plenitude do que é ser homem ou mulher. Na oferta de si, restabelece o sentido profundo e originário da nossa identidade que se realiza não no ter, nem no fazer, nem tão pouco no ser, mas em Deus.

Natal, é antes de tudo um acontecimento do qual surge um projeto: o de unir como irmãos todos os homens e mulheres; o de revelar que a verdade de cada um, o sentido da existência é Deus. Por isso, celebramos um hino ao amor, à fé e à esperança.

 

Do fundo do coração, votos de Santo e Feliz Natal para todos!

† RUI, Patriarca de Lisboa

 

 

A Mensagem de Natal do Patriarca de Lisboa foi transmitida, no dia 24 de dezembro, pelas 21h00, na RTP 1 e na Renascença

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