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Boletim médico #45
Os videojogos podem ser nocivos para as crianças?
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Um terço das crianças está em risco de se tornar dependente de videojogos, uma condição que afeta quase 4% das crianças, embora ainda não tenha um diagnóstico definitivo.


Se, no passado, o verão era sinónimo de brincar na rua, ir à praia e fazer piqueniques, hoje em dia as novas tecnologias assumiram uma importância avassaladora na ocupação dos tempos livres. Particularmente, no caso dos mais jovens, que durante as férias se sentem com frequência tentados a passar o dia em redor dos ecrãs ou agarrados aos videojogos.

Atualmente, existe um número elevado de crianças e adolescentes que passam horas em excesso a jogar e que estão em risco de desenvolver dependência de videojogos. Segundo um estudo conduzido no Hospital CUF Descobertas, que contou com a participação de 152 crianças do 6.º ano de escolaridade, cerca de um terço estão em risco de desenvolver dependência de videojogos e 3,9% já se encontram mesmo dependentes.

O excesso de videojogos leva a um isolamento social progressivo, exclusão de atividades sociais importantes e diminuição do leque de interesses e experiências. Além do impacto que esta realidade pode causar do ponto de vista do desenvolvimento e crescimento, o isolamento das crianças também as afasta dos momentos de partilha e comunicação em família, sem os quais é difícil os pais exercerem o seu papel de educadores ativos que conhecem os problemas, atividades e preocupações da criança.

 

O papel dos pais

De modo a contrariar o espaço que, cada vez mais, os videojogos ocupam nas vidas das crianças e dos adolescentes, é necessário que os pais comecem por dar o exemplo e façam eles próprios um uso moderado dos dispositivos tecnológicos. Porque não experimentar, por exemplo, desligar a televisão durante as refeições de modo a fomentar o diálogo em família?

Além disso, é fundamental garantir que há tempo e disponibilidade para outras atividades fundamentais, como exercício físico, tempo com os amigos, estudo, leitura, etc. No período das férias, as atividades devem ser planeadas com antecedência, tendo em conta as preferências dos mais novos: é importante estimular atividades desportivas, procurar grupos de jovens que partilhem gostos ou hobbies, aumentar encontros com colegas de escola e promover atividades com amigos ou familiares que estejam desocupados.

 

Preocupações com a violência

As preocupações com os videojogos vão além do isolamento social. As questões levantadas relativamente à possibilidade de a violência apresentada poder originar perturbações no desenvolvimento da sociabilização das crianças, ou até mesmo psicopatologias, também são pertinentes. Não sabemos exatamente se esta exposição poderá ter efeitos nefastos, mas preocupa que possa dessensibilizar a criança para o sofrimento de terceiros, reduzindo a capacidade de empatizar com os outros. Convém referir, no entanto, que ainda não existem resultados conclusivos que justifiquem esta preocupação.

Embora os seus efeitos não estejam totalmente esclarecidos, é importante estar atento a sinais de excesso de utilização de videojogos e comportamentos aditivos.

 

Sinais que podem indicar dependência de videojogos

  • Excesso de preocupação com os videojogos
  • Irritabilidade, tristeza ou ansiedade quando não pode jogar
  • Aumento gradual do tempo passado a jogar
  • Incapacidade de parar de jogar
  • Desistência de outras atividades em favor dos videojogos
  • Tendência em mentir sobre o uso de videojogos
  • Necessidade de jogar para melhorar o humor
  • Insucesso ou absentismo escolar
  • Indiferença ou apatia perante os problemas associados

Aconselho os pais a definirem regras quanto ao tempo passado a jogar videojogos, explicando-as de forma clara aos jovens, para que não haja espaço para equívocos. Nomeadamente, devem evitar que as crianças mais pequenas joguem, limitar o número de horas passadas a jogar, impedir que os videojogos interfiram com outras atividades, promover pausas frequentes e intercalar o jogo com atividades em família.

 

Hugo de Castro Faria
Pediatra - Coordenador do Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas

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