DOMINGO IV DO ADVENTO Ano B
“O Senhor anuncia
que te vai fazer uma casa.”
2 Sam 7, 11
Não temos, apenas, um corpo; nós somos, também, o nosso corpo. Este companheiro amigo, com o qual sentimos, comunicamos, amamos. Com o maravilhoso milagre da vida a crescer, mas também frágil e perecível, como tudo o que é criado e vive no espaço e no tempo. Dá-nos alegria e dores, projecta-nos para o invisível e faz-nos voltar sempre à contingência e ao limitado. Aqui, sem ele, nada somos.
Em torno de nós construímos esse “corpo maior” (K. Gibrain) que é a nossa casa. O espaço humano do afecto, da partilha, do repouso e do recolhimento. Por isso, o direito à habitação é básico para o ser humano. Não um espaço qualquer, mas o espaço, também sagrado, que permita o pleno desenvolvimento das nossas capacidades escondidas, e dos laços que nos fazem família. E se, há alguns tempos, a cidade parecia ser a salvação, sentimos haver hoje uma nostalgia de retorno às aldeias e aos campos, pelo menos em alguns momentos da vida. Vivendo tão juntos, uns sobre os outros, em selvas de betão armado ou em casas atafulhadas de coisas, falta-nos ar e horizonte. O que somos não tem também a ver com o lugar onde vivemos?
A intenção do Rei David até era boa: ele vivia num palácio e a arca da aliança ainda estava numa tenda?! Mas Deus rapidamente coloca as coisas no seu lugar. Julga David que vai fazer uma casa para o Senhor? Ele é que lhe vai construir uma casa (descendência). E dela virá o Salvador. Mas a que pequenez extrema desce Deus, quando o Seu Filho, Deus consigo e com o Espírito Santo, nasce numa gruta de animais, espaço dos pobres e dos desfavorecidos. Talvez para nos dizer que, para O encontrarmos é preciso baixarmo-nos como quando entramos na única porta da Basílica da Natividade em Belém!
Ao celebrarmos este ano os 800 anos da “invenção” do Presépio, pelo Irmão universal, S. Francisco de Assis, numa gruta em Greccio, podemos saborear as reflexões do Papa Francisco no seu recente livro, “O meu presépio”. Aquela primeira casa do Filho de Deus revela um sinal poderoso: a pequenez de Deus que, na casa do seu amor, quer acolher todos, sem excluir nem marginalizar ninguém.
As casas revelam o que nos vai no coração (assim como o nosso corpo, o olhar e os gestos revelam a alma). Mas o que conta é se nelas somos capazes de fazer comunhão e encontrar o Senhor da Vida. Aquele que nos prepara a casa junto do Pai. Que, para começar, habitou no meio de nós! E daí irradiarmos a esperança e a ternura! Feliz Natal cheio de Jesus Cristo para todos!
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