Domingo |
À procura da Palavra
“Escolhamos a vida”
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DOMINGO II DO ADVENTO Ano B
“Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas”.
Mc 1, 2

 

Preparar é uma tarefa árdua. Pressupõe a capacidade de sonhar, mas exige fidelidade a um trabalho que fica na sombra. Muitos desistem porque só valorizam o que se vê, outros fazem “em cima do joelho”, alguns avançam sem ter em conta a realidade. Quantas obras deram em nada porque foram mal preparadas? Quantos desastres poderiam ter sido evitados com uma preparação cuidada? E quanto avançaríamos se valorizássemos o trabalho que outros fizeram, em vez de destruir o que não tem a nossa assinatura?!

João Baptista e Isaías são figuras fulcrais do Advento. Identificam-se neste apelo à preparação dos caminhos do Senhor. Abertos no deserto e na estepe, aplanados e endireitados quando são tortuosos, são caminhos dentro da nossa alma e dentro da sociedade. Uns a exigirem os outros, porque é fundamental viver como se pensa; e todas as mudanças para uma sociedade mais humana transbordam de homens e mulheres mais humanos. Poucas coisas se mudam por decreto, e muito menos aquelas que mexem no fundo da alma. Aí só a liberdade de escolher o que melhor nos realiza é capaz de fazer mudança!

Nestes dias em que decorre a COP28, a Conferência sobre as alterações climáticas no Dubai, houve alguém que muito desejava lá ir e não pôde: o Papa Francisco. A carta “Laudate Deum” continha já a sua mensagem aos dirigentes das nações e a todos nós, neste tempo que já não pode ser de preparação, mas de acção. Foram suas as palavras que o Cardeal Parolin levou ao Dubai: “Infelizmente não posso acompanhar-vos, como desejaria, mas estou convosco, pela urgência da hora que vivemos. Estou convosco, porque, agora mais do que nunca, o futuro de todos depende do presente que escolhermos. Estou convosco, porque a devastação da criação é uma ofensa a Deus, um pecado não só pessoal mas também estrutural que recai sobre os seres humanos, sobretudo os mais débeis, um grave perigo que grava sobre cada um com o risco de desencadear um conflito entre as gerações. Estou convosco, porque a mudança climática é «um problema social global que está intimamente ligado à dignidade da vida humana» (Francisco, Exort. ap. Laudate Deum, 3). Estou convosco para formular uma pergunta a que somos chamados a responder agora: estamos a trabalhar para uma cultura da vida ou da morte? Com veemência, vos peço: escolhamos a vida, escolhamos o futuro!”

O baptismo no Espírito Santo de que fala João Baptista vem-nos por Jesus Cristo. Preparar os seus caminhos implica trabalho em conjunto, fidelidade à realidade, avaliação dos passos que outros já deram. O apelo final do Papa não nos pode deixar indiferentes: “deixemos para trás as divisões e unamos forças! E, com a ajuda de Deus, saiamos da noite das guerras e das devastações ambientais para transformar o futuro comum numa alvorada de luz.”

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