Pela sua Saúde |
Boletim médico #49
Conservar a saúde dos olhos
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Desde tenra idade, é fundamental incluir as consultas de Oftalmologia nas rotinas médicas familiares. Em idade pediátrica, um problema de visão pode não ter qualquer sintomatologia. No entanto, pode comprometer a aprendizagem – e ter uma recuperação mais difícil – quando não diagnosticado atempadamente.

As crianças, caso sejam saudáveis e não tenham sintomas de doença, devem ser vistas pelo oftalmologista por volta dos três anos. No entanto, em crianças com histórico familiar de doenças oculares - nomeadamente, alta miopia, cataratas ou glaucoma congénitos - ou com outros problemas de saúde geral, é importante realizar um exame oftalmológico ainda durante o primeiro ano de vida, para detetar alterações que causem baixa visão. Também crianças com história de prematuridade, atraso no desenvolvimento, doenças genéticas e complicações perinatais têm maior risco de desenvolver problemas oculares mais precoces.

Durante a infância, a criança deve ser reavaliada entre os cinco e os seis anos, altura que coincide com a entrada na escola e com o atingir da acuidade visual máxima. Depois, a regularidade no acompanhamento vai depender de cada caso. Se não houver problemas do sistema visual, necessidade de uso de óculos ou história familiar, aconselha-se uma vigilância de rotina de dois em dois anos.

Ao longo de toda a vida, há rotinas que, individualmente ou em família, ajudam a uma boa saúde oftalmológica: uma boa alimentação, que inclua nutrientes como ácidos gordos ómega-3, luteína, zinco, vitaminas C e E, porque ajudam a prevenir o envelhecimento do olho e várias doenças; a adoção de estilos de vida saudáveis, com um acréscimo do tempo passado ao ar livre; o uso moderado de ecrãs eletrónicos; não ler no escuro e consultas regulares de Oftalmologia. A isto, há a juntar a utilização de óculos de proteção solar, sobretudo em atividades aquáticas e na neve, porque, além de garantir um maior conforto, ajuda a diminuir o risco de patologias como a catarata, a degenerescência macular associada à idade e tumores na pele das pálpebras.

Não são, no entanto, estas as patologias que levam as pessoas à consulta de Oftalmologia, nas duas primeiras décadas de vida. A ambliopia, também conhecida por “olho preguiçoso”, os erros refrativos - que incluem a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo - e o estrabismo são as patologias mais frequentes nas crianças e adolescentes.

Com o avançar da idade, algumas alterações nas funções do olho podem levar a que surjam novas queixas, havendo também o aumento do risco do aparecimento de alguns problemas, como é o caso da presbiopia - um problema fisiológico da idade, que surge sobretudo depois dos 40 anos, que faz com que o cristalino (uma lente natural do olho) se torne mais rígido e por isso menos capaz de focar ao perto. Também as cataratas, que se traduzem numa visão cada vez mais turva e enevoada e cujo tratamento é exclusivamente cirúrgico, são causadas por alterações na mesma estrutura: o cristalino, que é transparente, torna-se mais amarelado e depois acastanhado. Outras doenças associadas ao envelhecimento são a degenerescência macular e o glaucoma. Com a idade, também os músculos e os tecidos que permitem o movimento das pálpebras perdem força, conduzindo a uma série de outras patologias.

Um acompanhamento diferenciado e centrado nas necessidades de cada elemento da família pode fazer a diferença. Adaptar o tratamento às características de cada um permite otimizar o diagnóstico, a prevenção e o tratamento. Hoje, existe uma subespecialização dentro da área de Oftalmologia, dependendo da estrutura anatómica afetada, que conduz a um diagnóstico mais eficiente e a um tratamento mais diferenciado, com melhores resultados. Além do mais, centrar o cuidado no doente é também promover a educação para a saúde, fundamental para que este desenvolva os conhecimentos necessários e aumente a confiança para tomar decisões informadas.

Nos últimos anos, têm-se registado avanços que vieram revolucionar a forma como as doenças oculares são abordadas, com ganhos notórios na qualidade de vida das famílias. No diagnóstico, temos a tomografia de coerência óptica (OCT) e a angiografia por OCT, que têm desempenhado um papel fundamental na doença do glaucoma e doenças da retina, como a retinopatia diabética e a degenerescência macular ligada à idade. Já no que toca ao tratamento, é a terapêutica com injeções antiVEGF (fator de crescimento endotelial vascular) que tem revolucionado o tratamento de doenças da retina.

Além disso, as cirurgias oculares minimamente invasivas, como a cirurgia a LASER, as técnicas de microincisão e os microimplantes para reduzir a pressão intraocular, proporcionam recuperações mais rápidas e previsíveis e menos complicações na cirurgia refrativa, de retina, de catarata e de glaucoma.

Houve ainda avanços no desenvolvimento de lentes intraoculares. Na miopia, uma preocupação crescente a nível mundial, o desenvolvimento de lentes de óculos com uma tecnologia especial torna possível impedir a progressão da miopia nas crianças.

 

Cláudia Loureiro
Oftalmologista no Hospital CUF Santarém

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