Pela sua Saúde |
Boletim médico #44
O que é motivo para procurar o médico?
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É importante avaliarmos regularmente o estado da nossa saúde, mesmo quando não temos sintomas alarmantes e sentimo-nos bem. Recordo três histórias, escolhidas no meio de tantas outras, onde o impacto de procurar o médico foi muito positivo.

 

O médico é o pilar da saúde dos doentes. É principalmente ele que trata as doenças, promove a saúde e bem-estar do doente e o acompanha em todas as fases da sua vida. A Medicina Geral e Familiar é a especialidade basilar dos cuidados de saúde. Pela abrangência da sua prática clínica, é frequentemente a primeira especialidade à qual o doente recorre, encontrando-se numa posição privilegiada para atuar, não só pela relação de proximidade com o doente, mas também pela capacidade de relacionar aspectos clínicos, psicológicos e sociológicos.

O médico especialista em Medicina Geral e Familiar acompanha as pessoas desde o nascimento até à idade adulta, passando por fases importantes como a gravidez e o pós-parto. Tem uma abordagem holística e deve ser visitado com regularidade, por vários motivos, entre os quais porque realiza o acompanhamento de doentes com doenças crónicas (nomeadamente Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial, Dislipidemia, Doenças Respiratórias, como é o caso da Asma e da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, e Doenças Mentais, como a Depressão ou as Perturbações de Ansiedade, entre muitas outras).

E tantas outras razões consigo listar: é o especialista em Medicina Geral e Familiar que avalia o estado atual da saúde das pessoas, promovendo um estilo de vida saudável ao mesmo tempo que previne doenças, realiza rastreios oncológicos e trata doenças agudas, como infecções urinárias, amigdalites, gastroenterites, traumatismos e feridas; é também o responsável por encaminhar os doentes para as outras especialidades de cuidados de saúde, estabelecendo uma ponte e sendo o elo de ligação entre ambos.

Recordo-me de, há pouco tempo, ter recebido em consulta uma mulher de 45 anos, pela primeira vez, por queixas de amigdalite. Ao investigar a sua história clínica completa, verifiquei que não realizava o rastreio de cancro do colo do útero e da mama há algum tempo. Nesse mesmo dia, realizei a citologia ginecológica, mediquei-a para a amigdalite aguda e prescrevi exames mamários. Voltou à consulta pouco tempo depois, com os resultados: diagnóstico de cancro de mama, em fase inicial. Orientei-a rapidamente para consulta de Senologia e a doente foi tratada. Neste momento, continua a ser seguida nas especialidades de Medicina Geral e Familiar e Oncologia. Recorreu por uma queixa, mas o seu seguimento foi muito mais além e abrangente – não é este um bom exemplo dos motivos pelos quais devemos manter a nossa saúde vigiada?

Lembro-me também de um senhor de 57 anos que recorreu à consulta por queixas associadas ao sono. Não demorava muito tempo a adormecer, mas referia ter sono fragmentado, sensação de que o sono não tinha sido repousante e ressonava. Apresentava cansaço e sonolência diurna associados. Após observação, diagnostiquei-o com Obesidade e pedi-lhe um estudo poligráfico do sono noturno em ambulatório. Não só o mediquei para o tratamento da Obesidade, como também aconselhei medidas modificadoras do estilo de vida – nomeadamente consulta de nutrição, início de atividade física, aumento da ingestão de água e medidas de higiene do sono. Voltou à consulta com o resultado do estudo do sono, com diagnóstico de Síndrome da Apneia-Hipopneia do Sono (SAHOS) de intensidade grave. Já tinha perdido vários quilos no período de 2 meses. Mantive o acompanhamento da parte da Obesidade e referenciei o doente para consulta de Pneumologia, por forma a iniciar ventilação noturna com pressão positiva contínua (CPAP), para tratamento da SAHOS. Atualmente, o doente está controlado, quer da parte do peso, quer da parte respiratória. Mantém o acompanhamento multidisciplinar por parte da Medicina Geral e Familiar, Pneumologia e Nutrição.

São tantos os casos de que me recordo e que poderia partilhar, sensibilizando para a importância das rotinas de saúde, mas aqui deixo apenas mais um: uma senhora de 56 anos, vem pela primeira vez à consulta de rotina, mas refere queixas de cansaço e sensação de desmaio frequente (não chegando efetivamente a desmaiar). Tinha antecedentes pessoais de Hipertensão Arterial e Dislipidemia, para as quais já era medicada. Após exame objetivo exaustivo, decidi pedir, para investigação, análises, exames cardíacos e Tomografia Computorizada do Crânio. Nos exames cardíacos foi detetada uma alteração compatível com isquémia do miocárdio, razão pela qual a doente realizou posteriormente um cateterismo cardíaco programado. Continua o seu acompanhamento na consulta de Medicina Geral e Familiar e na Cardiologia, já sem sintomas e com maior qualidade de vida.

Ser especialista em Medicina Geral e Familiar é ter um papel ativo na vida dos nossos doentes. Eles confiam em nós e a nossa responsabilidade e dedicação para com eles é obrigatória. É uma especialidade maravilhosa, com todos os componentes e diversidade que apresenta, e é gratificante podermos perceber a diferença que conseguimos fazer na vida das pessoas, pela positiva. O mais importante para o médico é o seu doente e tenho a certeza que todos os médicos de Medicina Geral e Familiar se sentem orgulhosos da profissão que escolheram.

 

Sara Torres de Mendonça
Especialista em Medicina Geral e Familiar nas Clínicas CUF Montijo e CUF Almada

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